Mulheres ocupam 37% dos postos gerenciais no Brasil

A participação das mulheres na presidência de companhias e em outros cargos de alta liderança no Brasil cresceu, entre 2019 e 2022, de 13% a 17%.
Mulheres
Com programas que buscam equidade de gênero, cresce participação das mulheres na gestão/Imagem de Victor Salazar por Pixabay

As mulheres ocupam 37% dos postos gerenciais de nível sênior e médio no Brasil, de acordo com os dados mais recentes da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Mesmo que o período da pandemia tenha segurado um pouco esse avanço da equidade de oportunidades de trabalho entre gêneros, o Brasil está dentro de uma tendência presente nas nações desenvolvidas: o crescimento das mulheres em cargos de comando nas empresas.

O Panorama Mulheres 2023, estudo feito pelo Talenses Group em parceria com o Instituto de Estudos e Pesquisas (Insper) em São Paulo, aponta que a participação feminina na presidência de companhias e em outros cargos de alta liderança no Brasil cresceu, entre 2019 e 2022, de 13% a 17%, embora ainda esteja longe do ideal.

- Publicidade -

A mudança de cultura não é rápida, mas felizmente o tema já é tratado com mais seriedade pelo setor privado e público que implementam ações que buscam avançar ainda mais na igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Muitas empresas adotam a equidade de gênero como política interna.

Hoje já é possível ter exemplos interessantes em vária delas. A montadora global Stellantis, por exemplo, adotou os Princípios de Empoderamento das Mulheres das Nações Unidas (WEP), um compromisso global com a igualdade de gênero. Com uma base diversificada de talentos representando mais de 160 nacionalidades, a Stellantis se junta a aproximadamente 7 mil signatários empenhados em cumprir as sete diretrizes do acordo dedicadas ao empoderamento das mulheres. Atualmente, mais de 27% das mulheres ocupam cargo de liderança na empresa.

Nas unidades da empresa em Pernambuco, é possível ver muitas mulheres liderando times. Um exemplo é a engenheira paraibana Isabelle Mais. Há seis anos na Stellantis, em Pernambuco, Isabelle é uma das coordenadoras do time de desenvolvimento de software no centro de tecnologia da Stellantis, no Recife. Ela chefia uma equipe de 23 pessoas que tem 24% de mulheres.  “Estamos mudando esta realidade. A empresa faz alguns programas neste sentido”, conta, acrescentando que a Stellantis desenvolve um programa para que mais mulheres ocupem a liderança nas suas equipes. 

- Publicidade -
Isabelle Maia da Stellantis
A engenheira Isabelle Maia chefia uma equipe de 23 pessoas na área de tecnologia. Foto: Arthur de Souza

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), que também tem unidade de Pernambuco, estabeleceu como meta ter 25% dos cargos de liderança ocupados por mulheres até 2025. Numa área predominantemente masculina, chama atenção a presença de tantas mulheres na unidade de transformados da CBA, situada no município de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife. Hoje, elas correspondem a 16% do quadro total de funcionários da empresa. No recorte dos cargos executivos, a presença feminina corresponde a 21%.

Alanize Rose é coordenadora de produção de chapas da CBA Itapissuma. Ela comanda uma equipe formada por homens e mulheres. Sob suas ordens, eles operam três importantes equipamentos da produção metalúrgica. Um deles é um laminador por onde passa 100% do alumínio utilizado na planta fabril. Formada em engenharia química, ingressou como trainee quando a planta atual ainda pertencia à antiga Alcoa. No total, são 18 anos de experiência no setor metalúrgico.

Alanize Rose CBA
Alanize Rose: mais espaço na CBA/Foto: divulgação

Quando iniciou na metalurgia, a unidade de Itapissuma pertencia à Alcoa ( depois vendida à Arconic e, finalmente à CBA) e não tinha nenhuma mulher na operação, apenas duas coordenadoras de produção – ela e outra colega. “A CBA não faz só inclusão, ela nos permite ter equilíbrio em nossa vida pessoal. Meu filho mais velho é autista e eu não conseguira dar conta do trabalho e da minha vida familiar sem o apoio da empresa”, ressalta.

Já a Euro Incorporações, em Goiânia, conta atualmente com 57% de seus cargos de liderança ocupados por profissionais do gênero feminino. Vivian Carla Silva do Nascimento, gestora de RH da empresa, revela que, além disso, 62,5% de todo a equipe da empresa é do sexo feminino.  “Os dados refletem a cultura da empresa de não só valorizar e respeitar as mulheres, mas ser bem consistente ao longo do anos, em seu compromisso com equidade de gênero, oferecendo oportunidades igualitárias para todos, sem exceção”, conta a gestora. 

Ela observa que o cenário profissional para as mulheres, em geral, no Brasil, tem evoluído bastante, apesar de estar aquém do ideal. Segundo ela, as empresas estão se tornando cada vez mais conscientes da importância da diversidade de gênero, e além disso, outros fatores que acompanham essa a mudança cultural, como o melhor acesso da mulher à educação de qualidade, têm contribuído para um cenário mais diverso. 

A gestora de RH revela que já enfrentou algumas situações pontuais, envolvendo estereótipos de gênero, fruto da dificuldade de algumas pessoas em perceber a capacidade de liderança no ser feminino. “A conscientização e o diálogo aberto foram caminhos eficientes para eu superar desafios desse tipo”, afirma Vivian Carla. 

Mulheres e filhos

Equilibrar a carreira profissional com a experiência da maternidade foi o desafio mais recente da tecnóloga em Construção Civil, coordenadora de Planejamento e Qualidade da Euro Incorporações, Raíssa Carolina Abraão Ribeiro. Com 34 anos de idade, pode-se dizer que Raíssa já faz parte de uma geração de mulheres que encontra bem mais apoio para ser mãe e uma profissional de excelência do que se havia antigamente. Atuando há quase dez anos na Euro Incorporações, ela reconhece que a empresa proporcionou as condições necessárias para que a maternidade não fosse jamais um problema para seu desenvolvimento profissional.

“Engravidei da minha primeira filha já trabalhando na Euro, e foi em um período de muitos novos projetos, mas recebi muito apoio e consegui atender a todas as demandas, com êxito. Após a licença maternidade, retornei ao trabalho, continuei focada nos resultados, sempre com o objetivo de crescer profissionalmente e um pouco antes da pandemia fui convidada pela empresa para assumir a coordenação [de Planejamento e Qualidade], o que foi muito positivo para mim”, conta ela que hoje é mãe de duas meninas, Mariana de 7 anos e Maitê de 2 anos. 

Com o bom desempenho em seu departamento, Raíssa assumiu o desafio de desenvolver e coordenar a parte de fiscalização interna de obras. “Hoje eu estou presente na obra, acompanhando, vistoriando e apoiando todo o processo de obra”, explica. Raíssa Carolina diz achar bem surpreendente e interessante o fato de a Euro ter uma equipe de gestão composta por maioria feminina, sendo uma empresa da área da construção. Segundo ela, o apoio da empresa  faz toda a diferença. “O grande sentido do nosso trabalho é a confiança, no nosso zelo, cuidado, dedicação. A Euro acredita, incentiva, apoia e trabalha em prol da equidade, oferecendo oportunidade para qualificação”, enaltece a profis

Leia também:

Mães metalúrgicas garantem seu espaço na CBA

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -