Quem segura João Campos em 2024?

João Campos vem demonstrando traquejo político dentro das articulações políticas envolvendo o PSB e o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
O prefeito João Campos (PSB) tem no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o principal cabo eleitoral para tentar a reeleição em 2024. Além disso, o socialista tem portas abertas nos ministérios, a conquista de assinaturas de contratos que impulsionam sua administração e uma consequente avaliação positiva junto à população recifense. Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República.

O prefeito João Campos (PSB) vem se fortalecendo junto à população recifense, segundo um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, que divulgou o Ranking da Avaliação dos Prefeitos das 10 maiores capitais do Brasil, em junho de 2023. A pesquisa mostra João Campos na terceira colocação, atrás apenas do segundo colocado e prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), e de Bruno Reis (União Brasil), prefeito de Salvador, primeiro da lista.

Na pesquisa, João Campos tem 66,3% de aprovação, 24,8% de desaprovação e outros 5,3% não sabiam ou não opinaram. De 30 de março a 2 de abril, foram questionadas na capital pernambucana 816 pessoas, com margem de erro de 3,5% para mais ou para menos.

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João Campos mira na sua reeleição de 2024 vislumbrando talvez uma possível disputa ao Governo de Pernambuco em 2026. Mas, antes disso está fazendo o dever de casa enquanto administrador do Recife para depois tentar cumprir o dever de casa eleitoral nas eleições municipais do próximo ano.

O PSB, de João Campos, sofreu um baque eleitoral nas últimas eleições para o Governo do Estado, quando o ex-deputado federal e superintendente da Sudene, Danilo Cabral, perdeu a disputa para a atual governadora Raquel Lyra (PSDB), que impôs o fim de uma trajetória de 16 anos de comando socialista no Palácio do Campo das Princesas. Porém, mesmo sendo um índice importante, o prefeito recifense não teve sua imagem desgastada junto aos eleitores da Capital. Pelo contrário, como revelou a pesquisa, ele se fortaleceu ao longo dos dois anos e meio de mandato.

Para continuar seguindo seus planos de reeleição, João Campos vem demonstrando traquejo político dentro das articulações políticas envolvendo o PSB e o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Hoje, o PSB ocupa a vice-presidência da República, com Geraldo Alckmin, que ainda desempenha o papel de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

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O PSB também tem o Ministério da Justiça, com Flávio Dino, que tem como Secretário Nacional de Justiça Secretário Nacional de Segurança Pública, o ex-deputado federal por Pernambuco e correligionário, Tadeu Alencar. No Ministério dos Portos e Aeroportos está Márcio França, ex-governador de SP, que participa das tentativas de retomada econômica do Porto de Suape e do Porto do Recife. Como baixa pode-se lembrar da desfiliação do ex-governador Paulo Câmara, que deixou o partido após não ter indicação para assumir um ministério, mas Lula o nomeou presidente do Banco do Nordeste.

Ou seja, João Campos está dentro de uma conjuntura que aparentemente se apresenta sólida para que Lula suba apenas no seu palanque na corrida pela reeleição como prefeito do Recife em 2024. E ter Lula como principal cabo eleitoral, sendo o atual presidente, dentro da disputa recifense parece mais ajudar do que atrapalhar.

Dentro desse cenário, o senador e vice-presidente nacional do PT, Humberto Costa, vem se mostrando um aliado do PSB nas últimas decisões eleitorais. Ora, Humberto não permitiu que Marília Arraes disputasse o governo do estado contra Paulo Câmara em 2018, quando ela ainda estava no PT depois de sair do PSB. Também foi Humberto quem articulou a recente ida de Danilo Cabral para Sudene. Humberto também participou das articulações para que a petista Teresa Leitão fosse a então candidata ao Senado pela chapa de Danilo Cabral. Ainda coube ao senador também participar das articulações que garantiram Paulo Câmara no BNB. Aliás, Paulo Câmara pode até mesmo se filiar ao PT, como se comenta nos bastidores.

