Vendas de cimento fecham o semestre em queda

Sindicato da Indústria do Cimento revela preocupação com o cenário econômico e prevê mais dificuldades este ano
Etiene Ramos
Etiene Ramos
Jornalista

As vendas de cimento no país sofreram uma queda de 2,7% no primeiro semestre de 2022, em comparação ao primeiro semestre de 2021, e de 5,3% em junho, em comparação a maio deste ano. Mesmo assim, no mês passado, foram comercializadas 5,2 milhões de toneladas, segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento – SNIC.

Redução das obras de construção impactam as vendas de cimento – FOTO: José Paulo Lacerda/CNI

Para os fabricantes, o primeiro semestre foi marcado por juros altos e em ascensão, inflação elevada e massa salarial em patamares ainda preocupante, e as dificuldades podem ficar ainda maiores nos próximos meses, com “um cenário econômico e político ainda mais turbulento”, causando preocupação sobre o comportamento do consumo de cimento no país.

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De acordo com o SNIC, as vendas do insumo, após seis meses de retração, acumulam 30,8 milhões de toneladas. Ao se analisar o despacho de cimento por dia útil em junho de 225,4 mil toneladas, há uma diminuição de 5% sobre junho do ano passado e de 3,4% em relação ao primeiro semestre de 2021.

Guerra Rússia x Ucrânia prejudica produção de cimento

A imprevisibilidade do fim do conflito entre Rússia e Ucrânia continua pressionando os insumos energéticos. O preço do coque de petróleo, principal fonte de energia para a indústria do cimento subiu 73,5% nos últimos 12 meses. No âmbito doméstico, energia elétrica, frete, sacaria, gesso e refratários também vem tendo forte incremento de preços, segundo o SNIC.

”Ao longo do ano com o sucessivo agravamento do ambiente econômico, altas das taxas de juros, inflação e preço das commodities somadas a instabilidade geopolítica, causada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, têm impactado a economia e todo setor industrial brasileiro. Diante desse cenário, a expectativa da indústria do cimento em assegurar os ganhos obtidos de 2019 a 2021 caminha para uma indesejável frustração”, observa o presidente do SNIC, Paulo Camillo Penna.

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A conjuntura econômica, com alto endividamento das famílias brasileiras e a inflação insistindo em permanecer em 2 dígitos, além da taxa de juros subindo até 13,25%, agravam o quadro e tornam o financiamento habitacional ainda mais caro levando à diminuição nas vendas de unidades imobiliárias. De acordo com o sindicato, o cenário já se reflete numa forte queda de unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE): depois de subir 298,6% no ano passado, teve um desempenho positivo de 7,1% no acumulado até maio deste ano.

Já os lançamentos imobiliários apresentaram queda de 2,6% no 1º trimestre de 2022 com relação ao 1º trimestre de 2021. “Esse comportamento de alta de vendas e queda de lançamentos imobiliários reduz o estoque de obras, comprometendo o desempenho da indústria do cimento a curto e médio prazo”, afirma o presidente do SNIC.

Por outro lado, o Sindicato observa que o mercado de trabalho voltou a dar sinais de recuperação, com a taxa de desemprego atingindo o menor valor desde o início de 2016 (9,8% em maio/22,) o que contribui para um leve crescimento da massa salarial – mesmo com uma remuneração mais baixa e informal.

Além disso, a adoção pelo governo federal de medidas pontuais como a liberação do FGTS e a antecipação do 13º no INSS somadas ao aumento do valor do auxílio Brasil, estimularam a economia nesse 1º semestre. Para os próximos meses, a redução do ICMS sobre os combustíveis deve ajudar a situação econômica e financeira dos agentes econômicos.
 

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