AgroAmigo, do BNB, faz 20 anos e lidera o microcrédito rural na América Latina

O programa de microcrédito rural AgroAmigo, do Banco do Nordeste (BNB), completa 20 anos em 2025 com bons resultados em inclusão produtiva, acesso ao crédito e impacto social. Apenas em 2024, o programa alcançou um volume recorde de R$ 8,6 bilhões contratados, consolidando-se como a maior operação de microfinança rural da América do Sul. Desde sua criação, em 2005, já foram realizadas 8,6 milhões de operações, com R$ 43,6 bilhões aplicados e quase 3 milhões de agricultores familiares atendidos.

Segundo o superintendente do BNB em Pernambuco, Hugo Queiroz, o êxito do programa está diretamente ligado à metodologia do crédito orientado, em que técnicos visitam os empreendimentos no campo antes, durante e depois da concessão da verba, garantindo a viabilidade dos projetos e o uso adequado dos recursos. “O empreendedor é visitado. O assessor de crédito entende a realidade local, a necessidade específica, e orienta a aplicação do financiamento. Depois, o banco acompanha a execução, o que reduz o risco de inadimplência e potencializa os resultados”, explica superintendente.

Mulheres no Agroamigo

“Mais da metade dos contratos de microcrédito, seja urbano ou rural, já é feita por mulheres”, revela o superintendente do Banco do Nordeste. Ele atribui esse protagonismo a mudanças sociais, com mulheres assumindo a liderança econômica das famílias, e também às condições diferenciadas oferecidas pelo banco. “Há um estímulo à equidade, com políticas que favorecem a inclusão de mulheres no acesso ao crédito produtivo.”

A agricultora Juliana Cardoso dos Santos, do município de Capela (SE), é exemplo dos impactos transformadores do programa. Com produção de avicultura de corte iniciada em 2006, ela aderiu ao AgroAmigo em 2019 e obteve recursos para modernizar sua pequena propriedade, incluindo a instalação de energia solar, aquisição de moto cultivador, sistema semiautomático de ração e estrutura para silagem.

A empreendedora destaca a importância do programa de microcrédito do Banco do Nordeste para a concretização de seus projetos. “Estou no programa há seis anos e sempre enfatizo a importância dele na minha vida. Hoje essa atividade é a renda principal da minha família, e a partir dela realizamos vários sonhos profissionais e pessoais. Com os financiamentos, pude investir em tecnologias e melhorar a produção”, explicou Juliana.

Distribuição por Estado

Com atuação em todos os estados do Nordeste e parte de Minas Gerais e Espírito Santo, o AgroAmigo apresenta distribuição diferenciada de recursos, baseada em critérios técnicos e socioeconômicos. A Bahia é líder em volume de contratações, reflexo de seu porte e vocação agrícola e agroindustrial. O Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que sustenta o programa, estabelece um percentual mínimo de 5% de aplicação por estado, mas os valores finais variam conforme estudos conduzidos pela Sudene.

A seguir, o detalhamento das contratações por estado em 2024:

De 2023 para 2024,houve um aumento de quase 52% no volume contratado pelo programa. Fonte: BNB

Política de Estado

Com o aumento do limite de crédito por família — de R$ 6 mil para R$ 35 mil — e o fortalecimento do segmento de pequenos produtores, a tendência é que o microcrédito rural se consolide como política de Estado. “De 2019 a 2022, o percentual do Fundo Constitucional de Financiamentos do Nordeste (FNE) destinado a pequenos empreendimentos era de 51%. Hoje já ultrapassa 62,5%, o que mostra uma curva clara de priorização dessa faixa produtiva”, destaca Hugo Queiroz.

Para os próximos 20 anos, o banco vislumbra um amadurecimento do modelo, com expansão da base de clientes e maior integração com políticas públicas, especialmente nas áreas de tecnologia, sustentabilidade e segurança alimentar. “É um caminho sem volta. O AgroAmigo se mostra sustentável, com impacto social, econômico e financeiro comprovado.”

Além de financiar pequenos produtores, o banco tem se tornado referência internacional. Em visita recente a Petrolina (PE), representantes de países africanos buscaram conhecer o modelo de agricultura irrigada do Vale do São Francisco, onde o Banco do Nordeste atua como indutor de desenvolvimento com linhas de crédito adequadas à realidade do semiárido.

Inclusão financeira

Outro diferencial do programa é a taxa de juros reduzida, a partir de 0,5% ao ano, o que permite acesso ao crédito a um público muitas vezes excluído do sistema financeiro tradicional. “Nosso maior desafio é inserir esse público. Muitas vezes, é a única alternativa que essas pessoas têm para produzir e crescer”, pontua Queiroz.

O superintendente aponta que, com duas décadas de trajetória, o AgroAmigo reafirma seu papel estratégico na geração de renda, autonomia e dignidade para milhões de brasileiros. “É uma construção coletiva que deu certo — e que tem muito a crescer”.

Em 20 anos, houve um avanço importante das mulheres no programa, que estão respondendo por 51,4% das contratações (números de 2024) Fonte: BNB

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