“A vida é muito curta para ser pequena” – Reflexões sobre ética e integridade

Os Programas de Integridade, são obrigatórios em algumas situações previstas em Lei, normatizando a conduta ética no ambiente organizacional
Aurora Barros
Aurora Barros/Foto: cortesia

A frase do título é atribuída à Benjamin Disraeli, primeiro-ministro do Reino Unido durante o reinado da Rainha Vitória (1819-1901) e tem tudo a ver com o que pretendemos expor aqui.

A intenção é tratarmos sobre ética, em virtude da data comemorativa do “Dia Nacional da Ética”, ocorrida em 02 de maio e sua interlocução com a integridade e os Programas de Integridade.

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Mas, antes de tratar de assuntos de grande importância moral, será preciso dispor sobre um dilema ético pessoal que compartilho aqui com vocês.

Algumas pessoas próximas atribuem a frase “A vida é muito curta para ser pequena” à minha compreensão e autoria. Não fiz por mal, foi fruto da leitura do livro “Qual é a tua obra” de Mário Sérgio Cortella, há alguns anos. Essa frase deve ter cravado na minha memória de maneira tal que assumi a sua autoria.

O fato é que nasceu um dilema ético. Como tratar de ética tendo tomado conhecimento deste malfeito? Assumo meu deslize, não percebido até pesquisar conteúdo para embasar esta coluna, e peço sinceras desculpas.

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O reconhecimento de uma falha é algo muito precioso, pois é o exato momento em que se abre a oportunidade de melhoria, de reconhecimento de limitações, inclusive éticas, e isso resulta em uma compreensão do quanto precisamos estar em constante reflexão sobre as nossas atitudes, afinal, “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”, conforme dito por Sócrates.

Feitas as devidas pazes com a ética e a reflexão socrática, posso agora focar no nosso objetivo que é tratar sobre ética, sua repercussão na integridade e nas organizações.

Para tanto, é preciso entender que ética é o conjunto de princípios e valores que possuímos e aplicamos na nossa vida, na nossa sociedade e nas nossas relações humanas. A ética se destaca quando há o dilema, quando o conjunto de valores que temos é recrutado para aplicação na vida, em uma situação concreta.

Dilema, segundo Cortella, é quando ocorrem as situações em que você tem de decidir “sim ou não” e que você quer os dois caminhos, por isso o prefixo “di”. Os dois podem ser escolhidos, mas apenas um é eticamente correto.

A integridade, o estado de estar inteiro, permite uma melhor visão do caminho, a nítida e intencional escolha pela ética. É mais fácil para aquele que se encontra inteiro ter discernimento de aplicar a ética. Ser inteiro pressupõe pertencimento e atenção plena no aqui e agora.

Assim, a ética, o dilema e a integridade caminham juntos diariamente. A ética como sendo os fundamentos para a decisão, o dilema como a proposição de caminhos diversos e a integridade como decisão consciente de agir eticamente.

Nas organizações, tais temáticas estão muito presentes, mas nem sempre são trabalhadas, o que ocasiona diversas situações amplamente noticiadas, tais como: assédios, fraudes, desvios financeiros, situações análogas à escravidão, desajustes comportamentais dos mais variados possíveis e que maculam a imagem das organizações e até de setores inteiros.

Para a mitigação de tais situações, no âmbito das organizações, o Programa de Integridade articula ética, dilemas e agir intencionalmente com integridade de maneira a evidenciar o capital ético humano de forma sistematizada.

Atualmente ter um Programa de Integridade é cuidar da inteligência moral e ética da organização, a partir da alta direção, visando a sua perenidade. Iniciando-se com o amplo debate ético, sobre conceitos e dilemas, alinhando em todos os níveis o que se entende por conduta ética e demonstrando como a integridade corporativa assume um papel fundamental no protagonismo do desenvolvimento humano e, estrategicamente, na ampliação e consolidação de organizações e de mercados.

Além de tudo isso, os Programas de Integridade, são obrigatórios em algumas situações previstas em Lei, normatizando as condutas éticas no ambiente organizacional propiciando atendimento à Lei, mas sobretudo, fortalecendo as organizações no seu capital ético.

No fim do dia, a ética esteve presente nas organizações, nas suas tomadas de decisões e posicionamentos de forma etérea, se não houver a integridade sistematizada, isto é, a intenção de agir segundo a ética alinhada, debatida e aplicada na organização, através do Programa de Integridade.

Ética aplicada

Sendo assim, o Programa de Integridade objetiva sistematizar e evidenciar cada decisão e atitude ética e isso, para uma visão estratégica de negócios, é um ciclo virtuoso que reverbera em melhores relações negociais com baixo custo transacional, redução de taxas de financiamento e seguros, mitigação de desvios, fraudes, passivos fiscais e trabalhistas, ilícitos e situações que possam tocar a reputação individual e organizacional.

O Programa de Integridade visa dar concretude à ética aplicada. Assim como as pessoas, as organizações devem estar comprometidas com a sua melhoria contínua e, em observando falhas, inclusive éticas, acionar o seu capital ético para um novo direcionamento.

“A vida é muito curta para ser pequena” é um convite à reflexão, para entendermos que não devemos nos apequenar frente aos desafios, dilemas e situações que recrutam a aplicação ética.

É um convite para se ter coragem, até mesmo de demonstrar nossas falhas, reconhecer que podemos ser maiores e melhores a cada dia. É adotar a vulnerabilidade como vetor de mudança e isso se aplica ao indivíduo e, através do Programa de Integridade, se aplica às organizações, afinal, o capital ético é o maior ativo que um indivíduo e uma organização podem ter.

É o legado para a atual e para as futuras gerações, a exemplo desta frase do Século XIX “A vida é muito curta para ser pequena” que ainda hoje, em pleno século XXI, ainda repercute e nos oferece boas reflexões.

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