China: confinamento eleva frustração em Xangai e afeta negócios no Brasil

Ao reforçar a determinação após três semanas de lockdown rigoroso, as autoridades alertaram aos 25 milhões de moradores exaustos de Xangai que o purgatório continuará até que o vírus da covid-19 seja erradicado bairro por bairro.

A China vem adotando medidas cada vez mais severas para combater o vírus da covid-19, e algumas delas estão impactando os negócios de carne no Brasil. Em uma semana, a China suspendeu as importações de cinco frigoríficos brasileiros.

E o cenário parece bem incerto. Nesta sexta-feira (22), ao reforçar a determinação após três semanas de lockdown rigoroso, as autoridades alertaram aos 25 milhões de moradores exaustos de Xangai que o purgatório continuará até que o vírus da covid-19 seja erradicado bairro por bairro.

- Publicidade -

“Não tenho ideia se algum dia poderei sair novamente na minha vida, estou caindo em depressão”, disse um usuário no Weibo da China, semelhante ao Twitter, após reportagem da agência de notícias estatal Xinhua sobre as últimas medidas anunciadas em Xangai. Outro usuário perguntou: “Quanto tempo isso vai durar?”

carne
Foto: SNA

As plantas brasileiras afetadas pelas medidas de contenção da China, até agora, foram duas da Marfrig (MT e SP), uma da JBS (MT), uma da Naturafrig (SP) e uma da Masterboi (PA). A alegação dos fiscais chineses é de que foi encontrado ácido nucleico do novo coronavírus na embalagem externa dos lotes dos produtos dessas empresas. Mas, no caso da Masterboi, por exemplo, a empresa disse que todos seus funcionários estão com ciclo vacinal completo, incluindo a terceira dose, e que o último caso de covid-19 registrado na unidade foi em janeiro passado.

China abastecida

Dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) mostram que, de janeiro a março de 2022, a China comprou 55% (258 mil) das 468 mil toneladas embarcadas pelo Brasil para o mercado internacional. Durante todo o ano de 2021, o gigante asiático representou 64% das compras da proteína, com 855 mil toneladas das 1,55 milhão de toneladas embarcadas.

- Publicidade -

No Boletim Agroexport da última terça-feira (19), o diretor de Conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, ressaltou que, a situação “é uma estratégia comercial da China”. Segundo Ferreira, o país asiático está abastecido e precisa renegociar contratos. “E como a China consegue fazer isso, ficar sem importar? A China está abastecida. Vamos lembrar que, no ano passado, a China foi responsável por 55% das importações de carne bovina do Brasil e de 62% da carne suína brasileira”, recorda.

Oferecendo um vislumbre de luz, o governo da cidade disse – em sua conta oficial do WeChat – que as infecções estavam mostrando uma “tendência positiva” e que a vida poderia voltar ao normal em breve, desde que as pessoas seguissem regras rígidas para conter a propagação do vírus.

Restrições

No entanto, alguns distritos de Xangai endureceram as restrições de movimento e, mesmo em bairros que atendiam aos critérios para que as pessoas pudessem deixar suas casas, as autoridades ordenavam que ficassem confinados, irritando famílias que sofrem com semanas de isolamento.

“Nosso objetivo é atingir zero covid-19 o mais rápido possível”, afirmou o governo, referindo-se a uma meta de eliminar a transmissão fora das áreas em quarentena.

Quando as infecções começaram a aumentar no início de abril, quase todos em Xangai foram obrigados a ficar em casa. Como resultado, os moradores perderam renda, sofreram separações familiares e tiveram dificuldade em atender às necessidades básicas.

Depois de ter passado pelo recente embrago à carne brasileira, em setembro, devido às suspeitas do mal da vaca louca em frigoríficos de Minas Gerais e Mato Grosso, as empresas brasileiras intensificaram as estratégias dentro de um plano B para suas exportações. Tanto que o Brasil está conseguindo diversificar mais o destino da sua carne bovina. Neste ano, os maiores compradores, além do gigante asiático, foram Estados Unidos, Egito, Filipinas, Chile e Israel. No ano passado, foram Chile, Estados Unidos, Filipinas e Emirados Árabes.

*Da redação com Agência Brasil

Leia também: China suspende importações de mais um frigorífico brasileiro

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -