Benefício tributário eleva IVA em 0,5 pp, diz Haddad

Benefício tributário ampliado foi um dos principais assuntos da reunião do ministro Haddad com o relator, nesta quinta-feira
Benefício tributário ampliado para mais setores impacta o IVA, mas o ministro minimiza efeito, numa matemática difícil de entender/Foto: Fábio Campanato (Agência Brasil)

Da Redação do ME com Juliana Andrade/Agência Brasil

O benefício tributário ampliado para alguns setores pelo relator da Reforma Tributária no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), vai elevar a alíquota-padrão do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) em 0,5 ponto percentual, segundo o ministro da Fazenda Fernando Haddad.

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Para o ministro, as chamadas exceções, ou seja, os novos benefícios tributários que o senador incluiu em em sua proposta, terão impacto para o contribuinte. Apesar disso, Haddad garante que, comparativamente, a alíquota-média tende a cair para a maioria dos que pagam impostos.

“Em relação à versão [da PEC] que saiu da Câmara, [o texto alternativo apresentado por Braga] aumenta [a alíquota-padrão] em cerca de meio ponto”, disse o ministro a jornalistas, no início da tarde desta quinta-feira (2), ao analisar a ampliação do benefício tributário.

“Já a alíquota média é a mesma, porque a reforma tributária não tem aumento de carga. Na verdade, a alíquota média será menor que a de hoje, pois, quando você diminui o litígio e a sonegação, há uma ampliação da base e a alíquota média tende a cair”, acrescentou o ministro, numa matemática difícil de entender.

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Benefício ampliado pelo aumento da exceções

Após a Câmara aprovar o texto-base da reforma tributária, em julho deste ano, o Ministério da Fazenda calculou que, considerando as exceções aprovadas pelos deputados, a alíquota-padrão do IVA ficaria entre 25,45% e 27%, ao passo que a tributação sobre o consumo cairia abaixo dos atuais 34,4%.

Os cálculos foram realizados com base na premissa de que a reforma não elevaria a carga tributária (peso dos tributos sobre a economia), mantendo a arrecadação dos tributos sobre o consumo na proporção de 12,45% do Produto Interno Bruto (soma dos bens e dos serviços produzidos no país).

Esse cálculo foi alterado pela Fazenda, após a ampliação do benefício tributário, por Eduardo Braga. A proposta do relator foi apresentada em 25 de outubro.

IVA fica abaixo de 28% com benefício tributário ampliado

Após uma reunião de mais de duas horas com o senador Eduardo Braga, técnicos do ministério e consultores do Senado que assessoram o relator, Fernando Haddad assegurou que, mesmo com as novas exceções incluídas para beneficiar alguns setores produtivos, a alíquota-padrão não deverá chegar a 28%.

“Estamos dando transparência a tudo, pois temos o compromisso de não usar a PEC [proposta de emenda à Constituição] para aumentar a carga tributária, mas sim, justamente, para fazer a transição. Por isso, todo mundo tem que saber do impacto que isso vai gerar”, comentou o ministro, reafirmando sua posição.

“A posição da Fazenda é conhecida desde o começo. Quanto menos exceções, melhor para o país. Mas à luz da situação atual, entendemos que, para compor a maioria [no Congresso Nacional] e conseguir a aprovação da reforma tributária, vamos ter que contar votos. Tanto o deputado federal Aguinaldo Ribeiro [relator da PEC na Câmara], quanto o senador Eduardo Braga têm o compromisso de aprovar a reforma”, justifica o ministro.

“Eles sabem das dificuldades, dos grupos de interesse que se manifestam ali [no Congresso Nacional], onde o jogo é bruto. As pessoas precisam resistir tanto quanto possível, com bom senso, com argumentos, para compor os votos necessários. Precisamos de 49 votos para aprovar uma PEC, mas queremos passar de 60”, argumenta Fernando Haddad.

Ele assegura que as negociações em torno da proposta original do governo visam dar ao projeto um caráter suprapartidário, facilitando sua aprovação.

“Estamos muito seguros de que o relatório está bem-feito; que, se Deus quiser, vamos ter uma maioria boa no Senado e que vai ser possível promulgar a emenda constitucional ainda este ano. Penso que vamos concluir uma tarefa histórica. Há 40 anos se anuncia uma reforma tributária no Brasil e penso que, enfim, vamos finalizá-la. Vão perguntar: é perfeita? Nada é perfeito, mas à luz do que temos, o salto de qualidade que vamos dar em relação ao nosso atual sistema tributário, é inestimável”, defende.

Tramitação da reforma é mais simples no Senado

No Senado, a PEC 45 deve ser votada apenas na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário. A expectativa é que o texto que o senador Eduardo Braga apresentou seja discutido e votado na CCJ já na próxima terça-feira (7). O próprio relator, contudo, admite que o texto ainda pode sofrer alterações, já que recebeu mais de 700 emendas parlamentares.

“Teremos pequenos ajustes, alguns apenas de redação. São ajustes finos que estão sendo feitos para termos mais segurança jurídica e para que o texto apresentado represente simplificação, transparência, equilíbrio federativo e neutralidade. É importante termos a trava da carga tributária para que não haja aumento de tributos”, comenta o relator.

Relator nega ampliação de benefício tributário

Segundo o senador, cerca de 250 emendas ao texto original já foram acolhidas. O parlamentar, contudo, nega ter ampliado o regime de exceções.

“Não acho que aumentamos as exceções. Ao contrário. Metricamente, o Senado fez reduções de algumas exceções. Incluímos algumas que são absolutamente necessárias. Entre elas, saneamento público, um dos grandes déficits sociais deste país”, afirmou Braga, destacando que sua proposta prevê que os tributos sejam revistos a cada cinco anos “para garantir que os benefícios concedidos por meio de regimes diferenciados possam ser avaliados pelo Congresso Nacional”.

Braga disse não ter recebido qualquer novo pedido do ministro Haddad durante a reunião deste Dia de Finados e que, basicamente, a estrutura do relatório que será levado à votação na CCJ é o já apresentado na semana passada. “Hoje, fizemos uma avaliação sobre as mais de 700 emendas apresentadas ao texto da emenda constitucional. Analisamos ponto a ponto o relatório e estamos muito otimistas de que, na semana que vem, a partir do dia 7, na CCJ, e nos dias 8 e 9, no plenário, estaremos deliberando a reforma tributária em primeiro e segundo turno.”

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