A Neoenergia Pernambuco estava com o Tempo Médio de Atendimento Emergencial (TMAE) em mais de 14 horas em 107 municípios do Estado em fevereiro último, quando o ideal seriam sete horas, segundo informações da Agência Reguladora de Pernambuco (Arpe). O TMAE é a média de horas em que a equipe da companhia resolve o problema de interrupção do serviço depois que a reclamação chega até a distribuidora, o que inclui a preparação e o deslocamento da equipe.
“Não há um limite regulado para este indicador, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) considera ideal um TMAE de 7,4 horas”, diz o coordenador de Energia Elétrica e Gás Canalizado da Arpe, Alexandre Almeida. A regulação e fiscalização do setor elétrico é feita pela Aneel, que fez um convênio para a Arpe fazer o acompanhamento de vários indicadores do serviço da Neoenergia Pernambuco.
Ainda em fevereiro último, o menor TMAE, do Estado, ficou com a cidade de Tamandaré, registrando uma média de 5,37 horas. O mais demorado foi registrado no município de Belém de Maria com 54,88 horas, o que corresponde a mais de dois dias. No Grande Recife, a cidade de Olinda apresentou um TMAE de 17,14 horas; Recife com 14,70 horas e Jaboatão dos Guararapes 10,36 horas.
Segundo Alexandre Almeida, quando o TMAE está alto como os citados acima podem indicar que não está sendo suficiente a quantidade de equipes para fazer o reestabelecimento do serviço na rua. “A Arpe repassa a informação para a Aneel, que pode abrir uma fiscalização sobre o TMAE. Depois desta fiscalização, pode ser gerada uma multa à empresa ou um plano de resultado no qual a empresa se compromete a reduzir o tempo médio, mas nada disso é de imediato. É um processo que leva tempo e a Aneel está ciente da piora do serviço da Neoenergia Pernambuco”, resume Alexandre.
Ao ser contactada a Aneel respondeu, por e-mail, que firmou com todas as concessionárias de distribuição de energia elétrica um plano de resultados para o período de 2023-2026, o que inclui a Neoenergia Pernambuco. A agência informou que “o acompanhamento da Neoenergia Pernambuco está sendo realizado mais detalhadamente pela Arpe, com periodicidade trimestral e, além dos indicadores, também são acompanhadas as ações de manutenção e os investimentos a serem realizados pelas empresas”.
A Aneel acrescentou também que “caso a distribuidora não evolua de forma satisfatória, poderão ser aplicadas as penalidades administrativas previstas na Resolução Normativa nº 846, de 2019”.
Neoenergia atribui às interrupções aos eventos climáticos
O superintendente técnico da Neoenergia Pernambuco, André Santos, diz que a percepção de que o serviço da distribuidora piorou ocorreu porque o primeiro trimestre deste ano apresentou uma “climatologia mais severa com 52% a mais de chuvas e e 200% a mais de descargas atmosféricas”, comparando com o primeiro trimestre de 2023.
Ele lembra que ocorreram eventos deste tipo em janeiro, fevereiro e março últimos. “Num intervalo curto de tempo, que foi um trimestre, tivemos eventos desfavoráveis e isso aumentou a percepção da falta de energia”, afirma, acrescentando que a “rede de distribuição da empresa é aérea e nua. Por isso, está suscetível aos fenômenos climáticos como ventos, que jogam galhos nas redes, queda de árvores, entre outros”.
André argumenta que a empresa tem equipes suficientes para atender ao restabelecimento do serviço em todas as condições. “Podemos até triplicar a quantidade de equipes nas ruas, quando o evento é severo. Vamos conseguir mitigar esta percepção da população”, comenta. No primeiro trimestre deste ano, ocorreram 39% mais ocorrências de falta de energia do que o mesmo período do ano passado.
Falta de energia traz impactos aos polos produtivos do Estado
Na semana passada, o Movimento Econômico mostrou que as constantes quedas de energia estão trazendo impacto negativo a vários polos econômicos do Estado, como o ecossistema de tecnologia do Porto Digital, no Bairro do Recife, e alguns estabelecimentos de Porto de Galinhas, como restaurantes, que perderam parte dos alimentos que tinham congelados devido à interrupção do serviço.
A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) fez uma audiência para debater as constantes interrupções do serviço da Neoenergia Pernambuco. Na quinta-feira (18), o deputado estadual João Paulo (PT) formalizou uma proposta de pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para avaliar as falhas no serviço da Neoenergia que ocorreram com mais constância desde o começo de 2024.
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