O hacker Walter Delgatti Neto prestou depoimento à CPMI do 8 de janeiro, nesta quinta-feira (17/8), e fez declarações que implicam diretamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A Polícia Federal já solicitou um novo depoimento de Delgatti para sexta-feira (18/8), já que ele teria feito revelações apenas na CPMI e desta forma teria omitido informações no seu primeiro depoimento à PF feito na última quarta-feira (16/8).
Apenas na CPMI, Delgatti fez revelações como: a promessa de Bolsonaro ter prometido a ele um indulto caso fosse preso por ação contra urnas eletrônicas; promessa de emprego feita por parte da Zambelli na campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro; o pedido de colocação de grampo no ministro Alexandre de Moraes, do STF (à época presidente do Tribunal Superior Eleitoral; uma citação contra o marqueteiro de Bolsonaro, Duda Lima, que durante a campanha teria pedido um “código-fonte” fake para apontar vulnerabilidade das urnas com reconhecimento de segurança e credibilidade internacionais; além disso, ele afirmou que orientou servidores do Ministério da Defesa a elaborarem documento sobre as urnas.
Segundo o hacker, ele foi procurado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP) para se reunir com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, com Duda Lima e com o próprio Bolsonaro, à época candidato à reeleição. O advogado do hacker, Ariovaldo Moreira, disse que seu cliente teria recebido R$ 40 mil de Zambelli como pagamentos pelos serviços de hacker. A parlamentar teria feito depósitos que chegam a R$ 14 mil e o restante do valor foi feito em espécie.
Delgatti está preso desde agosto acusa de participar de um ataque contra o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para emitir um falso pedido de prisão contra Alexandre de Moraes.
Delgatti aceita fazer acareação com Bolsonaro
Walter Delgatti Netto disse que aceita participar de acareação com o ex-presidente Jair Bolsonaro para comprovar informações fornecidas à comissão parlamentar mista de inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele foi questionado sobre a possibilidade pelo senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) e respondeu que sim, “de forma tranquila”.
“Lembrando que eu faço qualquer acareação, caso seja necessário aqui. Estou à disposição”, afirmou ao ser questionado pelo deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA).
Após depoimento à CPMI, defesa vai pedir proteção a Delgatti
A defesa de Delgatti solicitou a inclusão dele no programa de proteção a testemunhas. Ou seja, liberdade com segurança. Durante o depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, Delgatti admitiu que teme pela própria vida.
“O senhor está agindo com muita coragem, é certo, mesmo tendo um habeas corpus, falando e contribuindo com a investigação. O senhor teme pela sua vida?”, questionou o deputado federal Rubens Pereira Júnior (PT-MA).
“Atualmente, sim”, respondeu Delgatti. O hacker acrescentou que o advogado dele já sofreu ameaças de morte. “Ele fez boletim de ocorrência e ele tem as mensagens e áudios da ameaça”, afirmou.
*Com Agência Brasil
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