Parque Dois Irmãos vira o jogo com créditos de carbono, por Patricia Raposo

O Parque Estadual Dois irmãos é um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica urbana de Pernambuco.
Parque de Dois Irmãos
O Parque de Dois Irmãos vai ser explorado pela iniciativa privada numa concessão/ Foto: Pedro Caldas/Divulgação Semas.

O Governo do Estado de Pernambuco e o BNDES estão realizando roadshows para mostrar o potencial do Parque Estadual Dois Irmãos, conhecido com Horto de Dois Irmãos, espaço que abriga o zoológico da cidade. O objetivo é ampliar o alcance de potenciais interessados no processo de concessão do equipamento. Essa ação acontece após uma revisão da proposta que foi levada à B3 (bolsa de valores de São Paulo), há um ano, sem sucesso.

Na época, a intenção do governo do estado era que a iniciativa privada assumisse a gestão do parque investindo R$ 82 milhões ao longo dos 30 anos da concessão. Com custos operacionais de R$ 566 milhões.

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Mas o pacote foi mal embrulhado e o projeto precisou ser revisto. No atual governo, o novo time responsável pela concessão enxergou algo que o anterior não viu: uma mina de ouro. Ou melhor, de créditos de carbono.

Isso porque o Parque Estadual Dois irmãos é um dos maiores fragmentos de Mata Atlântica urbana de Pernambuco. Tem uma área de 1.158 hectares, incluindo o Açude do Prata, manancial de captação de água com maior pureza de toda região metropolitana. Significa dizer que, além de um ecossistema riquíssimo, tem enorme potencial para gerar créditos de carbono.

Mata Atlântica em Dois Irmãos

O mercado global de créditos de carbono tem impacto social, ambiental e econômico, como prega a cartilha que o mundo corporativo adotou, a do ESG (boas práticas de governança ambiental, social e corporativa). Mesmo emergente, esses créditos já são moedas muito valiosas, porque as empresas precisam deles para limpar o rastro de poluição que deixam no meio ambiente, ficando em compliance com os requisitos do Protocolo de Kyoto.

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Isso mudou todo o contexto do negócio, que passou a ser observado com novo olhar por atores corporativos que antes não viam aderência a seus interesses. O último roadshow foi com o Grupo Cornélio Brennand. Outros estão previstos até meados deste mês e quem deseja aprticipar pode se inscreve pelo site de destinado a parcerias do governo do Estado. Diante dessa nova abordagem, o valor do investimento pode ser redefinido.

Curiosidade

O manancial do Açude do Prata, localizado dentro Parque Estadual de Dois Irmãos, é um dos pontos de captação de água com maior pureza de toda a Região Metropolitana do Recife. Isso se deve à Mata Atlântica que o circunda. O açude é abastecido pelo Riacho do Prata, ponto inicial do abastecimento de água do Recife, no século XIX. Em 1842, a extinta Companhia do Beberibe começou a usar a água para abastecer os moradores da capital pernambucana, primeiramente por meio de chafarizes. Depois, a partir do século XX, pela rede de distribuição de água.

Segundo a Fundarpe, vários equipamentos foram pouco a pouco incorporados ao sistema de abastecimento, como o Chalé do Prata, construção de dois andaresico, na qual sobressai-se o telhado com arremates em lambrequins de madeira e a Usina Dois Irmãos, edifício de estilo clássico inglês, construído no final do século XIX.

Chalé do Prata
Chalé do Prata/Foto: reprodução do Facebook

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