Falta de energia parou o Grande Recife. Existe solução técnica para evitar isso, mas …

No temporal que ocorreu na madrugada da sexta-feira (16), caíram 65 árvores na Região Metropolitana do Recife e cidades da Mata Norte, segundo a Neoenergia PE
No Bairro do Rosarinho, a queda de uma árvore, fechou a rua e arrastou a fiação, provocando falta de energia. Foto: Iza Xavier

A cada grande temporal o Grande Recife para com a falta de energia. Nesta sexta-feira (16), ocorreu de novo. Um dos fatores que provocaram isso é a rede de distribuição que é aérea.  Isso significa que a mesma sofre com a ação dos ventos e da queda das árvores que, ao derrubar a fiação, interrompem o serviço.  Soluções técnicas poderiam evitar o problema, mas aí vem outra questão: custam caro. E todos os investimentos na rede de distribuição são bancados pela população que paga a conta das distribuidoras de energia. 

Foram cerca de 198 mil pessoas que ficaram sem energia e cerca de 700 mil pessoas que vão ter o serviço de abastecimento de água alterado por causa da falta de energia que começou na madrugada da sexta-feira (16) , de acordo com informações, respectivamente, da Neoenergia Pernambuco e da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Em algumas localidades foram 15 horas sem o serviço contínuo, como ocorreu em Bairro Novo, em Olinda. Em outros locais, demorou 24h para a energia ser restabelecida, como no Rosarinho.

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Segundo o superintendente de Operações da Neoenergia Pernambuco, Leonardo Moura, existem soluções técnicas que poderiam evitar essa queda de energia, como uma rede de distribuição de energia subterrânea ou enterrada. “O custo de uma rede deste tipo é, em média, 10 vezes maior do que uma rede de distribuição aérea”, comenta Leonardo. E acrescenta: “o setor elétrico é regulado e os investimentos feitos são cobrados na conta de energia”. Isso significa que caso este investimento fosse realizado, a conta de energia, que ficaria mais cara do que já é. E isso teria que ser aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que fiscaliza o setor. A energia elétrica do Brasil já é uma das mais caras do mundo e cerca de 51% da conta são impostos, taxas e encargos setoriais recolhidos pela União.

A falta de energia depois dos temporais é um problema nacional e os consumidores cativos que pagam a conta das distribuidoras de energia pagam muitos encargos que bancam os mais diversos itens, incluindo subsídios diversos que bancam até térmicas a carvão, uma dos meios mais poluentes de gerar energia.

Um executivo do setor, que prefere não se identificar, diz que uma parte dos encargos cobrados poderiam estar sendo empregados em ações que fizessem a diferença nos eventos climáticos adversos que estão ficando mais constantes com o aquecimento global. No último grande temporal que atingiu o Estado de São Paulo, no dia 18 de novembro último, algumas localidades passaram dias sem energia também provocadas pelos ventos fortes e quedas de árvores que arrastaram a fiação.

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Voltando a questão local, Leonardo afirmou que a Neoenergia Pernambuco já fez uma proteção na rede de distribuição da empresa que evita que contatos leves, como a queda de um galho, danifiquem a fiação. No entanto, não tem como evitar que a queda de uma grande árvore não arraste a fiação. “Poderia ser feito um sistema de gestão da vida destas árvores, levantando as que estão com raízes expostas, riscos de queda etc”, sugeriu Leonardo.

Seria um monitoramento das árvores para erradicar de forma antecipada as árvores que pudessem vir a provocar este tipo de problema e isso teria que ser feito por um ente que respondesse pelo urbanismo na cidade.

Os ventos e as chuvas que ocorreram nesta sexta-feira (16) derrubaram 65 árvores na Região Metropolitana do Recife e algumas cidades da Mata Norte, segundo informações da Neoenergia Pernambuco. A queda das árvores arrastaram a fiação que foi ao chão. Os ventos fortes também contribuíram para a queda da fiação. 

Ainda de acordo com Leonardo, a queda das árvores também exige um trabalho conjunto para a retirada da mesma. Como a árvore cai num espaço público, quem tem que remover a árvore da rua é a Defesa Civil. 

A normalização da energia

No começo da noite da sexta-feira (16), a Neoenergia Pernambuco informou, em nota, “que conseguiu normalizar o serviço para aproximadamente 85% dos consumidores que tiveram o fornecimento interrompido durante a madrugada. Em virtude da pulverização dos casos, o tempo de regularização de chamados remanescentes está sendo comprometido pela necessidade de identificação de defeitos e deslocamentos das equipes.

A maioria das ocorrências está relacionada a interferência de vegetação na fiação e objetos projetados contra a rede de distribuição, em razão dos ventos de maior intensidade. Há registros de quedas de 65 árvores que afetaram a rede elétrica. As equipes permanecem em regime de contingência até a normalização dos casos”.

A empresa também informou que fez um reforço de 300% no número de equipes atuando em toda a Região Metropolitana do Recife e Zona da Mata do Estado. Caso o consumidor queira relatar possíveis ocorrências pode fazer pelo WhatsApp (81) 3217.6990 ou pela central de atendimento, por meio do número 116.

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