
Nesta segunda-feira (6), a Região Metropolitana do Recife (RMR) amanheceu debaixo d’água devido a um Distúrbio Ondulatório de Leste (DOL), que provocou chuvas de até 77,93 mm em algumas cidades, 60% do esperado para o mês.
Segundo o meteorologista da Apac, Roni Guedes, a maior parte da RMR recebeu um volume de chuvas acima de 70mm; Recife e Olinda chegaram a 100 mm. Em Olinda, o temporal levou a um deslizamento de barreira no bairro de Águas Compridas, deixando feridos e um morto: Israel Campelo dos Santos, de apenas 19 anos, que dormia quando a tragédia aconteceu.
O prefeito de Olinda, Professor Lupércio (Solidariedade), visitou a sede da Defesa Civil do município, onde participou de uma reunião para avaliar a situação. Em nota, a prefeitura declarou que a área onde houve a tragédia é protegida “por lonas plásticas”, que cinco pontos da Rua Seis de Janeiro devem receber aplicação de geomanta para evitar deslizamentos. O produto está sendo comprado, por meio de um “processo de licitação [que] está seguindo o rito dos prazos legais e [cuja] previsão de término é no final deste mês”.
O município, que tem 50% de sua população vivendo em áreas de morro, declarou ainda que “outras obras de contenção de encostas estão previstas para serem iniciadas ainda esta semana, com a construção de muros de arrimo”.
No Recife, onde foram registrados 146mm de chuva, escolas e universidades cancelaram aulas nesta segunda-feira. Por meio das redes sociais, o prefeito, João Campos (PSB), declarou que a prefeitura “está mobilizada com 3 mil profissionais no atendimento à população, monitoramento dos morros, limpeza, trânsito e desobstrução das vias”. Em Paulista, foi suspenso o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde desde as 13h, devido aos alagamentos provocados pelo temporal.
Atuação do Governo do Estado
Em visita ao local onde uma casa foi atingida pelo deslizamento de barreira, a governadora Raquel Lyra disse que reuniões foram realizadas pela vice, Priscila Krause, com membros da Defesa Civil dos 14 municípios da região, para que sejam implementadas ações de curtíssimo, médio e longo prazo.
“Investir nos morros da RMR exige muitos recursos. Tem pessoas em áreas de extremo risco. A gente está começando agora um trabalho para permitir que essas pessoas possam estar num lugar seguro. Infelizmente hoje aconteceu, houve perdas, o que a gente quer é que nenhum família passe por isso”, disse a governadora.
Além de prestar solidariedade à mãe do jovem que faleceu durante a chuva, Raquel declarou que “nenhuma mãe nasce pra ver seu filho se perder assim. Estou com Priscila para prestar solidariedade, mas a gente também tá com a equipe técnica para poder apoiar as prefeituras para que elas possam, nessas áreas de extremo risco, as pessoas não estarem vivendo”, disse a chefe do Executivo.
Sobre as ações de enfrentamento aos problemas de deslizamentos em áreas de encostas, a governadora apontou que os altos níveis de pobreza da região eleva a importância do Estado agir “de maneira coordenada com as prefeituras, para que elas possam, nessas áreas de extremo risco, as pessoas não estarem vivendo. Nós remontamos a Secretaria de Recursos Hídricos, fortalecemos a Apac (Agência Pernambucana de Águas e Clima), criamos uma Secretaria Executiva de Defesa Civil junto à Secretaria de Defesa Social para poder fortalecer o sistema e garantir que a gente seja mais eficiente na aplicação de recursos públicos. Cada um precisa fazer sua parte e o Governo do Estado está aqui para poder apoiar as prefeituras a cumprir seu papel”, finalizou.
O diretor da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e deputado estadual recém-empossado, José Patriota (PSB), declarou que “quando a vida das pessoas está em risco, é necessário que os órgãos trabalhem integrados. A gestão pública é muito departamentalizada, isso atrapalha a integração. Estado, municípios, defesas civis, secretários e gestores precisam sentar num comitê de crise e gerenciar todas as ações, e ter uma central que receba todas as reclamações e possa agir com rapidez”, disse o deputado.
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