A OMS quer alterar a quantidade de álcool da cachaça

Os produtores de cachaça, no Brasil, e de tequila, no México, lançam um manifesto para sensiblizar as autoridades regionais com relação a uma proposta da OMS que prevê a redução do teor alcoólico de todos os destilados.

A Organização Mundial de Saúde (OMS)  vai analisar uma recomendação que pode resultar numa pressão para alterar o teor alcoólico de vários destilados, incluindo a cachaça. Uma  das características da branquinha é ter o teor alcoólico entre 38% e 48%. “A alteração pode descaracterizar a cachaça e não vai resolver o problema que é o consumo nocivo de álcool. Nós não temos condições de atender uma recomendação deste tipo”, resume o diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima. 

O diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac), Carlos Lima, critica a recomendação da OMS que propõe diminuir o teor alcoólico de todos os destilados, incluindo a cachaça. Foto Carolina Antunes/in.pacto

A argumentação dele é de que o foco desta futura recomendação está errada. “Ela traz uma visão de que o importante é teor alcoólico, quando deveria ser a quantidade ingerida”, comenta Carlos. Ele  cita o fato de que diferentes quantidade de algumas bebidas contêm 10 gramas de álcool que são as seguintes: 330 ml de cerveja, 100 ml de vinho e 30 ml de um destilado, incluindo uísque, cachaça e vodka. O teor alcoólico de cada uma dessas bebidas – nas quantidades citadas  acima – seriam, respectivamente, 4%; 12% e 40%. 

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A mensagem que a entidade quer passar é que álcool é álcool e o consumo nocivo deve ser combatido com base em informação e moderação. “Esta última está  relacionada a quantidade de bebida alcoólica consumida e, não, no tipo ou teor da bebida alcoólica”, comenta Carlos. 

Recomendação pode alterar todos os destilados

A futura recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a elaboração do Plano de Ação Global sobre o Álcool 2022 – 2030 (GAAP, na sigla em inglês), deve ser analisada e aprovada ou não durante a assembleia daquela instituição que ocorrerá de 22 a 28 de maio em Genebra, capital da Suíça. 

“A gente espera que o governo brasileiro não aprove esta recomendação da OMS. E que o foco das futuras campanhas esteja na quantidade de álcool ingerida e não no teor alcóolico”, diz. Geralmente, os países lançam políticas públicas baseadas nas recomendações da OMS.

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O Ibrac se juntou com  a Câmara Nacional da Indústria Tequilera (CNIT) e lançaram um manifesto direcionado às autoridades regionais para aprofundar o debate em torno do consumo nocivo de álcool, mas sem estimular os agentes econômicos a substituírem as bebidas de maior teor alcoólico por outras que tenham menor teor. Essa substituição é uma das diretrizes que constam na recomendação da OMS. A tequila é uma bebida tradicional do México. 

De acordo com as duas entidades, as bebidas destiladas típicas tradicionais como a cachaça, tequila, pisco e rum são responsáveis por uma imensa cadeia de valor, que começa no produtor rural, passa pela indústria e tem influência até no segmento de turismo. Lima aponta que “as bebidas com Indicação Geográfica, como a cachaça, têm ainda mais impacto no desenvolvimento cultural, econômico e social da região”. A estimativa do Ibrac é que a produção de cachaça no Brasil gere cerca de 600 mil postos de trabalho diretos e indiretos.

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