Impulsionada por fatores como o incremento do transporte marítimo no país e o crescimento sem precedentes do comércio on-line no pós-pandemia da Covid-19, a logística passa por um nova fase de expansão no Nordeste, com um ritmo impressionante de atração de novos empreendimentos. Conheça 5 empresas que participam desse movimento, com projetos recentes para o setor em Pernambuco, Bahia e Ceará: Tecmar, E-log, Grupo Ricardo Brennand, Companhia das Letras e Grupo Troca.
Braço do Grupo Log-In, a Tecmar Transporte & Logística está construindo, no Cabo de Santo Agostinho (PE), uma unidade de negócios retroportuários voltada para a movimentação de contêineres.
A operação pernambucana integra o plano estratégico nacional da companhia para os próximos cinco anos. O programa – estimado em R$ 66,2 milhões – contempla reforço da frota (com a aquisição 82 novos caminhões com tecnologia de última geração) e duas bases retroportuárias: a do Cabo e uma outra na região Sul, em Itajaí (SC).
De acordo com o diretor executivo Maurício Alvarenga, com esses aportes, “a companhia aumenta a capacidade de transferência rodoviária de cargas fracionadas entre as filiais e expande presença no mercado de logística multimodal, oferecendo soluções eficientes para o transporte de contêineres”.
Logística: qual o interessa da Tecmar no Nordeste?
Sediada em Maringá (PR), a Tecmar volta a mira para Pernambuco, de olho na perspectiva de ampliação da carga conteneirizada no Porto de Suape, localizado a 21 km, e em outros ancoradouros nordestinos, como Pecém (CE) e Salvador (BA). A atuação da unidade será regional.
No caso de Suape, a expectativa da empresa tem relação direta com a construção de um segundo terminal de contêineres. O investimento, de R$ 2,6 bilhões, é da APM Terminals, divisão da dinamarquesa Maersk.
A implantação do terminal, com capacidade inicial para movimentar 400 mil TEUs (unidade de contêiner de 20 pés) por ano, deve começar ainda em 2024. A projeção do operador para os próximos anos aponta para um incremento dessa capacidade, podendo atingir 1,3 milhão de TEUs anuais.
Essa estrutura deve contribuir para que Suape dê um salto na área de contêineres. Atualmente, o complexo conta com apenas um terminal desse tipo, do grupo filipino ICTSI.
E-Log lança condomínio de logística
O grupo mineiro E-Log Soluções Logística, que atua em 22 estados, está investindo R$ 150 milhões na ampliação de suas atividades em Pernambuco. O montante é destinado ao seu primeiro condomínio de armazenamento de cargas, localizado em Jaboatão dos Guararapes, no eixo de negócios do Complexo de Suape.
A obra já avança para a segunda etapa. A previsão é de entrada em funcionamento nesse primeiro semestre, com uma ocupação superior a 80% da capacidade do empreendimento, que será voltado principalmente ao e-commerce (de vestuário e eletrônicos, entre outros itens), alimentos não perecíveis e produtos industriais.
Quando estiver 100% concluído, o centro terá 90 mil metros quadrados, divididos em 14 módulos de galpões.
“A decisão de implementar este condomínio logístico foi impulsionada por um cenário dinâmico e em constante transformação nos setores de comércio e distribuição. Este movimento é alimentado pela demanda crescente dos consumidores por entregas que sejam não apenas rápidas, mas também eficientes”, afirma o presidente José Roberto.
Atualmente, o grupo tem duas operações no mercado pernambucano: a E-Log Pátio de Triagem, criada em 2020 e localizada no Cabo de Santo Agostinho, e a Federal Energia, distribuidora que atua nos segmentos de diesel, etanol, gasolina, energia elétrica e gás natural veicular.
Brennand Logística: de Salvador para o Brasil
Nova divisão do Grupo Ricardo Brennand, sediado no Recife, a Brennad Logística tem DNA pernambucano, mas nasce na Bahia, já com um plano de expansão nacional.
O primeiro centro de armazenamento de cargas da companhia está localizado em Pirajá (Salvador), num dos principais eixos logísticos do mercado baiano. O investimento foi de R$ 81 milhões.
O empreendimento – com 42,5 mil m² de área bruta locável (ABL) – está em fase inicial de testes, antes da entrada oficial em funcionamento, prevista para entre abril e maio. Nesta fase, o maior cliente será justamente uma “plataforma global de comércio eletrônico”, que a marca mantém sob sigilo.
A empresa, no entanto, nem cortou a fita inaugural desse CD e já está dedicada à definição para a localização de mais dois condomínios, que serão anunciados até o final deste ano. Nos próximos cinco anos, a meta é ter unidades em todo o Brasil.
“Nossos planejamento prevê a possibilidade de expansão de investimentos nas principais capitais brasileiras. O princípio norteador é a seletividade das melhores oportunidades considerando as localizações e a efetiva demanda em cada oportunidade avaliada”, afirma o CEO Luís Henrique Valverde.
Viagem pelo mundo dos livros agora em navios
Maior grupo editorial do Brasil, a icônica Companhia das Letras, verdadeira fábrica de best-sellers, está implementando um projeto que une cabotagem e centro de distribução. A estratégia é trazer os livros em navios do estado de São Paulo, onde está localizado o parque gráfico.
A carga segue, em caminhões, de Guarulhos até o Porto de Santos, onde é embarcada e destinada ao Porto de Suape. A distância é de 2,5 mil Km, numa viagem que poderia fazer parte de uma fábula, mas é real.
Da zona portuária, biografias, romances, contos, ensaios e registros históricos seguem para o CD que acaba de ser inaugurado em Jaboatão dos Guararapes. A partir daí, são distribuídos para oito dos nove estados nordestinos. A única exceção é a Bahia.
O centro, com dois mil metros quadrados e 130 funcionários (30 diretos e 100 de fornecedores), além de atender ao e-commerce, é responsável por abastecer uma rede com 334 grandes pontos de venda e mais de mil livrarias.
Com essa nova configuração de sua logística regional, a Companhia das Letras espera reduzir o tempo médio das remessas para uma semana, aumentar as vendas em até 20% no Nordeste, nos próximos dois ano, e de quebra ter um custo menor com transporte e armazenamento.
Grupo Troca aposta no Ceará
O Ceará é a aposta do Grupo Troca (RS), que tem forte atuação na logística nacional do setor calçadista, um dos mais importantes da indústria cearense. A empresa acaba de abrir, no município de Senador Pompeu (a 268 km de Fortaleza), sua primeira grande unidade no Nordeste.
O CD, que funciona também como sede regional da companhia, recebeu investimentos de R$ 8 milhões e fica situado numa localização privilegiada em relação aos municípios produtores de sapatos e outros artigos de couro, na região central do estado.
A estrutura é voltada especialmente para a cadeia de suprimentos do segmento de calçados, mas também vai atuar em outros segmentos, como o hospitalar e de produtos farmacêuticos.
O presidente do Grupo Troca, Delmar Roque Albarello, destaca o impacto positivo do empreendimento para a cadeia de parceiros da indústria calçadista. Com sede em Porto Alegre, o Grupo Troca tem 11 filiais em 5 estados brasileiros, sendo o Ceará, o único do Nordeste em que a empresa conta com operações.
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