Dentro da Prefeitura do Recife, em março deste ano, João Campos nomeou Oscar Barreto secretário de Meio Ambiente do Recife e Ermes Costa à frente da Secretaria de Habitação. Ambos são indicações do PT, de Humberto.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o prefeito João Campos (PSB). Foto: Rodolfo Loepert/Prefeitura do Recife

Como adversários, em todos os cenários apresentados por prematuras pesquisas apresentam pelo menos um representante que sairia direto do Governo Raquel Lyra. Aqui, vale pontuar que a governadora tem uma boa relação institucional e até mesmo pessoal com Lula, mas a questão eleitoral é diferente.

Entre os palacianos, a vice-governadora Priscila Krause (Cidadania) e o secretário de Turismo e ex-deputado federal, Daniel Coelho (Cidadania), que teve 110.511 votos (em todo estado de Pernambuco), mas não foi eleito deputado federal, são apontados como possibilidades.

Nessa corrida, o deputado federal Mendonça Filho, que teve 76.022 (em todo estado de Pernambuco), que é aliado de Raquel Lyra, também se apresenta como prefeiturável. O deputado federal André Ferreira (PL) se coloca como opção do bolsonarismo, assim como o ex-ministro do Turismo de Bolsonaro, Gilson Machado.

São ventilados ainda para a disputa: o ex-prefeito do Recife e deputado estadual, João Paulo (PT), que por ser petista, e, portanto, correligionário de Humberto Costa não deve concretizar a candidatura se estiver no PT; o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (União), que teve um bom desempenho nas eleições para governo estadual do ano passado, mas que não tem a mesma presença no Recife como o correligionário Mendonça Filho também é citado. O deputado federal Túlio Gadêlha (Rede), que, neste momento, faz parte do conjunto de forças do governo Lula e, de certa forma, também do PSB, é lembrado pelas pesquisas, mas também tem menos chances de se candidatar. E a líder da oposição na Alepe ao governo Raquel Lyra, deputada Dani Portela (PSOL), que apoia criticamente o governo federal é apontada como possibilidade desse jogo político.

Ainda existe o caso da ex-deputada federal, Marília Arraes (Solidariedade), que foi para o segundo turno das eleições para o governo e foi derrotada por Raquel Lyra. Marília que vem sendo cogitada para assumir o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) parece ter ficado mais isolada, mas pode entrar no jogo eleitoral novamente, assim como fez em 2020, sendo derrotada exatamente pelo primo João Campos.

Porém, nenhum destes seria capaz de fazer frente a João Campos. Em todas as pesquisas, o socialista aparece com chances de vencer até mesmo no primeiro turno. Na pesquisa Real Time Big Data, realizada no mês de maio, João Campos atinge entre 46% a 51% dependendo dos adversários.

João Campos não dorme no ponto. Ele sabe usar as portas abertas por Lula e seu partido nos ministérios. Tanto que durante a visita de Lula desta semana, Ermes Costa, conseguiu junto ao do ministro das Cidades, Jader Filho, do MDB, o aval para que a prefeitura faça a doação dos conjuntos habitacionais Encanta Moça 1 e 2. Os moradores receberão de forma gratuita, desde que estejam no BPC (benefício de prestação continuada) ou Bolsa Família, ou sejam oriundos dos reassentamentos involuntários das obras da Via Mangue que continuam no auxílio moradia. O prefeito também conseguiu de forma célere destravar recursos na ordem de R$ 2 bilhões junto ao BID para realizar um sistema de obras de prevenção contra desastres.

Na semana passada, esteve no Recife, o ministro Carlos Lupi inaugurando ao seu lado o Centro de Referência da Primeira Infância do Recife (CRIAR). Lupi é presidente nacional do PDT, da vice-prefeita do Recife Isabella de Roldão. Este sim um caso que pareceu mais delicado, já que Isabella apoiou no segundo turno a então candidata ao governo Raquel Lyra, mas há sinalizações de que qualquer divergência tenha sido resolvida.

João Campos, assim como alguns do prefeituráveis apresentados, tem nas redes sociais um ponto forte, uma maneira de se comunicar, principalmente, com os eleitores mais jovens que o fortalece na vindoura eleição de 2024. Muita água ainda vai rolar até outubro de 2024, mas a pergunta que fica é: quem segura João Campos em 2024? O tempo dirá se haverá alguém ou não.

Prefeito do Recife João Campos (PSB) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Rodolfo Loepert/Prefeitura do Recife

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