Mel e própolis orgânicos, produzidos em Pernambuco seguindo preceitos de sustentabilidade social e agroecológicos, devem começar a entrar nos EUA até o final de 2024, aproveitando a expansão do mercado vegano e outros segmentos relacionados no país. A maior novidade, no entanto, é que o futuro exportador não é uma grande empresa, mas uma cooperativa localizada em Barreiros, na Zona da Mata Sul do estado.
Trata-se da Cooperativa Agrícola de Assistência Técnica e Serviços (Cooates), associação de pequenos produtores rurais alinhada ao desenvolvimento sustentável. O grupo de agricultores acaba de dar entrada no pedido de registro de seus produtos no Food and Drug Administration (FDA), órgão responsável pelo controle de alimentos e medicamentos nos Estados Unidos. A marca própria é a Vale do Una.
A autorização foi solicitada diretamente nos EUA e os trâmites seguem agora na representação da agência no Brasil.
1ª remessa de mel e própolis ainda este ano
A expectativa é de que o processo no FDA seja concluído em até três meses, o que permitiria a possibilidade de que a primeira remessa de mel e própolis da cooperativa seja exportada até o final deste ano.
Vale ressaltar que a Cooates não está entrando nos EUA sozinha – o que seria muito difícil para um negócio desse porte.
A associação vem contando com todo o suporte para internacionalização, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e da Agricultura e Pecuária (Mapa) e seção estadual da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB-PE).
Foi por meio desse apoio que a Cooates participou, mês passado, da missão de empresas enviada pelo Brasil à Natural Products Expo West 2024, em Anaheim (Califórnia). O evento é um dos maiores do país nos setores de alimentos naturais e orgânicos e de produtos para a saúde.
No encontro, o presidente José Cláudio da Silva participou de rodadas de negócios e visitas a parceiros em potencial, entre supermercados, atacadistas e distribuidores da Califórnia. O líder voltou a Pernambuco com 12 pré-contratos engatilhados, um deles com uma rede supermercadista de Los Angeles comandada por brasileiros e voltada para a comunidade verde-e-amarela na região.
O presidente está otimista com a oportunidade. “Queremos mostrar que é possível a uma cooperativa do interior de Pernambuco entrar no mercado internacional com produtos de qualidade”, afirma.
Do mel e própolis aos biocosméticos
A internacionalização marca mais um passo arrojado da Cooates no crescimento do negócio. Fundada há 24 anos, a cooperativa inicialmente produzia apenas mel e própolis, com o propósito de estimular o cooperativismo e a integração da agricultura familiar à preservação dos ecossistemas da região, especialmente a Mata Atlântica e manguezais.
No final do ano passado, porém, José Cláudio anunciou um projeto ousado: o investimento de R$ 1,3 milhão na construção de uma fábrica de biocosméticos e biomedicamentos. O empreendimento será viabilizado com R$ 850 mil de capital próprio e um financiamento de R$ 450 mil da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe).
A unidade fabril está em fase de implantação no casarão principal da Usina Central Barreiros, desativada em 1996.
Com 70% da obra concluída, a Cooates avança agora nas tratativas para iniciar a produção da fábrica em setembro deste ano. A fase burocrática mais desafiadora já foi superada, com o licenciamento pela Vigilância Sanitária nacional e estadual.
O mix de produtos deve incluir desde óleos essenciais e outras matérias-primas – para consumo próprio e fornecimento à indústria da beleza e farmacêutica – até uma linha própria de biocosméticos 100% veganos, sob a marca Vale do Una. Perfumes, cremes, maquiagens e outros itens estão previstos para o portfólio.
Haverá também uma outra linha, focada em biomedicamentos e suplementos veganos. Quanto à receita, a projeção é de que o faturamente da planta atinja R$ 1 milhão até 2028.
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