Brasil preocupado com o acirramento do conflito entre Rússia e a Ucrânia

Etiene Ramos – com Agência Brasil – Matéria atualizada às 14h20 O conflito entre a Rússia e a Ucrânia chegou ao ponto máximo nesta madrugada com os ataques russos a cinco cidades ucranianas, entre elas a capital do país, Kiev. O exército russo afirmou que os alvos são apenas bases militares e campos aéreos, mas […]
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista
Parte do Serviço de Guarda de Fronteira do Estado ucraniano danificado por um bombardeio na região de Kiev, na Ucrânia FOTO:
Serviço de Guarda de Fronteira do Estado Ucraniano/via REUTERS

Etiene Ramos – com Agência Brasil – Matéria atualizada às 14h20

O conflito entre a Rússia e a Ucrânia chegou ao ponto máximo nesta madrugada com os ataques russos a cinco cidades ucranianas, entre elas a capital do país, Kiev. O exército russo afirmou que os alvos são apenas bases militares e campos aéreos, mas o governo da Ucrânia rebate assegurando que a ofensiva é ampla e começou pelas fronteiras com a Rússia, Bielorrúsia e a Criméia. A população ucraniana está buscando saídas por terra já que o espaço aéreo do país está fechado.

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A Ucrânia anunciou o rompimento de relações diplomáticas com a Rússia, e ainda que já abateu cinco aviões e um helicóptero russos. Após o ataque, segundo o governo ucraniano, pelo menos 50 soldados invasores já teriam morrido. O comando militar da Rússia vem afirmando que não encontra resistência dos ucranianos.

Ainda pela manhã, em nota à Imprensa, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil declarou que acompanha, “com grave preocupação”, a deflagração de operações militares da Rússia contra alvos no território da Ucrânia. “O Brasil apela à suspensão imediata das hostilidades e ao início de negociações conducentes a uma solução diplomática para a questão, com base nos Acordos de Minsk e que leve em conta os legítimos interesses de segurança de todas as partes envolvidas e a proteção da população civil”, diz a nota.

Assinados em 2014 pela Ucrânia, Rússia, República Popular de Donetsk (DNR) e República Popular de Luhansk (LNR), os acordos foram uma tentativa de encerrar a guerra no Leste da Ucrânia. Mas não foram suficientes para deter as disputas por territórios e independência entre os países que saíram a União Soviética.

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Reações da Otan e da União Europeia não sinalizam paz

O secretário geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, afirmou em entrevista coletiva que nenhum dos países membros será atacado sem reação do bloco que agrega 30 países, em referência ao artigo 5º da Carta da Otan, que trata de defesa mútua – qualquer ataque a um dos membros será considerado um ataque a todos os membros.

Otan e a União Europeia conta com a União Europeia com aplicação de sanções contra a Rússia. “Vamos apresentar um pacote de novas sanções para que sejam aprovadas pelos líderes europeus. Esse pacote vai limitar fortemente o acesso da Rússia ao mercado financeiro. Já houve pressões contra a Rússia nas últimas semanas e essas pressões vão aumentar”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, ao lado de Stoltenberg.

A nota do Ministério das Relações Exteriores dá a entender que o Brasil não apoiará a ofensiva russa. “Como membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o Brasil permanece engajado nas discussões multilaterais com vistas a uma solução pacífica, em linha com a tradição diplomática brasileira e na defesa de soluções orientadas pela Carta das Nações Unidas e pelo direito internacional, sobretudo os princípios da não intervenção, da soberania e integridade territorial dos Estados e da solução pacífica das controvérsias”.

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou que não aceitará nenhuma intervenção estrangeira, reagindo com uma força “nunca antes experimentada”.

Reaquecimento do processo inflacionário é um dos riscos

Paulo Guimarães vê riscos de reaquecimento da inflação – FOTO: Divulfação/Ceplan

Na sequência dos ataques da Rússia à Ucrânia, o preço do barril de petróleo que já vinha aumentando com a perspectiva de acirramento, passou dos US$ 100 dólares, maior valor desde 2014. Para o economista e sóciodiretor da Ceplan Consultoria Econômica, Paulo Guimarães, do ponto de vista econômico, o momento é de apreensão com relação a preços, principalmente dos combustíveis e do gás natural, já que a Rússia é um dos maiores exportadores do insumo. “Podemos ter um aumento dos preços das commodities em geral. O petróleo, por exemplo, já começa a disparar novamente e isso pode repercutir no reaquecimento do processo inflacionário que ainda está em curso, por causa da pandemia da Covid-19. Estávamos saindo da pandemia, com melhoria das cadeias globais de valor, com perspectiva de menor inflação até o final do ano, mas esse conflito pode reaquecer toda essa questão inflacionária”, observa, com um olhar a partir de Portugal, onde mora e faz doutorado na Universidade de Lisboa.

Do ponto de vista geopolítico, ele considera que a Russia está enxergando uma oportunidade para mexer suas peças e seu poderio militar em contraponto à Otan, que vem defendendo países que pertenciam a União Soviética. A dúvida, segundo Guimarães, é se por trás disso está o movimento que vem sendo chamado da nova Rússia, uma Rússia ampliada. É apenas um movimento de defesa, para nao permitir a aproximação da Otan de suas fronteiras, ou é um movimento de conquista de territórios?

“A primeira impressão [é de uma situação complexa e histórica. Muitos países que se tornaram independentes da União Soviética passaram por um processo de democratização e reaproximação do ocidente. Nas últimas décadas eles avançaram nas relações econômicas e sociais com a Europa e isso criou uma tensão geopolitica de aproximação militar com solicitações de entrada na Otan. Pelo lado russo, isso é visto como ameaça geopolitica. É um processo complexo em que as respostas não são muito fáceis. Se estica demais a corda, cria-se uma tensão muito grande e podemos ter conflitos mais duros. Se cede, pode sinalizar fragilidade europeia e americana, da Otan”, analisa o economista.

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