No relançamento da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), nesta quinta-feira (18/1), no Complexo de Suape, no município de Ipojuca, em Pernambuco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apontou possíveis causas e culpados para que houvesse a paralisação das obras de ampliação da Rnest em 2015. Os problemas causados pela Operação Lava Jato foram apontados pelo petista como um dos principais pilares para que a refinaria só esteja retomando seus rumos dentro do seu terceiro governo.
Neste pacote, Lula colocou sem citar nomes a participação de “alguns juízes e procuradores subordinados ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, que não queriam e nunca aceitaram que o Brasil tivesse uma empresa como a Petrobras”.
À época, a Operação Lava Jato apontou que a refinaria era centro de corrupção de cargos de alto escalão da Petrobrás, políticos e empreiteiros. Lula fez uma metáfora se utilizando do atual do presidente da Petrobras, Jean Paul Prattes, para explicar como deveria ser o procedimento investigativo caso fossem comprovados os crimes.
“Eu tive as contas dos meus oito anos de governo aprovadas. Somente cinco anos depois começou o processo de denúncia contra a Petrobras. Na verdade, não era contra a Petrobras. Se quisesse apurar corrupção, você apura. Se o Jean Paul roubou, manda embora e manda para a cadeia. O que não pode é punir a soberania de um país como o Brasil e sua empresa mais importante, que é a Petrobras”, disse Lula.
O presidente também relembrou o calote que o governo brasileiro levou da Venezuela, em 2005, quando o vizinho era governado por Hugo Chávez (morto em 2013). Naquele tempo, a Venezuela seria parceria na refinaria, que receberia petróleo dos dois países, mas houve discordância entre as estatais como explicou o presidente:
“O Chávez, se vocês não conheceram, era uma das pessoas mais entusiastas do mundo que eu conhecia. Ele nunca dizia não, tudo para ele era assim, mesmo que no dia seguinte ele não fizesse o que ele se comprometeu. Bem, e por que eu queria fazer uma parceria com a Venezuela? A Petrobras e PDVESA [estatal de petróleo da Venezuela] eram duas noivas bonitas, muito grandes, e nunca concordaram com nossa ideia. Não cumprimos porque cada um tem de defender os interesses das suas empresas, do seu país. O dado concreto é que nunca o Chávez colocou um centavo aqui”, lembrou Lula, em seu discurso.
Lula também criticou os pastores. “Os pastores que mentiram a meu respeito sabem que estão falando em nome de uma religião zero, em nome de Deus, sabem que estão mentindo e eles sabem que Deus está vendo”, atacou.
Também não poderia faltar uma dura crítica ao ex-presidente Jair Bolsonaro. “Até chegar o ponto de a gente eleger um psicopata para ser presidente. Alguém que vive da mentira”, disse Lula.
O discurso de Lula se deu ao lado dos ministros Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovações); André de Paula (Pesca e Aquicultura); Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos); a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (PSDB); a prefeita de Ipojuca, Célia Sales (PP); o prefeito do Recife, João Campos (PSB); o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci; além de deputados federais e estaduais.
Recife
Na cerimônia, em tom de brincadeira, Lula se dirigiu ao prefeito do Recife, João Campos (PSB), dizendo que ele não ficasse “triste” com a prefeita de Ipojuca, Célia Sales, e tampouco com a governadora Raquel Lyra, que teriam mais lucros nos seus respectivos caixas com a ampliação da refinaria. “O povo que ganha dinheiro aqui, vai gastar lá (no Recife)”. Lula também fez questão de lembrar que Jarbas Vasconcelos era o governador de Pernambuco quando ocorreram as primeiras discussões sobre a construção da refinaria no Estado.
Funcionários de volta
O presidente ainda requisitou ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prattes, que encontrasse os antigos funcionários da refinaria que foram demitidos após a paralisação de 2015. “Tem que descobrir cada funcionário que foi mandado embora daqui e traga ele de volta. Nosso lema é: ninguém solta a mão de ninguém e ninguém deixa o companheiro para trás”.
Sexta-feira
Na manhã da sexta-feira (19/1), a partir das 9h, Lula participa da cerimônia de transmissão de cargo do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Curado, na Zona Oeste do Recife. Em seguida, às 10h30, também participa da assinatura do Termo de Compromisso para a construção da Escola de Sargentos, no mesmo lugar.
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