
O crescimento de pequenos negócios no Nordeste segue como destaque no cenário econômico brasileiro em 2025. Dados do Sebrae, com base na Receita Federal, revelam que a região criou 236 mil novos pequenos negócios até março deste ano, sendo 74% deles microempreendedores individuais (MEIs).
Pernambuco registrou a abertura de 40.566 pequenos negócios no primeiro trimestre, um crescimento de 42,3% em relação ao mesmo período de 2024. O estado ficou atrás apenas da Bahia (63.173) e do Ceará (42.441) no ranking nordestino. No total, a região respondeu por 15,3% das 1,4 milhão de novas empresas abertas no Brasil no período.
Nordeste avança e ganha espaço no Mapa do Empreendedorismo Nacional
Segundo o Sebrae, o Nordeste já concentra 16% do total de CNPJs ativos no Brasil, somando 3,7 milhões de empresas – sendo 1,9 milhão MEIs e 1,7 milhão micro e pequenas empresas (MPEs). A Bahia lidera com 1,1 milhão de registros, seguida por Ceará (645 mil) e Sergipe (633 mil).
Embora o Sudeste ainda concentre a maioria das novas aberturas (51,1% em 2024), a tendência é de ganho de representatividade do Nordeste. “A região tem muito potencial para se desenvolver. O turismo, a formalização de empreendedores informais e a capacitação têm impulsionado esse movimento”, avalia Denis Nunes, Coordenador de Estudos e Pesquisas do Sebrae Nacional.
Serviços e logística puxam as aberturas
O setor de serviços lidera a abertura de empresas no Nordeste, representando 59% dos novos CNPJs em 2025. O comércio aparece em seguida com 27%, e a indústria de transformação, com participação menor. Essa distribuição está em linha com a realidade nacional, onde o setor de serviços responde por 63,7% das aberturas, concentrando atividades mais acessíveis aos MEIs.
Em Pernambuco, segmentos como transporte de cargas, entregas rápidas e serviços de saúde são os principais motores do crescimento. “Além dos setores tradicionais como restaurantes e salões de beleza, estamos vendo um avanço de negócios em logística, saúde e ensino”, afirma Sylvia Siqueira, economista do Sebrae-PE.
Sobrevivência e desafios dos novos negócios
O entusiasmo com os novos negócios não apaga os desafios enfrentados. Segundo o Sebrae, a taxa de sobrevivência dos MEIs caiu nos últimos anos: apenas 66% continuam ativos após dois anos, enquanto 89% das micro e pequenas empresas seguem operando no mesmo período.
Entre os gargalos enfrentados pelos empreendedores nordestinos estão a burocracia, a dificuldade de acesso ao crédito e a falta de capacitação em gestão. “O ambiente de negócios ainda é complexo e inibe a sustentabilidade a longo prazo”, pontua Sylvia.
Ainda assim, a expectativa é positiva para os próximos meses. A redução da inflação e das taxas de juros pode facilitar o acesso ao crédito e estimular investimentos. “Com o crédito mais barato, tanto empresas quanto consumidores se beneficiam, o que pode ajudar na manutenção e no crescimento dos negócios”, conclui a analista.
Tendências para o Segundo Trimestre
Embora o ritmo de aberturas possa sofrer variações sazonais, o Sebrae acredita que a região seguirá contribuindo fortemente para os dados nacionais. A expectativa é que o Nordeste continue atraente para empreendedores formais e informais, especialmente em áreas ligadas à prestação de serviços, turismo e atividades ligadas à transformação urbana e digital.
“Os últimos anos mostram resultados positivos de abertura e saldo de empresas em Pernambuco. Todavia, o cenário econômico atual impõe desafios, e os negócios mais sensíveis a juros e preços elevados podem sentir os impactos. Ainda assim, o potencial da região continua evidente e deve se manter ao longo do ano”, afirma Sylvia Siqueira, economista do Sebrae-PE.
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