A agricultura alagoana promete boas surpresas. A produção de grãos deve dar um salto nas próximas safras e a fruticultura abrirá novas frentes nos próximos anos. Em 2022, o Banco do Nordeste concedeu crédito no valor de R$ 71 milhões para as lavouras de grãos no estado, um aumento de 264% em relação a 2021. Já a fruticultura, tende a ganhar força com o avanço do Canal do Sertão e as operações da indústria de alimentos Predilecta, em Rio Largo.
Do valor captado junto ao BNB, 93% foram destinados à cultura do milho, refletindo no aumento de sua produção no Estado, que deu um salto de 58% na safra atual, em relação à anterior, com estimativa de 84 mil toneladas colhidas.
Entre os estados do Nordeste, a produção alagoana foi a que obteve maior percentual de incremento para esse grão. Os dados são do Boletim da Safra de Grãos, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). É o sexto levantamento da safra 2022/2023.
Ainda de acordo com a publicação, a produtividade do milho nas terras alagoanas também alcançou destaque na comparação entre as safras 21/22 e 22/23, passando de 1.320 kg/hectare para 2.088 kg/hectare.
O superintendente estadual do BNB em Alagoas, Sidinei Reis, destaca que o Banco tem acompanhado esse movimento de alta no plantio dos grãos no estado, em especial, do milho.
“Estamos observando um aumento da demanda por financiamentos para o cultivo do milho principalmente no Semiárido, e o Banco tem apoiado com linhas de crédito do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e do Programa de Microfinanças Rural (Agroamigo)”, disse.
Segundo Reis, as localidades que mais obtiveram financiamentos para a cultura do milho junto ao BNB, ano passado, foram Major Izidoro, Batalha, Craíbas, Igací e Jaramataia. As cidades de Craíbas e Batalha contrataram, respectivamente, 15 vezes e cinco vezes a mais, na comparação com 2021, para investimento no plantio desse grão.
Fruticultura
A fruticultura, por sua vez, será estimulada pelo Canal do Sertão e pela Predilecta, que é líder nacional no segmento de doces (goiabadas) e vice no segmento de atomatados. A indústria começou a operar há 10 meses produzindo molho de tomate (ketchup) e goiabada. Localizada no polo industrial de Rio Largo, a unidade recebeu investimentos de R$ 45 milhões.
O traçado do Canal do Sertão, no Semiárido alagoano, parte de Delmiro Gouveia e vai até o centro de Arapiraca, num trecho de mais de 300km. A água será usada prioritariamente para irrigação – só pequena porcentagem deve ir para abastecimento de residências.
Joelmir Farias, gerente de Irrigação na Secretaria de Agriculta de Alagoas (Seagri), explica que as obras estão alcançando a cidade de Senador Rui Palmeira e logo chegarão a Carneiro e São José da Tapera. Nos mais de 100 km de obras concluídas, que correspondem a 1/3 do projeto total, o solo não tem a profundidade necessária à fruticultura.
“São solos rasos e cristalinos. Logo abaixo há uma camada de rocha que deixa pouca penetração para a raiz. Além disso, há o efeito da salinização devido à alta evaporação”, revela Farias.
Projeto irrigado de Alagoas
Mas a situação muda na região de Carneiros e São José da Tapera, onde as condições se tornam mais favoráveis. É nesta localidade onde a fruticultura poderá se desenvolver, já que o solo é mais apropriado para plantas de raízes profundas.
Nesta área, diante da expectativa da chegada da água, está sendo construído o primeiro projeto irrigado de Alagoas. As obras começaram em São José da Tapera. São lotes ligado ao Canal do Sertão, que até o ano que vem devem entrar em operação.
“Não é um perímetro irrigado, como se vê em Petrolina (PE), mas um condomínio, unidades isoladas, módulos espalhados em quatro municípios”, explica Farias. O projeto piloto, segundo ele, tem 15 unidades instaladas, porém, outras 125 unidades estão programadas para entrar em operação dentro de um ano.
Essas obras fazem parte do projeto Modulo Irrigado de Produção e Aprendizagem (MIPAS), da Seagri, que contempla 1/3 de hectare por familiar. “Não é só um sistema, mas um conceito de irrigação, uma agricultura agroecológica, sem adubação química, sem defensivos agrícolas”, explica o gerente de Irrigação.
Embora Alagoas já tenha uma rota de fruticultura na Mata Norte do Estado, com geografia e clima bem diferentes do Alto Sertão, a instalação da fábrica da Predilecta em Rio Largo vai gerar demanda por frutas. Por isso, o Senar, serviço de aprendizado rural, está oferecendo no estado cursos de fruticultura. “É um avanço para a agricultura familiar também”, analisa Farias.
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