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Do arco-da-velha à nova chance de cumprir promessa a montadora

A falta do Arco Metropolitano é o mote da sexta e última matéria da série sobre os nove anos da implantação da montadora da Stellantis
Arco metropolitano
Sem o Arco Metropolitano, os congestionamentos persistem na BR-101 Norte e afetam entregas da montadora de Goiana. Foto: PRF

Nove anos depois da sua inauguração, a fábrica da Stellantis, em Goiana, continua precisando de uma melhor infraestrutura para escoar a sua produção, o que pode no futuro, comprometer expansões de uma planta que provocou grande impacto em toda a economia de Pernambuco e traz perspectivas promissoras, como os R$ 13 bilhões em investimentos anunciados na semana passada. A solução viária seria o Arco Metropolitano. A governadora Raquel Lyra (PSDB) disse que vai licitar o trecho Sul desta via expressa neste semestre, mas o trecho norte não tem nem o traçado definido. 

A fábrica da Stellantis Goiana (PE) produziu mais de 1,5 milhão de veículos da marca Jeep, dos quais 250 mil foram exportados. A maneira mais rápida de escoar estes carros até o Porto de Suape seria pelo Arco Metropolitano, uma via expressa que ligaria a região de Goiana ao litoral Sul de Pernambuco, onde está o Porto de Suape, sem passar pelos constantes congestionamentos da BR-101 nos municípios de Paulista, Abreu e Lima e Igarassu.

“A falta do Arco Metropolitano é um atraso muito grande para Pernambuco como um todo. O escoamento de Goiana para o litoral Sul tem uma logística muito complicada. Se o Porto de Cabedelo (na Paraíba) tivesse condições de receber as cegonhas, a operação de embarque dos veículos já tinha se mudado para Cabedelo”, diz o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Ricardo Essinger. 

Ele argumenta que, de carro, são necessários 40 minutos para ir de Goiana a João Pessoa, enquanto de Goiana ao Recife se gasta pelo menos duas horas. “A BR-101 de Igarassu para o Recife virou uma via urbana com engarrafamentos, sinais de trânsito, passagem de pedestre. Deixou de ser uma BR”, constata Essinger. 

Velocidade para desenvolver

O presidente da Fiepe diz que Pernambuco “não pode perder o time”. E acrescenta: “Estamos, devagarzinho, perdendo coisas que são importantes para o desenvolvimento do Estado. A velocidade tem uma influência grande. Não pode planejar isso pra daqui a 10 anos”. E alerta: “É relevante fazer a licença ambiental do traçado norte do Arco Metropolitano”. Segundo ele, os ministros que fazem parte do governo federal e a bancada federal pernambucana deveriam se unir para tornar o Arco Metropolitano uma realidade. 

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O sócio-diretor da renomada consultoria Ceplan, o economista Jorge Jatobá, defende que as lideranças políticas e empresariais do Estado têm que demandar com ênfase a construção do Arco Metropolitano. “A falta dele aumenta o custo da logística tanto na aquisição dos insumos como no preço do produto final. O tempo de deslocamento aumenta, o custo também cresce e isso tira a competitividade da indústria”, resume.

Também há outro motivo para ter pressa na implantação do Arco Metropolitano. Os incentivos fiscais vão acabar até 2032 com a reforma tributária aprovada pelo Congresso Nacional. “Depois disso, a atração e a manutenção dos investimentos vão depender da qualidade da infraestrutura existente, como portos, estradas, aeroportos e a qualidade dos recursos humanos. É muito importante este empreendimento ser concluído o mais rápido possível, porque representa um gargalo na economia do Estado”, defende Jatobá.

Negociações com montadora iniciaram em 2010

As negociações  para que uma fábrica da então Fiat se instalasse em Pernambuco começaram em 2010 e a construção da planta foi iniciada em 2012. As marcas Fiat e Jeep pertencem à Stellantis, um grupo ítalo-franco-americano. Ainda em 2010, nas negociações para a implantação da montadora, o governo de Pernambuco se comprometeu a construir o Arco Metropolitano. Na época, a obra seria feita com recursos do governo federal.

