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600 especialistas se reúnem no Recife em torno do Urbanismo Social

Recife sedia o I Encontro Brasileiro de Urbanismo Social, que é considerado uma ferramenta de transformação territorial.
Ilha de Deus no Recife
Ilha de Deus: exemplo de Urbanismo Social no Recife/Foto: divulgação

Arquitetos, urbanistas, construtores e gestores públicos se reúnem por quatro dias no Recife para discutir aspectos inovadores do planejamento urbano. Desta terça (09) até sábado (12) a capital sedia I Encontro Brasileiro de Urbanismo Social: Cidades brasileiras em perspectiva. O evento acontece em diversos espaços, fechados e abertos e está com suas inscrições esgotadas. Desde seu surgimento em Medellín, na Colômbia, nos anos 2000, o interesse em torno do tema só cresce.

O Urbanismo Social nasceu da necessidade de se vencer o narcotráfico. Nos anos 90, o traficante Pablo Escobar dominava Medellín, a segunda maior cidade da Colômbia. Foi no início dos anos 2000, que teve início uma série de intervenções nas áreas violentas de Medellín, sempre com apoio da comunidade, que se fez ouvir.

As autoridades instalaram equipamentos públicos e soluções inovadoras nas comunidades mais carentes da cidade. Surgiram bibliotecas, parques, praças e complexos de educação, cultura e lazer. Áreas antes consideradas violentas e degradadas foram pacificadas. As favelas de Medellín ganharam identidade e suas comunidades se reconheceram como valiosas colaboradoras da pacificação. O movimento culminou com o recebimento do prêmio de “Cidade Mais Inovadora do Mundo” em 2013.

Cases do Recife

Durante o evento, Recife irá mostrar seus cases de urbanismo social. A Ilha de Deus, uma comunidade que vivia enfiada na lama e hoje tem ruas calçadas e casas de alvenaria, é um dos melhores exemplos de urbanismo social da capital.

A ilha fica no meio do manguezal da Zona Sul. No primeiro governo de Eduardo Campos ela teve seu nível elevado e recebeu uma série de obras que mudaram a realidade da comunidade, afastando bandidos do local. Hoje, a Ilha de Deus é um local pacífico, que atrai turistas e visitantes em busca de sua culinária.

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A rede de Centro Comunitário da Paz (Compaz) é outra iniciativa que está dentro do conceito do urbanismo social. Esses centros foram concebidos com foco na prevenção à violência, inclusão social e fortalecimento comunitário. Outro equipamento na cidade que passa por intervenções dentro dos princípios do Urbanismo Social é o Túnel do Pina, que estava em ruínas e vai se transformar em biblioteca com ações de inclusão digital para a comunidade promovidas pela prefeitura do Recife

O secretário executivo de Segurança Cidadã do município, Paulo Moraes, é um dos fundadores da Rede Brasileira de Urbanismo Social, entidade que promove o evento junto com a Agência Recife para Inovação e Estratégia (ARIES). Ele diz que o evento reunirá especialistas em urbanismo social de diversas regiões do país, lideranças populares, gestores públicos e trabalhadores de órgãos do terceiro setor, consultorias, negócios sociais, dentre outros.

“Os urbanistas tradicionais dizem que o urbanismo já é social, mas não é isso temos visto. O urbanismo não tem dado atenção às periferias e nosso olhar se volta principalmente para essas regiões”, explica.

Durante os quatro dias de encontro, serão discutidos temas relevantes para o urbanismo social no Brasil, como a existência de problemas relacionados ao déficit habitacional, as altas taxas de violência urbana nas cidades brasileiras, a questão da violência de gênero e contra a população LGBTQIA+, o racismo e a desigualdade de acesso a serviços básicos e oportunidades que as urbes podem e devem oferecer, inclusive numa dimensão subjetiva da vida social.

Medellín está na pauta do encontro. Entre os nomes confirmados para o evento estão Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura de Medellín/Colômbia, e Sérgio Fajardo, ex-prefeito de Medellín.

Além deles, Katia Mello, copresidente da Diagonal, empresa que conduziu os trabalhos de transformação da Ilha de Deus, Gustavo Leal, especialistas em Segurança Cidadã do PNUD/Uruguai, Tomas Alvim, coordenador do Laboratório Arq. Futuro de Cidades do Insper/SP, Tadeu Alencar, secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, e de Paula Mariano, subsecretária de Integração Social e Habitat do Instituto de Habitação do Ministério do Desenvolvimento da Argentina, entre outros.

“O encontro surge da necessidade de, a partir da atuação comprometida com agendas urbanas, atingir a redução das desigualdades a partir dos conceitos do Urbanismo Social, que é considerado uma ferramenta de transformação territorial”, afirma Paulo Moraes.

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