Os trabalhadores da Refinaria Mataripe, antiga refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, decidiram pela paralisação das atividades a partir das 6h15 desta quarta-feira (6), em resposta à demissão de trabalhadores próprios e terceirizados.
O movimento foi aprovado em reunião com representantes da Federação Única dos Petroleiros (FUP), do Sindipetro Bahia e do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, Montagem e Manutenção Industrial (Siticcan).
O dono da Refinaria
A Refinaria Mataripe foi vendida em novembro de 2021 ao fundo árabe Mubadala, e sua subsidiária Acelen, que administra a planta, tem feito enxugamento de pessoal. Segundo o sindicado, foram demitidos 150 trabalhadores, sendo 30 próprios e 120 terceirizados. A empresa conta hoje com 1.725 empregados, dos quais 700 terceirizados.
“Somente nesta terça-feira (05), ou seja, em apenas um dia, foram demitidos 28 empregados. Lutamos pela manutenção dos empregos e contra a política irresponsável da Acelen que promove a cada dia demissão em massa”, afirma Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
Atualmente, as entidades sindicais vinham travando negociações em defesa de 300 funcionários da Petrobrás transferidos da refinaria, depois da privatização.
Em viagem ao Oriente Médio, em fevereiro último, o presidente da Petrobrás, Jean Paul Prates, anunciou que está construindo uma parceria com o fundo árabe Mubadala Investment Company para que a estatal brasileira retome a operação da Rlam.
Em abril do ano passado, a Acelen assinou um memorando de entendimento com o Governo da Bahia para a construção de um novo negócio no estado: uma biorrefinaria com capacidade para 20 mil barris/dia (1 bilhão de litros por ano). A planta será voltada para diesel renovável e combustível sustentável de aviação (SAF), a partir de óleo de soja, macaúba e dendê.
Segundo o cronograma divulgado, as obras da unidade começariam já no início de 2024, com entrada em operação da primeira fase da refinaria em 2026.
Mubadala
Em entrevista recente à Bloomberg, o Oscar Fahlgren, CEO do Mubadala Capital no Brasil, braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, disse estão previstos mais de US$ 1 bilhão em investimentos por ano no país, demonstrando otimismo em relação às perspectivas de crescimento do Brasil. A empresa pretende expandir não só sua participações na refinaria de petróleo, mas em diversos setores e até infraestrutura rodoviária.
O Mubadala Capital já aportou mais de US$ 5 bilhões no país ao longo de uma década no Brasil. A empresa concluiu recentemente um segundo fundo específico para o Brasil, levantando mais de US$ 710 milhões, e planeja iniciar a captação de capital para um terceiro fundo ainda maior ainda em 2024.
O Mubadala Capital mantém foco em ativos em dificuldades em setores como infraestrutura e energia. Entre seus investimentos no Brasil estão a rodovia pedagiada Rota das Bandeiras, em São Paulo, e a produtora de etanol Atvos, anteriormente parte da Novonor (antiga Odebrecht). Além disso, o grupo é proprietário da Acelen, holding de energia responsável pela gestão da refinaria Mataripe, a primeira refinaria privatizada do Brasil, localizada na Bahia.
Em relação à possibilidade de venda da refinaria de Mataripe pela Petrobras, Fahlgren destacou a disposição da empresa em considerar todas as opções que façam sentido para seus investidores e para o crescimento da empresa.
Além disso, o Mubadala Capital está expandindo a produção de energia verde, como biocombustíveis, através da Atvos, explorando a adição de combustíveis sustentáveis, incluindo combustível de aviação sustentável, ao seu portfólio atual. Com investimentos pesados na expansão desses setores, a empresa busca liberar o potencial de crescimento de seus ativos e impulsionar o desenvolvimento econômico e sustentável do Brasil.
Foto: Reprodução
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