
O cultivo de cacau tem crescido em Alagoas e já reúne cerca de 70 produtores associados à primeira cooperativa de produtores do fruto, que foi oficialmente lançada no início do mês. A reunião dos produtores por meio de uma cooperativa pretende impulsionar a produção no estado.
O produtor de cacau e empresário Ramon Dantas foi escolhido para presidir a Cooperativa dos Produtores de Cacau de Alagoas (CoopCacau), junto com outros 12 produtores que passam a integrar a diretoria da cooperativa.
Segundo Dantas, a CoopCacau pretende fomentar o cultivo de cacau em Alagoas e ampliar a área de produção. Entre as primeiras ações já realizadas está a doação de cinco mil mudas de cacau para os produtores associados, com o objetivo de realizar uma uniformização na produção de cacau.
“Além das mudas, vamos começar a oferecer assistência técnica aos produtores para podermos padronizar o cacau plantado e o chocolate produzido em Alagoas. Estamos na fase inicial do trabalho e muitas outras ações serão adotadas”, destacou Ramon.
No curto e médio prazo, a cooperativa pretende fundar a sede física, além de construir uma área de beneficiamento do cacau para a produção de chocolate em Alagoas.
Ramon, inclusive, é o primeiro produtor de cacau do estado que apostou na construção de uma fábrica para produzir chocolates e vai inaugurar, no próximo mês, a primeira loja da Cacau Matriz, na cidade de Matriz de Camaragibe, no litoral Norte de Alagoas.

“Antes da cooperativa, já tínhamos reunido 47 produtores da região e, quando oficializamos a CoopCacau, esse número saltou para 70. Agora temos produtores em todo o estado e isso vai ser importante para expandir também a produção de chocolate genuinamente alagoano”, destacou.
Produtores têm cultivado cacau consorciado ao coco em Alagoas
Além da produção em diversos municípios da região Norte e do litoral alagoano, há ainda outros produtores que vêm apostando no cultivo do cacau consorciado ao coco.
As produções ocorrem nos municípios de Teotonio Vilela, Boca da Mata e Porto de Pedras. Em setembro do ano passado, o produtor de coco Alexandre Lyra falou com o Movimento Econômico e contou a experiência exitosa de mesclar as duas culturas em uma área de 20 hectares.
“Nós tivemos resultados muito bons, tanto que os técnicos avaliaram que o cacau aqui em Alagoas deve ter uma produtividade melhor do que em Anápolis, na Bahia, e se mostra bem tolerante à vassoura-de-bruxa. Acabei utilizando um produto para combater um fungo, que acabou contribuindo para o sucesso no crescimento e adaptação da planta”, disse Alexandre Lyra ao Movimento Econômico à época.
Preço do cacau se mantém alto
Apesar de a produção alagoana de cacau ainda não figurar oficialmente nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço elevado do cacau tem motivado a produção de produtores locais.
Em maio de 2025, o preço do cacau manteve-se elevado tanto no mercado nacional quanto no internacional. No cenário externo, a tonelada do produto foi negociada entre US$ 9 mil e US$ 11 mil nos contratos futuros da Bolsa de Nova York, após ter atingido um pico histórico de cerca de US$ 12,9 mil no primeiro trimestre do ano.
A valorização reflete a instabilidade na oferta global, especialmente na África Ocidental. No Brasil, os preços acompanham a tendência de alta, com a arroba do cacau sendo vendida a R$ 800 na Bahia, o que equivale a aproximadamente R$ 53 por quilo, e em torno de R$ 51 por quilo no Pará, conforme dados de cotações regionais atualizados em junho.
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