A possibilidade de que qualquer cliente da rede de alta tensão possa migrar do mercado cativo de energia (regido por contratos obrigatórios com as distribuidoras estaduais) para o mercado livre – no qual é possível comprar eletricidade a qualquer concessionária – anima a AES Brasil no Nordeste.
Atualmente, a AES Brasil totaliza 927 unidades consumidoras UCs em 22 estados e 247 cidades do Brasil. Mas em 2024, com a abertura do mercado livre, a companhia avalia que há um potencial de migração de 70 mil UCs no Nordeste, das quais 9 mil apenas em Pernambuco. Os estados nordestinos respondem por 28% dos negócios da companhia no mercado livre.
O que mudou no mercado de energia?
A abertura do mercado livre vale desde janeiro deste ano, prazo fixado na Portaria Normativa nº 50 do Ministério de Minas e Energia (MME), publicada em 27 de setembro de 2022. Antes, apenas grandes consumidores – um complexo industrial, por exemplo – tinha essa flexibilidade.
Com as novas regras, qualquer cliente do Grupo A (que recebe tensão igual ou superior a 2,3 kV) pode escolher a quem vai comprar eletricidade. Com isso, pequenas fábricas, supermercados, postos de combustíveis, hotéis, hospitais e até condomínios residenciais podem aderir ao modelo.
Esse movimento vem acontecendo num ritmo considerado pela AES Brasil como “alinhado à expectativa de que houvesse uma corrida ao longo deste ano”. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), 2,4 mil unidades migraram do mercado cativo para o mercado livre só em janeiro passado. A quantidade é cinco vezes maior que a usualmente observada para um único mês.
A ruptura, no entanto, deve ser muito mais profunda, com o fim do mercado cativo para os consumidores do Grupo B (baixa tensão), que inclui o pequeno cliente residencial e não apenas um condomínio. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou recentemente que o governo trabalha para que isso aconteça até 2030.
AES Brasil atenta às oportunidades com a mudança
O diretor comercial da AES Brasil, José Carlos Reis, afirma que “2024 representa uma grande mudança para o setor elétrico, que passa pela maior ampliação do mercado livre desde a sua criação”. Ele destaca que, nos últimos quatro anos, a companhia se dedicou a estruturar um novo modelo varejista para atender a essa demanda.
Questionado sobre as vantagens para os clientes na troca de fornecedor de energia, o executivo sustenta que a redução na conta mensal pode chegar a 30%.
Em 2023, a subsidiária registrou recorde de desempenho de comercialização varejista em nível nacional. O volume chegou a 78 MWm, graças à captação de 359 novos contratos nessa modalidade.
AES Brasil com o pé no acelerador na geração
Em paralelo a sua expansão comercial, a AES Brasil – para garantir o atendimento da demanda em alta – acelera o ritmo dos seus investimentos em energias renováveis, concentrados no Nordeste.
Na região, a companhia tem complexos eólicos na Bahia (Tucano, com 365 MW), Ceará (Mandacaru, com 108 MW), Rio Grande do Norte (Salinas/50MW, Ventus /187MW e Cajuína /314 MW), Piauí (Ventos do Araripe/210 MW) e Pernambuco (Caetés/182 MW).
A única planta eólica da AES Brasil fora dos estados nordestinos fica no Rio Grande do Sul, em Cassino (64 MW). Ao todo, a empresa tem uma capacidade instalada de 5,2 GW no mercado brasileiro, 100% dela a partir de geração solar, eólica e hidráulica.
Os investimentos da empresa no Nordeste acontecem num ciclo em que a região atrai projetos de geração limpa de players multinacionais e nacionais, se firmando como a nova fronteira energética do país.
Os estados nordestinos concentram atualmente 90% de toda energia eólica gerada no Brasil. Rio Grande do Norte e Bahia são os maiores produtores do mercado nacional. Pernambuco ocupa o 6° lugar, segundo a entidade que representa as companhia do segmento, a AbEEólica.
Além desses empreendimentos, a AES Brasil tem um pré-contrato com o Governo do Ceará para a construção de uma fábrica de hidrogênio verde, no Porto do Pecém.
Quem é a AES Brasil
Subsidiária da AES Corporation (EUA), o Grupo AES Brasil atua nas áreas de geração de energia limpa, distribuição e comercialização de eletricidade, infraestrutura de telecomunicações e redução de emissões de gases de efeito estufa. Esse mix de negócios deverá ser ampliado com a estreia nacional da empresa na indústria do H2V.
A sede da companhia, que se define como uma “plataforma de energia integrada, adaptada às demandas dos clientes”, fica em São Paulo (SP).
A historia do grupo no Brasil começa em 1999 com a aquisição da Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê ao Governo de São Paulo.
Já a matriz, a AES Corporation, é uma das maiores companhias do setor no mundo, com atuação em 26 países, onde gera 30 mil empregos. A sede da companhia fica em Arlington, Virginia.
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