Crise energética: mais uma vez sobra para o consumidor

Por Etiene Ramos e Juliana Albuquerque No momento em que a Economia começa a dar sinais de melhora, com a redução da curva pandêmica no Brasil e a consequente volta das atividades econômicas, a conta pelo acionamento de termelétricas para suprir o déficit hidrográfico caiu, mais uma vez, para o consumidor, que desde junho paga […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

Por Etiene Ramos e Juliana Albuquerque

No momento em que a Economia começa a dar sinais de melhora, com a redução da curva pandêmica no Brasil e a consequente volta das atividades econômicas, a conta pelo acionamento de termelétricas para suprir o déficit hidrográfico caiu, mais uma vez, para o consumidor, que desde junho paga a mais no patamar 2 da bandeira tarifária vermelha. Com o reajuste de 52% na taxa extra aprovado hoje pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a cada 100 kwh consumidos o valor passa de R$6,243 para R$ 9,492, a partir de julho.

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Para o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a concentração do poder no Ministério de Minas e Energia para a tomada de decisões relativas à crise do setor elétrico denota que o país já vive uma situação de racionamento de energia via preços, cujo custo será majoritariamente assumido pelos consumidores. “Ao invés de declarar de fato um racionamento e arcar com os custos políticos da medida, o governo espera que o aumento dos valores pagos pelos consumidores – como o reajuste de 52% no valor da bandeira tarifária vermelha patamar 2 – cumpra o papel de promover a necessária redução do consumo”, diz o Idec em nota à Imprensa.

Setor produtivo critica reajuste

Carlos Faria, da Anace,

Os efeitos também são negativos para o setor produtivo, que teme os efeitos das medidas para a economia nos próximos meses. Para o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia (Anace), Carlos Faria, foi dada a largada para o racionamento por preço, com uma redução forçada pela bandeira tarifária. “Mas será que com isso a gente consegue atravessar esse período seco? E se não chover até o final do ano, como vamos conseguir atender ao aumento da demanda do verão por energia?”, questiona.

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A Anace representa pequenas e médias indústrias que, em sua maioria, têm contratos de compra no mercado livre de energia e desde outubro do ano passado sofrem com o repasse dos custos do acionamento das térmicas. As empresas, segundo Faria, se planejaram para pagar entre R$ 8,00 e R$10,00 por Mwh e já estão pagando R$ 40,00 por Mwh. “A indústria que está no mercado livre poderia reduzir sua demanda, reprogramando sua produção, e recebendo uma bonificação pelas mudanças para sair do horário de pico. E para os consumidores do mercado cativo também deveria haver um sistema com ganho tarifário. Precisamos que o consumidor tenha algum estímulo para reduzir o consumo”, propõe o presidente da Anace.

De acordo com o assessor econômico da Fecomércio-PE, Ademilson Saraiva, o efeito do aumento é disseminado por vários setores da atividade econômica, especialmente na indústria e nos serviços. “O comércio e certos serviços pessoais sofrem impacto direto com o aumento da conta de energia nos estabelecimentos, mas também com o impacto no bolso dos consumidores”, afirma o especialista.

O setor de bares e restaurantes, que enfrenta uma das piores crises de sua história por causa da pandemia da Covid-19, vai ter que encarar esse revés no momento em que ensaia uma retomada . “Esse aumento tem impacto direto no consumo, uma vez que achata a renda do consumidor. Para as empresas, ele incide sobre o produto final. Aspectos bem negativos para uma situação que estamos querendo retomar”, avalia André Araújo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Pernambuco (Abrasel-PE).

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