Fabrício Magnago: Sim ao P2P Lending

Por Fabrício Magnago* Costumo dizer que, desde 2018, o Banco Central permite aos investidores atuar como um banqueiro. Sim, é verdade: por meio da Resolução 4656, pessoas físicas como eu e você podemos emprestar nosso dinheiro a juros para pessoas físicas e jurídicas através de plataformas digitais, de forma totalmente legal. Estou falando da normatização […]

Por Fabrício Magnago*

Costumo dizer que, desde 2018, o Banco Central permite aos investidores atuar como um banqueiro. Sim, é verdade: por meio da Resolução 4656, pessoas físicas como eu e você podemos emprestar nosso dinheiro a juros para pessoas físicas e jurídicas através de plataformas digitais, de forma totalmente legal. Estou falando da normatização do empréstimo denominado Peer to Peer (P2P).

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Fabrício Magnago

Com a ajuda destas plataformas, que atuam como corretoras, o P2P é um método que vem crescendo significativamente no Brasil. Só na Ulend, plataforma de empréstimos realizados exclusivamente nesta modalidade, o aumento foi de 30% ao longo da pandemia. Os números se devem à alta rentabilidade do modelo, que pode chegar a 18% ao ano. Mas apesar disso, muita gente duvida que este investimento valha mesmo a pena. A resposta é óbvia: vale e muito. Afinal, que levante a mão quem não quer atuar como um banqueiro.

Aliás, muitos bancos e instituições financeiras, ao serem questionados sobre possibilidades de investimento, agem como se o P2P não existisse e nem mesmo apresentam a modalidade para seus clientes. Ainda há um clima de mistério que envolve o P2P, como se fosse não fosse algo acessível para qualquer tipo de investidor – o que não é verdade. Vamos aos números para entender por que este tipo de empréstimo já se tornou um fenômeno em países como Estados Unidos, Inglaterra, China e Austrália.

O ciclo de cortes na taxa Selic fez com que ela baixasse dos 14,25% praticados em 2016 para 2,00% no início do ano e 6% nos dias de hoje, e esse fator impacta na queda de vários outros instrumentos de renda fixa como CDBs, CRI, LCI e LCA, por exemplo. Com menor rendimento em suas operações e, em alguns casos, tendo seu patrimônio sendo corroído pela inflação, o investidor vem sendo obrigado a buscar novas formas de rentabilizar seu capital, como compra de imóveis, bolsa de valores e o investimento em P2P, por exemplo.

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O processo de investir através das fintechs especializadas no P2P é parecido com o de uma corretora: basta acessar o site, preencher um cadastro e, se aprovado, o investidor já visualiza os investimentos disponíveis para seu perfil. As plataformas mostram informações sobre as empresas tomadoras de crédito que ajudam a escolher onde investir, como o motivo de o negócio tomar o empréstimo, sua situação financeira e sua nota de crédito. Como em outros investimentos, quanto mais arriscado for o negócio, maior o retorno oferecido. Só que certamente você não corre o risco que correria se investisse na Bolsa, por exemplo. Este tipo de volatilidade não existe no P2P.

Ao escolher uma empresa, você faz uma espécie de reserva do investimento e aguarda a campanha fechar, até atingir o valor do empréstimo que o tomador pediu. Esse processo pode durar alguns dias. A partir daí, você paga o total a ser emprestado de uma vez e recebe seu dinheiro com juros, mês a mês, até o final do empréstimo.

Se você ainda tem dúvidas se é um bom negócio, tenha em mente que ainda este ano a Ame, empresa financeira da Lojas Americanas e da B2W, adquiriu a Nexoos Holding, que atende pequenas e médias empresas que buscam investidores. O valor da transação não foi anunciado, mas sabe-se que a fintech já havia emprestado cerca de R$ 600 milhões antes de ser comprada.

Muitos investidores se esquecem de que a vida real é movimentada pelos pequenos e médios empreendedores, que fazem a economia girar com seus pequenos negócios. Segundo o Sebrae, as micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no comércio no Brasil, já que respondem por 53,4% do PIB deste setor. No PIB da Indústria, a participação das micro e pequenas (22,5%) já se aproxima das médias empresas (24,5%). E no setor de Serviços, mais de um terço da produção nacional (36,3%) têm origem nos pequenos negócios.

Estes números mostram o potencial de rentabilidade do P2P, que tende a ganhar cada vez mais popularidade nos próximos anos. É uma mudança de cultura e de mentalidade que trará ganhos para toda a economia.

*Fabrício Magnago é investidor da Ulend.

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