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Portos do NE: como foi a movimentação em 2023?

De acordo com o anuário 2023 da Antaq, o Brasil teve um recorde histórico na movimentação de cargas no modal aquaviário em 2023. Entenda por que boa parte dos portos nordestino não conseguiu acompanhar o setor

Num ano em que o modal aquaviário no Brasil atingiu um recorde histórico, movimentando 1,303 bilhão de toneladas, a maioria dos portos do Nordeste teve dificuldade de acompanhar o ritmo do setor. É o que aponta o Anuário 2023 da Antaq.

O volume de carga movimentada nos ancoradouros do país, de acordo com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, representa um crescimento de 6,9% em relação a 2022. O incremento, segundo a Antaq, “é resultado do aumento da frota, da eficiência portuária e da melhora na infraestrutura”.

A alta foi puxada por granéis sólidos vegetais, minério de ferro e petróleo bruto, beneficiando principalmente portos nordestinos que operam essas cargas, como Itaqui (MA), Recife (PE) e Cabedelo (PB). Nos demais ancoradouros da região, a tendência foi de retração ou estabilidade. Confira.

Granéis sólidos garantiram a Itaqui um dos melhores resultados entre os portos do Nordeste
Entre os portos do Nordeste, Itaqui foi um dos que apresentou melhor desempenho (alta de 8,22%), impulsionado pelas exportações de soja e milho/Foto: Porto de Itaqui (Divulgação)

Portos do NE: Itaqui tem um dos melhores desempenhos

Forte na exportação de grãos (especialmente soja e milho) e importação de diesel, gasolina e fertilizantes, o Porto de Itaqui, localizado em São Luís, fechou o ano passado com 36,3 milhões de toneladas movimentadas, incremento de 8,22% sobre o ano anterior. Foi um dos melhores resultados do transporte aquaviário na região.

O crescimento se deve aos granéis sólidos (alta de 14%), já que nos demais segmentos houve desaceleração. Os granéis líquidos tiveram recuo de 3,4% e a carga geral, de 2,8%.

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Portos nordestinos: Suape avançou em contêineres, mas teve recuo na movimentação total
Portos do Nordeste: Suape entrou no top 10 nacional de carga conteinerizada, mas registrou recuo de 3% na movimentação total/Foto: Porto de Suape (Divulgação)

Porto de Suape avança em contêineres

Em Pernambuco, o Porto de Suape se posicionou em 9ª posição no ranking de movimentação nacional de carga conteinerizada, atingindo a marca de 524 Teus (unidade padrão de contêiner). Em toneladas, o resultado no segmento chegou a 5,8 milhões, 2,7% a mais que em 2022.

Os números evidenciam o crescimento de Suape no setor, especialmente na cabotagem (navegação costa a costa entre portos brasileiros), que respondeu por 79% das operações de contêineres no ancoradouro.

Apesar do bom desempenho na carga conteineirizada e também nos granéis sólidos (alta de 69%), o desempenho geral do ancoradouro foi negativo na comparação com o ano anterior. Houve retração de 3% na movimentação total, que atingiu 24 milhões de toneladas. A queda refletiu o recuo em granéis líquidos (7,4%) e carga geral (7%).

Já o Porto do Recife, que é voltado para exportações de açúcar e importação de insumos industriais (como trigo e bobinas de aço), totalizou 1,4 milhão de toneladas, incremento de 21,6% na movimentação.

O número se deve principalmente aos embarques de açúcar para a Europa e Estados Unidos, impulsionados pelo embargos comerciais à Rússia devido à Guerra na Ucrânia. A redução nas exportações de açúcar da Índia, que priorizou o abastecimento do mercado interno, também contribuiu para o salto.

Com isso, o incremento em granéis sólidos chegou a 23,3%. O desempenho foi positivo também na carga geral (18,8%) e granéis líquidos (1,2%).

Portos do Brasil: confira o top 10 nacional da movimentação de contêineres
Confira o ranking de movimentação de contêineres dos portos brasileiros em 2023/Arte: Antaq

Portos da Bahia: Salvador tem queda de 5,26%

Na Bahia, o Porto de Salvador, registrou desaceleração de 5,2%, movimentando 4,7 milhões de toneladas. Houve crescimento de 34,8% nos granéis sólidos, insuficiente para reverter a queda em carga conteinerizada (9,4%) e carga geral (13,4%).

O Porto de Aratu – que atende principalmente ao Polo Industrial de Camaçari e ainda sofre as consequências da saída da Ford – teve queda de 4,4% (movimentou 6,7 milhões de toneladas).

Por sua vez Ilhéus, que já foi o maior equipamento logístico para escoamento de cacau do Brasil, movimentou apenas 0,5 milhão de toneladas, com destaque para granéis solidos e carga geral. O porto vem tentando atrair outras cargas para se reposicionar após a derrocada da lavoura cacaueira.

Portos do Nordeste: Pecém se manteve praticamente estável em relação a 2022
Pecém movimentou 17,1 milhões de toneladas ano passado, com destaque para contêineres (alta de 10,3%) e cargas gerais (14%)/Foto: Porto do Pecém (Divulgação)

No Ceará, Pecém se mantém estável

Administrado por uma joint venture entre o Governo do Ceará e o Porto de Roterdã, Pecém se manteve praticamente estável em 2023, movimentando 17,1 milhões de toneladas, alta discreta (0,7%) sobre 2022.

A carga conteinerizada, com um avanço de 10,3%, mais uma vez, foi o destaque do ancoradouro, que apresentou bom desempenho também em cargas gerais (14%). Já os granéis sólidos tiveram ligeira oscilação negativa (0,9%), enquanto os granéis líquidos despencaram 86,7%.

Na capital, o Porto de Fortaleza contabilizou 4,4 milhões de toneladas movimentadas, variação positiva de 3,85%, puxada por contêineres (52,5%). Granéis líquidos cresceram 1,2% e granéis sólidos registraram estabilidade (0,7%). O destaque negativo foi a carga geral (-33,4%).

Portos do Nordeste: Cabedelo voltou a exportar açúcar após 10 anos
Cabedelo retomou operações de açúcar produzido na Paraíba depois de 10 anos em que a commodity era escoada pelos portos do Recife e Suape/Foto: Porto de Cabedelo (Divulgação)

Cabedelo volta a exportar açúcar

Na Paraíba, o Porto de Cabedelo voltou a exportar açúcar depois de 10 anos em que o produto das usinas paraibanas vinha sendo embarcado por meio do Recife e Suape.

A operação foi retomada após investimentos feitos pelo Governo da Paraíba, que incluíram reformas nos armazéns e a dragagem do canal de acesso, aumentando a profundidade de 9,14 metros para 11 metros. As obras foram concluídas em setembro passado e podem abrir novas possibilidades para Cabedelo.

Ao todo, o ancoradouro movimento 1,3 milhões de toneladas, 11,8% a mais que em 2022, resultado de oscilação positiva em granéis sólidos (9,3%) e líquidos (17,2%). Em 2024, Cabedelo tem condições de repetir a performance e até ampliar ainda mais a movimentação se o cenário atual favorável às exportações de açúcar permanecer.

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