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Nordeste pode liderar exportação de hidrogênio verde para Europa até 2030

Apesar das vantagens, estudo alerta para obstáculos que precisam ser superados pelo Brasil para fazer parte do corredor internacional de hidrogênio verde
H2V hidrogênio verde
Matriz energética do Nordeste é o seu diferencial competitivo para produção de hidrogênio verdeFoto: Divulgação

A região Nordeste se consolida como candidata a protagonista na futura cadeia global de exportação de hidrogênio verde. Um estudo recente da consultoria Aurora Energy Research, encomendado pelo governo dos Países Baixos, detalha o potencial de criação de um corredor internacional de hidrogênio verde ligando o Nordeste brasileiro ao porto de Roterdã, considerado estratégico para a segurança energética da Europa e para a transição global de baixo carbono. O Ceará e o Piauí despontam como líderes nesse movimento, com capacidade projetada para atender, já em 2030, até 158% da demanda prevista para o corredor Brasil-Holanda.

O avanço do corredor está diretamente ligado ao crescimento da demanda europeia por hidrogênio e seus derivados (como amônia e metanol), sobretudo em setores industriais e de transporte. A União Europeia projeta triplicar o consumo de hidrogênio até 2050, alcançando cerca de 30 milhões de toneladas anuais. Desse volume, mais da metade deverá ser suprida via importação de países com alto potencial de geração renovável, como Brasil, África do Norte, Oriente Médio e Austrália.

No caso específico dos Países Baixos, o consumo deve crescer 162% entre 2030 e 2050. Segundo o estudo, 61% a 67% da oferta holandesa dependerá de importações a partir da próxima década. A Holanda deve ainda atuar como porta de entrada logística para o hidrogênio destinado a países vizinhos, como Alemanha, Bélgica e Polônia.

Custo de produção do hidrogênio favorece Brasil

Entre os fatores que tornam o Brasil competitivo está o chamado Levelized Cost of Hydrogen (LCOH) — o custo nivelado de produção de hidrogênio, que incorpora todos os gastos ao longo da vida útil do projeto (investimentos iniciais, operação, manutenção e descomissionamento). O estudo mostra que, no Brasil, o LCOH para o modelo de produção considerado mais competitivo (sistemas integrados com energia renovável dedicada, chamados “co-located island”) é de aproximadamente 3,3 euros por quilo de hidrogênio. Na média europeia, esse custo é quase o dobro, chegando a 6,2 euros por quilo.

Esse diferencial de custo decorre de três fatores principais:
• abundância de recursos eólicos e solares no Nordeste, com alta produtividade;
• baixo custo de energia renovável comparado a mercados desenvolvidos;
• maior fator de capacidade (número de horas em que as usinas podem operar perto do máximo).

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Além disso, as condições naturais do Brasil — matriz elétrica com participação renovável superior a 90% — permitem gerar hidrogênio verde com emissões de carbono já dentro dos limites exigidos pela regulamentação europeia RED II, fator fundamental para certificação e aceitação nos mercados internacionais.

Estados avançam na criação de hubs de produção

A Aurora Energy Research aponta que Ceará e Piauí lideram o pipeline de projetos no Brasil, com iniciativas como Voltalia, Casa dos Ventos, Fortescue, Solatio e Green Energy Park. Os projetos já em desenvolvimento nestes dois estados somam investimentos que ultrapassam os R$ 300 bilhões, com foco nas exportações para a Europa. Pernambuco e Bahia também têm projetos mapeados, embora em estágios mais iniciais, no caso European Energy e Unigel, respectivamente.

No lado europeu, o porto de Roterdã, principal hub de energia da Europa, e sua infraestrutura de transporte e reconversão de amônia para hidrogênio, estão sendo preparados para receber e distribuir o produto importado. A empresa pública Gasunie já conduz investimentos bilionários na construção da rede holandesa de dutos para transporte de hidrogênio.

O relatório faz duas projeções distintas:
• Em 2030:
Ceará e Piauí, juntos, teriam capacidade de suprir 158% da demanda total do Corredor Brasil-Holanda, ou seja, sobraria produção disponível, mesmo considerando as exportações e parte do consumo interno brasileiro.
• Em 2040:
Com o crescimento simultâneo da demanda na Europa e do consumo doméstico no Nordeste (fertilizantes, bioenergia, indústria local), o estudo projeta que Ceará e Piauí só conseguirão suprir cerca de 79% da demanda total projetada para o Corredor.

Portanto, a partir de 2040, a capacidade instalada apenas nesses dois estados não seria mais suficiente para atender integralmente à demanda projetada para o corredor Brasil-Holanda (considerando a soma de exportação + consumo interno brasileiro). O que indica que novos projetos seriam necessários no Nordeste para atender o consumo do corredor.

Desafios para a viabilização do corredor

Apesar das vantagens estruturais, o estudo alerta para obstáculos que precisam ser superados pelo Brasil. O principal risco de curto prazo (até 2030) é a dependência de poucos projetos de grande porte e a necessidade de acelerar o desenvolvimento da infraestrutura portuária e logística. O país também precisará formar profissionais especializados em operação e manutenção de eletrolisadores, plantas de amônia, logística de exportação e gestão de carbono.

Além disso, o Brasil precisa superar igualmente a insegurança regulatória, consolidando sua estrutura de certificação de baixo carbono, harmonizando as legislações federal e estaduais para dar segurança jurídica aos investidores. Isso pode dificultar o fechamento de financiamentos e contratos de longo prazo.

Já no médio prazo (2040), o crescimento da demanda doméstica brasileira e a competição com outros setores (como fertilizantes e bioenergia) podem reduzir os volumes disponíveis para exportação. Também representa fator de risco a concorrência com outros países emergentes (como Marrocos, Arábia Saudita e Austrália) que estão se organizando para atender à demanda europeia. Esses concorrentes podem oferecer vantagens logísticas, fiscais ou regulatórias.

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