PIB de 2,9% coloca perspectivas de crescimento da economia com Lula em bases fracas

É improvável resultado do PIB se repita, o que deixa o Governo Lula em bases fracas, diz, economista.
Fernando Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad: Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão

A retração do Produto Interno Bruto (PIB) verificada no quarto trimestre de 2022, deixou em alerta integrantes do governo Lula porque sinaliza a possibilidade de desaceleração da economia. Embora a economia tenha crescido 2,9% no ano passado, houve uma retração de 0,2% no quarto trimestre. Com dois trimestres seguidos de resultados negativos a economia entra em recessão técnica. E começar um governo nestas condições não é nada bom politicamente para o presidente Lula que derrotou Bolsonaro por pequena diferença nas urnas. O lado positivo nessa história é que o mercado em geral entendeu que são as taxas de juros que estão empurrando a economia ladeira abaixo.

“Não estamos trabalhando com perspectiva de recessão”, apressou-se em dizer o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao chegar ao Ministério da Fazenda após participar da cerimônia de lançamento do novo Bolsa Família, no Palácio do Planalto, pouco após a divulgação do PIB pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme noticiou a Agência Brasil.

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PIB
Resultado do quarto semestre embolou o cenário econômico/Imagem: Pixabay

“Todo o desafio do Ministério da Fazenda, da área econômica, é reverter esse quadro e promover uma curva ascendente do crescimento do PIB. Neste momento, ela está descendente”, disse o ministro, que atribui isso às altas dos juros promovidas pelo Banco Central (BC). Embora a taxa Selic (juros básicos da economia) tenha parado de subir em agosto do ano passado, está no nível mais alto desde o início de 2017 e os efeitos de um aperto monetário, no Brasil, levam de seis a nove meses para serem sentidos na economia.

Segundo Haddad, as elevações dos juros foram influenciadas por medidas fiscais adotadas pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Por isso, o ministro considera o crescimento de 2,9% do PIB no ano passado como “em linha com o esperado”.

PIB insuficiente

Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), concorda com a tese da taxa de juros. Para ele, “foi importante, mas insuficiente ante as necessidades socioeconômicas nacionais, o crescimento do PIB de 2,9% em 2022”.  

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“E é preocupante verificar queda de 0,2% no quarto trimestre, interrompendo uma sequência de cinco períodos positivos, sinalizando tendência de retrocesso, que precisa ser rapidamente neutralizada”.

O dirigente salientou que uma das razões principais do recuo nos últimos três meses do ano passado, segundo opinião praticamente unânime dos economistas, “é a elevadíssima taxa de juros, que começa a apresentar impacto efetivo na economia”. 

Improvável que se repita

Para Adriana Dupita, Economista-chefe na Bloomberg Economics para Brasil e Argentina, uma contração no quarto trimestre mostra que as altas taxas de juros estão afetando a economia brasileira – e coloca as perspectivas de crescimento para o primeiro ano do presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandato de em bases fracas.

Apesar do declínio no 4T, a economia brasileira teve um crescimento anual de 2,9% – 10 vezes mais forte que a previsão de consenso de 0,28% no início de 2022. “É improvável que isso se repita em 2023. Não há espaço para estímulos fiscais extraordinários e aumento o ruído da política acrescentou obstáculos para o banco central começar a cortar as taxas – o que significa que a política monetária permanecerá rígida ao longo do ano. Esperamos crescimento de 1,0% em 2023”, disse.

Funding setorial

construção civil
No atual cenário de alta de juros, é fundamental garantir uma boa disponibilidade de funding setorial, defente Abrainc/Foto: Agência Brasil

A Associação Brasileira de Incorporadas Imobiliárias (Abrainc), em nota, informa que, apesar do resultado do PIB de 2022, já observa uma queda no total de lançamentos em 2022 – 15% em relação a 2021. “No atual cenário de alta de juros, é fundamental garantir uma boa disponibilidade de funding setorial. Assim, precisamos que o novo programa Minha Casa, Minha Vida consiga ampliar o acesso à moradia digna às famílias de baixa renda e seja capaz de financiar um alto volume de produção para que o Brasil consiga combater o déficit habitacional de 7,8 milhão de famílias”, diz a nota. 

A entidade também alerta que é preciso ampliar a disponibilidade de funding do SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) em um cenário de queda na captação da Poupança. “Isso é essencial para garantir taxas de financiamento habitacional adequadas aos compradores de imóvel em cenário de alta da Selic. Uma possível medida seria ampliar o percentual do saldo da Poupança, que é obrigatoriamente direcionado ao crédito imobiliário. Esse percentual, que hoje é 65%, deveria ser ampliado para 70%, para suportar o atual nível de crescimento do setor imobiliário”, propõe.

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