Investimentos da APM Terminals em Suape podem superar o anunciado

Após a fase de licenciamento e contratações, a empresa do grupo Maersk vai começar a se aproximar dos empresários da região para entender suas necessidades.
Área onde a APM Terminals instalará seu terminal de contêiner no Porto de Suape/Foto: divulgação APM

Os investimentos que a APM Terminals está fazendo no Porto de Suape, onde escolheu montar um terminal de contêiner orçado em R$2,6 bilhões, podem superar as projeções iniciais. A informação é de Leonardo Levy, Diretor de Expansão da APM Terminals para a América, que na última quinta-feira, concedeu entrevista exclusiva ao Movimento Econômico

“É nosso trabalho dar condições para que nossos clientes possam implementar as linhas de navegação. E não é apenas o novo terminal que vai garantir isso. É preciso ter condições adequadas de dragagem e que outros investimentos também aconteçam. E neste ponto de vista, o Grupo Maersk está bem posicionado para fazer alguns investimentos em outras áreas, como armazéns e câmaras frigoríficas para os municípios do Cabo de Santo Agostinho, Ipojuca e Jaboatão dos Guararapes, para que a operação se viabilize”, revela.

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Durante a entrevista, o diretor estava acompanhado de Santi Simone Casciano, líder de Desenvolvimento Comercial da América Latina, da APM Terminals. A conversa aconteceu durante um café da manhã, num hotel na zona sul da capital.

Diálogo com empresários

Na ocasião, os executivos explicaram que a empresa considera que dois fatores podem contribuir para a expansão dos recursos investidos em Pernambuco. O primeiro está relacionado com os próximos passos a serem dados: concluída a fase de licenciamento do projeto de instalação do terminal de contêiner e das contratações de mão de obra, a APM começará a se aproximar dos empresários da região.

“Estando agora cada vez mais próximo da comunidade local, certamente discussões com importadores e exportadores podem ajudar a identificar novas oportunidades ainda não foram percebidas em nosso plano de negócio, alterando e aumentando o perfil dos investimentos”, explicou Leonardo Levy, na entrevista concedida horas antes da solenidade que oficializou a chegada a APM a Suape, na última quinta-feira, 1º de setembro. 

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Leonardo Levy Foto divulgação APM Terminals
Leonardo Levy: novos aportes dependem da resposta do mercado/Foto: divulgação APM Terminals

O outro fator, depende do próprio desempenho do negócio. E neste ponto, as apostas são altas. Ao destinar R$ 2,6 bilhões ao projeto de Suape, a APM coloca o porto pernambucano em uma relevante posição em seu portfólio.  

“Nossa empresa tem por princípio investir antes de a demanda acontecer para garantir que haja mercado. Foi o que fizemos em Santos, Pecém e Itapoá”, diz o executivo. A aposta alta em Suape pode ser medida quando se comparam os investimentos realizados nos portos citados por Levy: R$ 500 milhões no Porto de Santos; R$ 150 milhões no Porto de Pecém e R$ 350 milhões em Itapoá, onde a empresa detém um terminal privado. 

Mais navios

Levy argumenta que quando armadores “têm acesso a uma operação mais estável, barata e eficiente, as linhas de navegação, quaisquer que sejam elas”, vão se interessar em trazer novas rotas. E segundo Santi Casciano, este é um processo natural. “A eficiência na operação também faz com que armadores mandem para Suape os navios que já possuem rotas locais, em vez de enviá-los a outros portos no Brasil”, diz Casciano.

Santi Simone Casciano/Foto: divulgação APM Terminals

Isso vai mudar a dinâmica da logística regional e ajudará a consolidar o porto pernambucano como hub regional. “E não estamos considerando apenas as cargas de longa distância. As operações de cabotagem nos interessam bastante”, acrescenta Casciano.

A movimentação na fase inicial deve alcançar 400 mil TEUs. “Isso vai permitir um aumento de 55% na capacidade de Suape, mas o terminal poderá ter novas fases. Vamos estudar o horizonte de possibilidades que virão com a resposta dos exportadores e linhas de navegação”, diz Levy.

Abrindo passagem

A empresa entende que ao dotar Suape de uma operação competitiva, com preços mais justos, equipamentos modernos, de última geração, 100% elétricos, e sobretudo alinhada com os compromissos de descarbonização, será capaz de abrir rotas para Ásia e atrair novas da Europa. 

A empresa espera zerar as emissões de carbono em 70% até 2030 e as emissões totais até 2040. “A APM Terminals tem o compromisso mais agressivo entre os operadores portuários”, diz Levy. De fato, significam dez anos antes do previsto pelo Acordo de Paris, do qual o Brasil e outros 174 países são signatários. 

Com navios transitando entre Brasil e Europa quase que diariamente, como se prevê, o porto pernambucano verá crescer a diversidade de produtos que chegam e saem por seus cais. Uma das cargas esperadas para exportação são as Frutas do Vale do São Francisco, que há anos não são embarcadas em Suape. 

Dor de cabeça

“Com mais concorrência e mais eficiência, o custo do sistema logístico total será menor para os usuários do porto, fazendo com que a economia local se torne mais competitiva e cresça de forma mais acelerada, atraindo novos investimentos, gerando mais empregos, renda e bem-estar social”, analisa Levy.

Esse é um ponto importante, porque a falta de capacidade operacional em Suape tem levado navios a desistirem de atracar devido a atrasos na operação e gerado muita dor de cabeça aos empresários, que ficam sem receber suas mercadorias e precisam buscá-las em outros portos. “Igualmente, não pode acontecer de navios deixarem contêiner no chão porque houve atraso na operação e eles precisam partir às pressas para não perder horário em outros portos”, ressalta Levy.

Oportunidade

A falta de competitividade na movimentação de contêiner do Porto de Suape vinha chamando a atenção da APM Terminals há duas décadas. Mas a oportunidade de investir só veio mesmo com a recuperação judicial do Estaleiro Atlântico Sul, que o levou a colocar parte de seus ativos à venda. 

A condição de stalking horse conferida a APM neste processo foi decisiva, porque na reta final do leilão, a empresa de origem dinamarquesa, foi surpreendida – como admitiram os seus executivos-, pela manobra que uniu dois concorrentes, a Conepar e o Tecon Suape. Como stalking horse, a APM pode fazer a oferta final no leilão.

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