A movimentação no terminal de contêineres do Porto de Salvador, o Tecon Salvador (Wilson Sons), bateu recorde ano passado e cresceu 8%. O terminal atingiu a marca histórica de 400.839 TEUs (unidade de contêiner), 29.212 a mais que o volume registrado em 2022 (371.627 TEUs). É o nível mais alto em 23 anos de operação da unidade de negócio.
O recorde anual anterior aconteceu em 2021, quando o Tecon Salvador movimentou 376.366 TEUs. Na análise por sentido da carga, o primeiro lugar ficou com as exportações (incremento de 94.291 TEUs), seguidas pela cabotagem (+81.962), importação (+68.827), transbordo (+66.567) e remoções (+23.636).
Diretor-executivo do Tecon Salvador, Demir Lourenço destaca que “a região Nordeste, em especial a Bahia, vem sendo uma importante provedora de soluções para os atuais gargalos logísticos no país, considerando desafios como a seca na região Amazônica, que deslocou parte das cargas da área para os portos nordestinos“.
“O Porto de Salvador, diante das suas condições naturais de navegabilidade e localização privilegiada, desponta na liderança regional na modalidade de navegação com escalas em portos de mais de um país, chamada de longo curso, o que tem contribuído para alavancar nosso terminal”, analisa.
Demir Lourenço destaca ainda que “o terminal de contêineres baiano é uma das instalações mais competitivas na América do Sul, potencializada pelos constantes investimentos nas melhorias das nossas instalações e que vêm contribuindo para obtermos recordes seguidos em nossas operações”.
Segundo ele, “entre os portos do Nordeste, o Tecon Salvador é responsável por 41% dos contêineres do comércio exterior, o que coloca o terminal numa posição estratégica para as relações comerciais internacionais da região e do Brasil”.
Contêineres: Tecon Salvador amplia agressividade
Além dos investimentos em equipamentos, melhorias operacionais para aumento de produtividade, captação de novas rotas marítimas e seca no rio Amazonas, outro fator que explica o crescimento da movimentação de contêineres em Salvador é uma atuação comercial cada vez mais agressiva em setores como o agronegócio, por exemplo.
O Tecon Salvador vem ampliando a presença nas exportações, entre outros produtos, de algodão e frutas frescas. “Esse é o resultado de um trabalho comercial forte nessas áreas, dedicado a aumentar o fluxo de cargas”, afirma Demir Lourenço.
No caso do algodão, houve um salto de 235% ano passado, de 964 TEUs em 2022 para 3.228 TEUs. A responsável por esse incremento é Matopiba, nova fronteira do agronegócio brasileiro, formada por terras do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. A região já ocupa a posição de segunda maior produtora de algodão do Brasil, atrás apenas de Mato Grosso, além de responder por 10% da safra de soja.
Os principais mercados de destino do algodão exportado em Salvador são a Ásia (Paquistão, Bangladesh, China, Indonésia e Vietnã) e a Eurásia (Turquia).
As frutas, por sua vez, representaram 11,33% do volume de contêineres. Houve um incremento de 103% na movimentação, impulsionado por cargas oriundas do norte de Minas Gerais, Sergipe e de diferentes regiões da Bahia e Pernambuco, com destaque o Vale do São Francisco.
Papel e celulose também são destaque
No setor industrial, papel e celulose, commodities tradicionais da Bahia, foram o destaque, com 29% de participação no total de contêineres movimentado.
Nas importações, as cargas mais expressivas foram químicos diversos (17,2%) e peças para o setor de energia solar (13%).
Com o avanço das produção de energias renováveis no Nordeste e novos parques eólicos previstos para implantação na Bahia, a tendência é que esse segmento amplie a movimentação no Tecon Salvador. O estado tem atualmente 54 usinas eólicas em construção e 211 em projetos ainda não iniciados.
Na cabotagem (navegação costa a costa entre portos brasileiros), o setor de plásticos e polímeros diversos puxou o crescimento (17,5%), seguido de químicos (16,4%) e arroz oriundo predominantemente do Rio Grande do Sul (14,2%)
Principais destinos são China e EUA
Conectado por linhas marítimas semanais para a China e Estados Unidos, o Tecon Salvador vem incrementando os embarques para esses países. Os dois gigantes da economia global são os principais destinos das cargas exportadas pelo terminal.
O mercado chinês responde por 27% dos contêineres com exportações e o norte-americano por 26%. A China também lidera as importações feitas pelo terminal, com 48% dos contêineres de produtos importados.
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