Começa em Pernambuco uma das fases mais criticas para o combate à praga da mosca dos estábulos, que vem causando grande prejuízo a pecuária estadual. De junho a novembro, por força de lei, fica proibida a utilização da “cama de frango” como adubo em oito cidades que apresentam situação mais crítica..
O uso da cama aviária no plantio é um dos maiores responsáveis pela proliferação da mosca, que atinge principalmente os municípios onde ocorre a proibição: Amaraji, Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Félix, Chã Grande, Cortês, Gravatá e Sairé.
A cama de frango – mistura de palha, serragem, cascas, dejetos das aves e outros produtos – é usada na avicultura para forrar o chão dos galpões, de forma a absorver umidade e evitar o contato direto das aves com o piso.
Rico em diversos nutrientes, esse composto é reaproveitado tradicionalmente, na região afetada, como adubo orgânico para o cultivo de inhame.
O problema é que a cama também serve para que a mosca-dos-estábulos ponha seus ovos e a aplicação na lavoura acaba contribuindo para a proliferação da praga, cujo período mais intenso é justamente entre junho e novembro.
Estratégia contra mosca do estábulo foi definida desde o ano passado
Para garantir o cumprimento da proibição durante os seis meses em 2024, o Grupo de Trabalho responsável pelo combate à praga elaborou no ano passado um plano de trabalho, visando mais eficiência na fiscalização, de forma a reduzir a incidência da mosca dos estábulos.
O GT, instituído pelo decreto estadual nº 56.056, de 29/12/23, é coordenado pela Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambuco. Fazem parte do colegiado representantes do poder público, da academia e de organizações da sociedade civil ligadas ao agronegócio e saúde animal.
Mosca dos estábulos: o que determina a lei?
A regulamentação do uso, incluindo o período, da cama de aviário foi uma das principais estratégias adotadas pelos governos estaduais para o combate à mosca dos estábulos.
Em Pernambuco, o arcabouço do tema está contido na Lei Estadual nº 18.407/23. A legislação proíbe a utilização e o armazenamento da cama de aviário (ou cama de frango) como adubo orgânico na atividade agrícola no período sazonal de maior intensidade da praga..
A medida é considerada fundamental para minimizar a proliferação do inseto que chegou a um nível, no estado, em que afeta não apenas o gado, mas também a população. Nas cidades da zona de maior incidência, são comuns os relatos de infestação nas residências.
Mosca dos estábulos: secretário destaca aspecto pedagógico
o secretário de Desenvolvimento Agrário, Agricultura, Pecuária e Pesca, Cícero Moraes, destaca que a atuação do GT e da Adagro, nessa época do ano, não é voltada simplesmente para fiscalizar e punir.
Segundo ele, nessas ações, há um aspecto pedagógico importante para conscientizar avicultores e pecuaristas sobre o combate àa mosca dos estábulos e, com isso, as ações também representam um esforço para promover a mudança cultural exigida pela guerra contra a mosca.
Estudos realizados pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) apontam que uma das principais causas da praga é a má gestão dos resíduos nas propriedades do agro. “É um problema sanitário complexo”, analisa o doutor em entomologia pela Universidade Federal de Viçosa (MG) e professor da UFRPE, Walter Evangelista Júnior.
Ele frisa que uma das linhas de ação do GT é voltada justamente para a capacitação dos pecuaristas e agricultores na área de destinação de resíduos. “A praga evidencia o manejo incorreto e só vai ser solucionada com a conscientização, informação e engajamento de todos os segmentos relacionados às atividades do agro nas áreas afetadas”, acrescenta.
Prefeituras são fundametais na guerra contra a mosca dos estábulos
Outro aspecto destacado pelo secretário Cícero Moraes é a necessidade de um participação fortíssima das prefeituras nesse trabalho, já que essa é a esfera do poder público que está mais próxima do cidadão, incluindo os empresários da avicultura e criação de gado.
“Nosso objetivo é uma parceria com os municípios”, afirma. “A atuação das gestões municipais é indispensável para o sucesso no combate a essa praga”, diz o presidente interino da Adagro, Jurandir Cavalcante Filho.
O que é a mosca dos estábulos?
A Stomoxys calcitrans – nome científico da mosca dos estábulos ou mosca da vinhaça – ocorre em diversos países do mundo e no Brasil está distribuída amplamente em todo o território nacional. É um inseto hematófago (se alimenta de sangue) que ataca preferencialmente bovinos e eqüinos. Mas pode atacar também animais domésticos e o próprio homem.
Os animais atacados, além da perda de sangue e de peso, são afetados pela dor provocada pelas picadas. O estresse gerado altera o comportamento do rebanho, influenciando na alimentação. Sem apetite, o emagrecimento se agrava e a produção de leite é reduzida.
Outros impactos são a redução da produtividade do rebanho, queda na fertilidade das fêmeas, aumento da incidência de abortos e morte de bezerros.
Mosca dos estábulos: confira as orientações sobre a lei
- 6 meses (junho a novembro de 2024) – É o período de proibição para o uso e o armazenamento da cama de aviário (ou cama de frango) nos municípios mais afetados pela infestação da mosca-dos-estábulos em Pernambuco;
- 8 municípios do Agreste e Mata Sul – Amaraji, Barra de Guabiraba, Bonito, Camocim de São Félix, Chã Grande, Cortês, Gravatá e Sairé – ficam proibidos de utilizar a cama de aviário como adubo orgânico na atividade agrícola;
- Os produtores que descumprirem a Lei 18.407/23 estão sujeitos a advertência e multa.
Quais as medidas para prevenção da mosca dos estábulos?
- Manter limpas as instalações da propriedade;
- Manter limpos os cochos;
- Manter cobertos a ração e o silo;
- Utilizar armadilhas com iscas e o controle químico com larvicidas e mosquicidas nas propriedades;
- É proibido utilizar a cama de aviário na alimentação do gado (Instrução Normativa MAPA nº 08/2004);
- Cumprir o período de proibição de uso da cama de frango como adubo.
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