Patrícia Raposo: Precisamos de carros elétricos?

O Brasil dispõe de mais de 40 mil postos de abastecimento para etanol (o elétrico engatinha nisso) e sua frota de carros leves é 85% flex.
Patricia Raposo
Patricia Raposo / Foto: Alexandre Aroeira / Folha de Pernambuco

O Brasil precisa de carro elétrico? Esta pergunta circula em rodas de conversas no setor automotivo, de produção de etanol e de geração de energia, e entre os preocupados com as mudanças climáticas. Mas a resposta depende de outra: qual a diretriz que o governo brasileiro quer dar à sua mobilidade?

O modelo elétrico avançou na Europa, continente que deseja bater a meta da redução das emissões de CO2 em 55% até 2030, mas é carente de fontes renováveis. Ainda que emita menos CO2, os carros elétricos de lá usam fontes da energia sujas. Ajustar isso é outro problema.

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Empolgados com a novidade europeia, brasileiros privilegiados passaram a adotar o modelo elétrico, alguns bem mais preocupados com a economia no bolso do que propriamente com o Acordo de Paris.

E o governo brasileiro? Depois de muita pressão, a nova política da Petrobras baixou os preços da gasolina artificialmente, ignorando a paridade com o mercado internacional, sinalizando, no curto prazo, que segue estimulando à mobilidade à combustão.

Levantamento da Datagro, mostra que, com essa politica, o preço médio da gasolina nas refinarias está 26,1% abaixo da paridade. O do diesel também (-12,6%). Algo discrepante diante da alta demanda mundial por petróleo – 103 milhões de barris/dia em julho, segundo Goldman Sachs.

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Naturalmente, por aqui, o consumo de gasolina disparou (+16,7%) no 1º semestre, derrubando o do etanol (-11,5%). Não por caso, a importação de gasolina dobrou em relação ao mesmo período de 2022: foram 2,3 bilhões de litros.

Carro elétrico ou híbrido

Mas, enfim, o Brasil precisa de carro elétrico? Carro híbrido a etanol é o ideal, como já planejam as montadoras, a exemplo da Stellantis, com fábrica em no município de Goiana, cientes do poder do combustível oriundo da cana de açúcar e do potencial do Nordeste para gerar energia limpa. O Brasil dispõe de mais de 40 mil postos de abastecimento para etanol (o elétrico engatinha nisso) e sua frota de carros leves é 85% flex.

Peugeot elétrico da Stellantis: o futuro está chegando
Peugeot elétrico da Stellantis está nas ruas, mas montadora vem investindo no híbrido a etanol/Foto: divulgação Stellantis

Por essas razões, o estímulo ao uso do álcool anidro precisa entrar na pauta dos Governos, e do Congresso Nacional com mesmo peso de importância que tiveram as recentes reformas, porque a transição energética é uma reforma fundamental para o futuro de nosso país e para a vida do planeta.

O Brasil precisa de um plano até dispor da energia limpa e de pontos de abastecimento elétricos suficientes. E isso requer algumas centenas de milhões de reais em investimento, e tempo, para darmos um fim aos veículos a combustão. Se esse for realmente o caminho.

NOTAS

Fórum NE de Energia

O Fórum Nordeste 2023, promovido pelo Grupo EQM, comandado pelo empresário Eduardo Monteiro, traz uma excelente oportunidade para   debates sobre transição energética com base nos biocombustíveis. O fórum acontecerá em Recife, o dia 04 de setembro, das 8h às 18h, no Mirante do Paço. As inscrições podem ser feitas pelo Sympla.

Mais gás natural nas cozinhas

Ainda falando em energia, a Copergás está estudando um modelo de financiamento para conversão de residências ao gás natural. Algo parecido ao que é oferecido pelos bancos a quem deseja instalar painéis solares em suas residências. A conta do financiamento substituindo a conta da despesa mensal com GLP. Interessados podem fazer contato pelo [email protected] ou ligar no 0800 2812002 ou no PABX 3464.7400, e pedir a visita de um técnico.

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