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Arco Metropolitano: PE cumpre promessa à Stellantis 10 anos atrasado

Arco Metropolitano, exigência da montadora para se instalar em Goiana, fez parte das contrapartidas assumidas pelo governo de Pernambuco na atração do empreendimento
Fernando Ítalo
Fernando Ítalo
fernando.italo@movimentoeconomico.com.br
Arco Metropolitano: Raquel promete lançamento do edital pela 2ª vez em 2024
Raquel e Cappellano: governo está bem na foto, mas esse é o 2º cronograma do Arco Metropolitano anunciado em 2024/Foto: Miva Filho (Secom)

Em visita à Stellantis Goiana, na tarde desta quinta-feira (25), a governadora Raquel Lyra assegurou para o presidente do grupo na América Latina, Emanuele Cappellano, o lançamento da licitação do primeiro bloco do Arco Metropolitano ainda neste semestre.

A via expressa, que vai integrar a Zona Norte do Grande Recife ao Porto de Suape, faz parte das contrapartidas assumidas pelo então governador Eduardo Campos para que a montadora – à época, pertencente à Fiat – se instalasse no município de Goiana.

O projeto foi uma exigência considerada fundamental pela multinacional para transferir seu empreendimento, inicialmente localizado em Suape, para o outro extremo da região metropolitana da capital. A mudança foi imposta por Eduardo, cuja gestão tinha uma política de descentralização do desenvolvimento socioeconômico.

Nessa reconfiguração, o Arco Metropolitano surgiu como solução para reduzir os custos e otimizar o transporte dos veículos fabricados no polo. Do complexo, os automóveis seguem, por modal rodoviário, até o porto, de onde são exportados em navios. O trajeto em caminhões até Suape totaliza, atualmente, 95 km.

O acordo entre estado e iniciativa privada foi firmado no início dos anos 2010. Nesse período, o polo automotivo de Pernambuco mudou de Fiat para Jeep e posteriormente as duas marcas passaram a fazer parte do conglomerado ítalo-franco-americano Stellantis.

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Além disso, nesses mais de 10 anos, a planta foi construída, ampliada, bateu a marca de 1,5 milhão de veículos produzidos e chegou ao 9º aniversário de entrada em operação, que será comemorado oficialmente neste domingo (28). Só o Arco Metropolitano não andou.

Em meados de 2014, o atraso gerou críticas públicas da Fiat aos governos estadual e federal. As declarações por meio da mídia vieram em resposta à decisão da então presidente da República Dilma Rousseff de retirar o apoio da União ao projeto. Foi uma retaliação à ruptura de Eduardo Campos com sua gestão e com o PT, para se candidatar à Presidência.

O que diz Raquel sobre o Arco Metropolitano?

Raquel Lyra, em sua agenda na montadora, afirmou que “agora a gente vai cumprir nossos compromissos como estado de Pernambuco, investindo em infraestrutura até o final do primeiro semestre”.

“A gente vai lançar a primeira etapa do edital do Arco Metropolitano, que vai ser o eixo sul“, garantiu, logo após Emanuele Cappellano apresentar o plano de investimentos de R$ 13 bilhões da Stellantis no parque automobilístico. O programa, voltado para hibridização de veículos e descarbonização do complexo, será executado de 2025 a 2030.

“A gente vai permitir que haja melhor eficiência na logística, não só da indústria automobilística, mas também de toda a produção da Zona Norte [do Grande Recife]”, disse ainda a governadora.

O eixo sul do Arco, com 45,3 km de extensão, vai da BR-408, em Paudalho, até a BR-101, no Cabo de Santo Agostinho. Já o eixo norte, com 50 km, interliga a 408 e a 101, na altura de Goiana.

Esse é o segundo cronograma assumido por Raquel, em 2024, para a abertura do processo licitatório do primeiro bloco. O primeiro prazo era “depois do carnaval” e não foi cumprido.

Quanto será investido no Arco Metropolitano?

O Arco Metropolitano é um empreendimento de R$ 1,3 bilhão incluído na versão mais recente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 3) do governo Lula.

Metade desse orçamento será bancado pela União e os 50% restantes pela gestão estadual. A previsão é de que a primeira etapa do projeto (o eixo sul) esteja concluída até 2026, quando – nas estimativas da administração estadual – será lançado o edital para a fase mais polêmica do Arco.

O eixo norte enfrenta resistências por parte de moradores e ONGs de sustentabilidade que fazem parte do Fórum Socioambiental de Aldeia. A localidade está na rota atual desse eixo e as lideranças querem mudança nesse traçado. Endereço residencial da classe média alta e A, Aldeia tem boa parte de sua área sob proteção ambiental, pois abriga florestas de mata atlântica e um lençol freático.

“Também vamos focar [nossos esforços] no eixo norte e garantir a conclusão do projeto, definindo o traçado e permitindo uma modelagem com um parceiro privado”, sustentou a governadora. Ela disse também que “haverá respeito ao meio ambiente”.

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