Por Samuel Santos
O que era para ser uma saída para minimizar os prejuízos em tempos de lockdown, ganhou força e já dá sinais de que veio para ficar. Mesmo com a volta das atividades presenciais no comércio, alguns centros de compras de Pernambuco mantêm o serviço de vendas através de aplicativos e páginas na internet, com opções de delivery e retirada no local. As plataformas de e-commerce se tornaram uma segunda via importante para empresários do setor, que viram nas ferramentas digitais uma forma de atender os clientes que demandam por agilidade e praticidade.
O grande trunfo do marketplace neste segmento de negócio é a possibilidade de comprar de tudo, a qualquer hora, o que pode ser um diferencial em caso de novas restrições em tempos de pandemia. Alguns shoppings não só decidiram manter as lojas online como estão expandindo suas plataformas. É o caso do Shopping Recife, que estreou um novo canal de vendas na web.
“Estamos sempre atentos às mudanças de comportamentos desse novo consumidor e percebemos que as suas necessidades são muito mais que um centro de compras, mas um local onde seja possível encontrar compras, serviços, gastronomia e, sobretudo, experiência. Por isso, acreditamos muito que devemos conectar marcas e pessoas para atender o cliente como ele desejar”, destaca a superintendente do Shopping Recife, Renata Cavalcanti.
A plataforma Shopping Recife Online conta atualmente com 33 lojas participantes e mais de 5 mil produtos à disposição. O processo de compra é semelhante ao de qualquer outro marketplace. A diferença é que no carrinho virtual podem ser colocados produtos variados e de diferentes estabelecimentos. Todo o processo logístico de pagamento, retirada, organização e entrega dos itens ao cliente fica por conta do centro de compras. São 12 bairros da capital atendidos em um raio de 5 Km do mall.
Outro grande shopping que decidiu manter sua plataforma de vendas foi o RioMar Recife. Segundo a administração, a ideia de diversificar a experiência de consumo tem dado certo.
“Há mais de dois anos a gente atua com nossa plataforma de vendas, que se intensificou ainda mais durante o isolamento social. O retorno tem sido válido, mas atualmente estamos facilitando e diversificando novas experiências ao ampliar todos os canais possíveis de relacionamento com o cliente; seja pelo mobile, o computador, o drive thru, levar compras ou para retirada de encomendas no Locker, além da própria experiência física dentro no shopping”, diz o superintendente do RioMar Recife, Henrique Medeiros.
Mesmo antes de o mundo virar de cabeça para baixo por causa de um vírus letal, o Shopping Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, já planejava estrear sua plataforma de vendas na internet. A pandemia chegou e acelerou o processo, fazendo com que tudo fosse feito em tempo recorde, em menos de um ano.
“A gente já observava essa tendência no mercado de varejo, de estar presente além do espaço físico, e decidimos investir em um marketplace próprio. Aí chegou a pandemia, o shopping precisou fechar por um tempo e tivemos que organizar a plataforma e todo o processo logístico. Passado esse período mais duro, a gente observa que esse é um caminho sem volta. É um plus para o cliente e atende vários públicos”, comenta Dora Linhares, gerente de marketing do Shopping Guararapes. Atualmente, 70% das 200 lojas físicas estão no Guararapes On Line e a base de clientes cadastrados tem aumentado dia após dia, segundo Linhares.
Vale tudo para agradar
Frete grátis, diversidade de lojas e produtos e até a possibilidade de enviar presentes para outras pessoas a partir das plataformas são algumas das estratégias dos shoppings para fidelizar os clientes também no digital.
“O serviço de envio de presentes, sobretudo em datas especiais, é um grande trunfo. As pessoas estão saindo menos de casa e poder fazer compras e enviar presentes das lojas que prefere e ainda com o frete grátis é um benefício e tanto”, afirma Yolanda Celeste, gerente de marketing do Shopping Tacaruna.
Apesar da crescente adesão dos clientes, as vendas online ainda engatinham se comparadas às feitas da forma tradicional, dentro dos centros de compras. Nenhum dos estabelecimentos ouvidos pelo Movimento Econômico informou quanto as vendas online representam em faturamento, mas todos destacaram que é preciso estar também no virtual.
“O volume ainda não é expressivo, mas é importante manter o serviço à disposição do cliente, dando a ele a opção da nossa marca quando ele decide pela compra online. Se os shoppings não tiverem esse canal vão perder vendas para outros grandes players online”, completa Yolanda Celeste.
Outro desafio para os shoppings é convencer novos lojistas a estarem em suas plataformas coletivas, em vez de criarem seus próprios aplicativos. “A venda on-line é uma tendência cada vez mais forte e sem caminho de volta. Estamos vivenciando uma mudança de cultura dos lojistas, que cada dia mais estão despertando para a necessidade de oferecer e integrar os vários canais de venda”, afirma Karina Dourado, superintendente do Plaza Shopping.
Associação diz que varejo precisou se reinventar
Para o presidente da Associação Pernambucana de Shopping Centers (Apesce), José Luiz Muniz, assim como outros setores, o varejo precisou se reinventar para atender às demandas dos consumidores. Essa tendência atingiu tanto as grandes redes quanto os lojistas menores.
“Os canais digitais de forma geral poderão e deverão servir para ampliar as vendas do setor e não substituí-las, apenas, salvo alguns setores do varejo. Nosso entendimento é que os canais vêm para agregar às vendas atuais, permitindo ao varejo crescimento em ambos”, comenta Muniz.
A Apesc reconhece que o processo de e-commerce pelos shoppings ainda demanda investimento e precisa ser aperfeiçoado, mas destaca que os centros de compras têm feito a sua parte.
“A venda presencial, hoje, inegavelmente, é muito mais significativa, porque o shopping é um equipamento multiuso e o cliente dificilmente vai apenas para fazer uma compra de um produto, mas tem vários serviços, opções de lazer e alimentação. A representatividade das vendas em percentuais ainda é baixa porque existem outras demandas dos clientes, como serviços e lazer, que praticamente não têm vendas online; e porque estamos no início do processo da operação dos e-commerce neste segmento”, completa José Luiz Muniz.
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