A disposição do governo federal em apoiar o projeto desapareceu quando o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), deixou o cargo para concorrer à Presidência da República em 2014, tornando-se oposição ao governo de Dilma Rousseff (PT). Depois disso, veio a maior recessão do País em 2015 e 2016, paralisando obras feitas com recursos públicos e o Arco foi ficando pra depois.

A falta de alocação de recursos não foi o único empecilho para o Arco Metropolitano sair do papel. O projeto é formado por dois grandes trechos: o Sul – que ligava a BR-232 ao Cabo – e o Norte, que saíria de Paudalho e iria até Itapissuma, acabando na BR-101. O traçado original desta segunda parte passava por dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Aldeia Beberibe, o que fez o projeto ser criticado por ambientalistas, moradores de Aldeia e organizações não governamentais.

A crítica ocorreu por dois motivos: a estrada desmataria uma parte da Mata Atlântica existente no local e também passaria por uma área da APA tem vários mananciais de água que abastecem o Grande Recife. O traçado definitivo não foi definido até hoje.

Governo de PE vai licitar o trecho Sul do Arco Metropolitano 

secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Diogo Bezerra
Diogo Bezerra diz que o governo do Estado bancará com recursos próprios o trecho Sul do Arco Metropolitano que vai beneficiar montadora e outras empresas. Foto: Divulgação

O secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Diogo Bezerra, explica que o governo do Estado vai realizar a licitação para o trecho Sul do Arco Metropolitano até o fim deste primeiro semestre. A parte a ser licitada totaliza 45 quilômetros, ligando o Cabo, na BR-101, até a BR-232, na altura de Moreno; também conecta a 232 com a BR-408, quase no limite de São Lourenço da Mata com Paudalho.

O projeto básico deste primeiro trecho ficou pronto em março último. As informações do projeto básico serão usadas na licitação. Este primeiro trecho tem um valor da obra estimado em R$ 1,3 bilhão. “É um investimento grande. A nossa intenção é bancar este primeiro trecho com os recursos dos empréstimos obtidos pelo Estado”, conta o secretário. Ele está se referindo aos dois financiamentos conseguidos pelo governo de Pernambuco, totalizando R$ 3,4 bilhões, sendo R$ 900 milhões emprestados pelo Banco do Brasil e R$ 2,5 bilhões pela Caixa Econômica Federal.

O projeto executivo do trecho Sul deve ficar pronto até o final de maio. A intenção do governo do Estado é iniciar a obra no segundo semestre deste ano com a previsão de finalizá-la até 2026. 

Indefinição do Trecho Norte do Arco

Como o trecho Norte do Arco Metropolitano ainda não tem um traçado definido, a intenção do governo do Estado é que esta segunda parte do Arco seja implantada com recursos da União via o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC3) da atual gestão do governo Lula (PT), segundo Diogo Bezerra.

“O traçado ainda não está definido. A intenção é ir construindo o trecho Sul do Arco, enquanto vão sendo definidas questões como o traçado do trecho Norte, o projeto básico e o projeto executivo”, comenta o secretário. 

Ao ser questionado se não corre o risco do Arco Metropolitano ficar restrito apenas ao trecho Sul, o secretário responde que, depois de ser implantado o primeiro trecho, a pressão da sociedade vai ser grande para que o empreendimento seja concluído.

“O Arco não é importante só para a Stellantis, mas para todas as empresas que estão na Região Norte do Grande Recife que trazem ou recebem seus produtos ou insumos por Suape. E também para as que têm ligações com o interior. O impacto da mobilidade na Região Metropolitana do Recife será imenso”, conclui Diogo. O Arco pode desafogar engarrafamentos que ocorrem também na Zona Oeste do Recife.  

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