A chegada da APM Terminal ao Porto de Suape vai provocar nova onda de dinamismo na economia de Pernambuco. Depois da montadora Jeep, que pertence ao Grupo Stellantis e está situada na Zona da Mata Norte do estado, as apostas agora se voltam para o potencial que a operação do novo terminal de contêiner no atracadouro pernambucano incorpora na região sul.
A empresa pertence ao Maersk, o maior operador global de transporte marítimo, com negócios que vão bem além de terminais. O Maersk tem sido o maior operador e fornecedor de contêiner e navios em todo o mundo desde 1996. Sediado em Copenhagen, na Dinamarca, tem filiais em mais de 135 países e mais de 100 mil funcionários. O grupo reúne marcas como Hamburg-Süd e Aliança, esta última atua com cabotagem no Brasil.
A movimentação na fase inicial da operação do novo terminal de contêiner dá uma ideia do que está por vir. Ela deve alcançar 400 mil TEUs. Isso vai permitir um significativo aumento de 55% na capacidade de Suape movimentar contêiner, exigindo novas estruturas na cadeia de logística, como armazéns e frigoríficos, impactando do mercado imobiliário às empresas de distribuição de mercadoria.
Municípios como Cabo de Santo Agostinho, Jaboatão dos Guararapes e Ipojuca sentirão diretamente os reflexos. O próprio grupo Maersk aluga, atualmente, galpões nas proximidades de Suape, para armazenar as cargas que transporta de empresas como a Nestlé, por exemplo.
Para a direção do porto, o investimento da APM é considerado um dos mais estruturadores dos últimos 20 anos, como ressaltou o presidente de Suape, Roberto Gusmão. “Tão importante quanto a refinaria de petróleo, porque tem capacidade de dotar Suape das condições que necessita para se tornar efetivamente um hub port (concentrador de cargas regional) ”, disse.
Segundo Francisco Martins, diretor de Planejamento e Gestão do Porto de Suape, o negócio vai repercutir ainda sobre vários clusters, inclusive na própria indústria automotiva, cujos componentes são transportados por contêiner. “Isso vale tanto para a Jeep, que importa peças por contêiner, quanto para empresas como Moura, que exporta baterias”, ressalta.
Martins destaca outro aspecto que é a redução dos custos para indústrias de limpeza e alimentos, inclusive no tocante à cabotagem. “O arroz, por exemplo, será beneficiado. Hoje, o produto chega do Rio Grande do Sul por cabotagem e tem 27% de seus custos atribuídos à operação no Tecon Suape. É um peso significativo”, disse.
“Outro segmento que vai ser beneficiado é a indústria de fármacos. A Blau Farmacêutica, que está instalando-se no complexo portuário, vai exportar vacinas e outro medicamentos e tudo isso vai por contêiner”, ressalta Martins.Com
“Os investimentos em infraestrutura têm um caráter multiplicador na economia, de modo que cada real investido acaba gerando um valor maior na atividade econômica”, disse Leonardo Levy, Diretor de Expansão da APM Terminals para a América. Ele afirmou ao Movimento Econômico que o Grupo Maersk está posicionado para fazer alguns investimentos em novos armazéns e frigoríficos para sustentar a operação.
A presença da APM Terminals pode inclusive favorecer a implantação do ramal ferroviário que a Bemisa que construir ligando o Sertão a Suape para transportar minérios. “A APM já demostrou interesse em conexões com distribuições terrestre, inclusive com a ferrovias”, disse Martins.
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