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Crise reduz produção da Aeris ao menor nível em mais de uma década

Em meio à crise, a Aeris Energy demitiu 2,2 mil funcionários nos últimos meses e hoje conta com cerca de 1.400 profissionais
Bruno Brandão
Bruno Brandão
De Fortaleza
A fábrica da Aeris Energy está localizada no Porto do Pecém, no Ceará - Foto: Divulgação/Aeris Energy
A fábrica da Aeris Energy está localizada no Porto do Pecém, no Ceará – Foto: Divulgação/Aeris Energy

A Aeris Energy, maior fabricante de pás eólicas da América Latina, deve registrar em 2025 sua menor produção desde 2013. O corte reflete o cenário de retração da cadeia eólica global e impacta diretamente a operação da empresa instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, no Ceará. Somente no primeiro trimestre deste ano, a Aeris acumulou prejuízo líquido de R$ 94,5 milhões, alta de 129,2% em relação ao mesmo período de 2024. A dívida bruta total chega a R$ 1,6 bilhão.

Em meio à crise, a empresa demitiu 2,2 mil funcionários nos últimos meses e hoje conta com cerca de 1.400 profissionais. A ausência de contratos e demanda para novas pás foi apontada como o principal entrave pelo CEO Alexandre Negrão, que prevê uma retomada apenas a partir de 2027. Até lá, a prioridade será estabilizar as finanças e cumprir os acordos com credores, entre eles Banco do Brasil, Santander, BV e debenturistas. Segundo a empresa, cerca de 90% das dívidas já foram renegociadas.

Apesar do momento desafiador, a Aeris aposta na maturação do programa de reestruturação operacional para sustentar sua recuperação. O fundo de caixa atual é de R$ 112,7 milhões. Os investimentos no primeiro trimestre somaram R$ 8,2 milhões, abaixo dos R$ 20,7 milhões registrados em igual período de 2024, o que reflete a cautela da companhia enquanto o setor não dá sinais concretos de retomada.

O empresário paulista Alexandre Negrão, CEO da Aeris Energy,
O empresário paulista Alexandre Negrão, CEO da Aeris Energy – Foto: Divulgação

“Nós estamos ajustando nossas despesas para conseguir o fôlego necessário para obter um caixa operacional positivo. Estou vislumbrando que é possível alcançar isso apenas com a demanda garantida que temos, numa espécie de take-or-pay (pagar mesmo se não houver entrega). Além disso, se observarmos os resultados do último trimestre de 2024 e compararmos com o atual, já podemos perceber uma evolução positiva dos números”, disse o diretor financeiro da Aeris, José Azevedo. Desta forma, ele assegura a retomada sustentável da rentabilidade da empresa.

Baterias

Questionado sobre a combinação de baterias com a energia eólica — tema que ganha relevância diante do Leilão de Reserva de Capacidade previsto ainda para este ano pelo Governo Federal —, Alexandre Negrão se mostra otimista, porém cauteloso.

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“A questão das baterias, com o leilão de reservas (que deve acontecer no segundo semestre deste ano), é uma tendência global. A gente vê com bons olhos, apesar de não conseguir precisar em que momento isso vai impulsionar a energia eólica ou não”, diz.

Vencer a crise

A Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) está ciente da crise no setor eólico e busca soluções para encontrar os trilhos de retomada. Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, diz que é a primeira vez que o Brasil vive uma crise – que começou em meados de 2022 com a redução dos contratos de compra e venda de energia de longo prazo, responsáveis por mais de 90% da comercialização da energia eólica no Brasil. Ela pontua que a retomada deve ser em passos lentos.

“Este reflexo de quedas contratuais se acentua agora, uma vez que nossa indústria possui um ciclo da contratação de cerca de três anos. Em 2023 batemos recorde de instalação, com 4,8 GW de energia eólica, caindo para 3 GW em 2024, com perspectiva máxima de 3 GW neste ano. Como indústria de infraestrutura que somos, entendemos que a retomada não é imediata por sua natureza, por isso, precisamos de novas demandas e de buscar rotas de mercado”, sustenta. Essas novas demandas são o foco dentro do contexto de geopolítica, mudanças climáticas e transição energética, segundo Elbia.

“Somos um país muito competitivo por meio de nossas variadas fontes renováveis. Data centers, fertilizantes verdes, hidrogênio verde, esses são caminhos possíveis e 2025 é o ano da regulamentação das leis, de organização da casa para a volta dos investimentos no país”, pontua.

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