Se formos capazes de deixar a política partidária de lado ao menos um minuto, poderíamos refletir, neste 8 de março, sobre o fato de termos duas mulheres no comando de Pernambuco.
Raquel Lyra e Priscila Krause, governadora e vice-governadora, têm muitos desafios, e o primeiro é superar os preconceitos, que sabemos, são muitos.
Raquel é a primeira mulher eleita governadora de Pernambuco. Formada em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, foi também a primeira mulher eleita prefeita de Caruaru e reeleita, além de deputada estadual por dois mandatos.
Priscila Krause foi a primeira secretária nacional do PFL Jovem (2000 a 2003), foi vereadora por três mandatos e deputada estadual. É jornalista e sempre se destacou pelo seu perfil muito combativo. Ela também sentiu o gostinho de governar o estado quando Raquel Lyra viajou para a COP 28, no ano passado.
Espaço na política
Em 135 anos de República, o Brasil só teve 13 estados governados por mulheres, seja em caráter substitutivo ou em definitivo, e 16 governadoras.
A primeira mulher a governar um estado brasileiro, no caso o Acre, foi Iolanda Fleming. Iolanda foi eleita vice-governadora na chapa de Nabor Júnior em 1982, que no ano seguinte precisou viajar e a deixou em seu lugar à frente do estado.
Janilene Vasconcelos de Melo foi a segunda, mas por um decreto assinado no dia 3 de janeiro de 1984 pelo então presidente João Figueiredo, a pedido do governador de Rondônia, o coronel Jorge Teixeira de Oliveira, que se ausentou por viagem. Na época, Janilene era secretária de Planejamento no estado.
A primeira governadora eleita mesmo foi Roseana Sarney, em 1994 para governar o Maranhão pelo PFL. E foi também a primeira mulher da história a ser reeleita governadora do estado e ao mesmo tempo a única mulher a governar um estado brasileiro em quatro mandatos (1994-2002 e 2009-2014). Ela mudou de partido e também governou pelo PMDB.
Já o Rio Grande do Norte é o estado que mais elegeu mulheres no cargo de governadoras: foram três: Wilma de Faria (PSB), Rosalba Ciarlini (DEM) e Fatima Bezerra (PT). O Ceará teve Izolda Cela. Ela foi a vice-governadora do Ceará de 2015 a 2022 e assumiu a titularidade do Poder Executivo estadual no último ano após a renúncia de Camilo Santana.
O Piauí também foi governado por mulher. Regina Sousa foi a 53ª governadora do estado do Piauí, do qual também foi vice-governadora e senadora da República.
Em 2022, Pernambuco elegeu pela primeira vez no Brasil uma chapa composta por duas mulheres na majoritária. E o Nordeste foi a região que mais gerou governadoras: foram sete. A região Norte vem em seguida, com quatro.
Não vou entrar no mérito da qualidade da gestão, porque isso não pode ser atribuído a gênero, mas à personalidade, a cenários macros etc. Temos exemplos de sucesso e fracasso sendo o governante homem ou mulher.
O que quero destacar aqui é que num momento em que pela primeira vez o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) inseriu diretamente nas regras que regem o pleito diversos critérios objetivos para caracterizar fraudes na cota de gênero, a luta por participação equitativa na política é passo crucial rumo a uma democracia verdadeiramente representativa.
E essas mulheres que se elegem precisam ser lembradas e valorizadas, como são as executivas que conquistam cargo de liderança à frente de grandes organizações. Porque não é fácil chegar aonde chegaram. Em nenhum dos dois casos.
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