O hidrogênio verde (H2V) já é realidade. A União Europeia, que atualmente produz apenas 20 mil toneladas do produto, já anunciou que deseja comprar 10 milhões de toneladas do combustível e seus correlatos até 2030. Atentos a esse mercado potencial vários estados entraram na corrida pela atração de investimentos.
No Nordeste, nova fronteira global para o hidrogênio verde, a Bahia saiu na frente. Em janeiro do ano passado, a Unigel, conhecida pela produção de fertilizantes, anunciou investimentos de US$ 1,5 bilhão na primeira planta em construção para produção de H2V em larga escala do Brasil. Situada no Polo Petroquímico de Camaçari, deve produzir 100 mil toneladas anuais de hidrogênio verde e 600 mil toneladas/ano de amônia verde.
A Unigel recorreu a parcerias estratégicas, linhas de financiamento e até acesso ao mercado de capitais por meio de um IPO para garantir a competitividade e realização das novas fases do projeto. Da Thyssenkrupp adquiriu três eletrolisadores com potência total de 60 MW de energia.
O Ceará já conta com cerca de 30 memorandos de entendimento com empresas privadas que pretendem investir na exploração do combustível no estado. Na semana passada, uma caravana do Porto de Pecém se uniu a outras de portos do Piauí e do Maranhão numa viagem pela Alemanha.
Foram a convite da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK Rio) e pela GIZ (Sociedade Alemanha para Cooperação internacional) para encontros com potenciais compradores de hidrogênio verde (H2V).
Segundo apurou a Folha de S. Paulo, foram realizadas reuniões com cerca de 50 interessados na aquisição do combustível das cidades de Berlim, Hamburgo, Stuttgart e Essen.
Estudo da Bloomberg NEF ressalta as vantagens competitivas do Nordeste para o H2V. Segundo a publicação, a condição climática com muito sol e vento coloca a região acima da média global em termos de competitividade, o que contribuiu para baratear o preço do hidrogênio fabricado por aqui.
Preço do Hidrogênio Verde
O preço do H2V é considerado competitivo abaixo de US$ 3, mas o quilo do produto vem sendo comercializado globalmente entre US$ 7 e US$ 10. Segundo a Bloomberg NEF, o Nordeste tem condições de produzir H2V a US$ 1,45 até 2023 e derrubar o preço para US$ 0,55 até 2050.
Além de dezenas de protocolos, o Hub de Hidrogênio Verde de Pecém tem pré-contratos com a Fortescue, AES, Casa dos Ventos e FRV, que já começaram os estudos de engenharia na área.
No Piauí, duas empresas – Solátio e Green Energy Park (GEP) – já oficializaram interesse em se instalar na Zona de Processamento de Exportação de Parnaíba.
No Maranhão, a operadora ferroviária Deutsche Bahn (DB) e a fabricante de equipamentos Siemens anunciaram apoio ao projeto de H2V a ser implantado na Grão-Pará Maranhão, uma sociedade anônima de capital fechado. A meta é fazer o embarque pelo porto de Alcântara, com suporte de uma ferrovia. A ausência de Pernambuco não só na Alemanha, mas nas mesas de negociação, chama atenção. Não vemos o tema avançar no estado e, se avança, há um estranho silêncio em torno do assunto.
O que o H2V
Considerado fundamental para a descarbonização da economia mundial, o hidrogênio verde (H2V) é obtido através de fontes de energia renováveis – principalmente energia solar e eólica – a partir da eletrólise da água, com baixa ou nula intensidade de carbono.
É considerado uma fonte de energia que pode ser usada na forma líquida ou gasosa. Amplamente visto como o combustível do futuro, é uma das principais alternativas às fontes de combustíveis fósseis.
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