Com cabotagem e CD em Pernambuco, Companhia das Letras fica mais nordestina

É numa estrutura de dois mil metros quadrados que 30 funcionários diretos e outros 100 indiretos trabalharão para fazer a distribuição dos exemplares da Companhia das Letras aos 334 grandes pontos de venda e mais de mil livrarias no Nordeste
Centro de Distribuição da Comanhia das Letras em Jaboatão (PE)
O Centro de Distribuição para o Nordeste já começa a funcionar com mais de 1,5 milhão de exemplares distribuídos em cinco mil títulos. Foto: Brenda Alcântara/Divulgação

Dois mil e quinhentos quilômetros separam a Companhia das Letras dos seus leitores nordestinos na primeira etapa de uma jornada que parece ter sido retirada de um livro. Esta é a distância que caminhões e, agora, principalmente navios, devem percorrer da gráfica do maior grupo editorial brasileiro em São Paulo até o Centro de Distribuição exclusivo para os oito estados (a exceção é a Bahia) que começou a operar oficialmente em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

É numa estrutura de dois mil metros quadrados que 30 funcionários diretos e outros 100 indiretos trabalharão para fazer a distribuição dos exemplares da Companhia das Letras aos 334 grandes pontos de venda e mais de mil livrarias do Nordeste. A promessa é ser mais rápido na remessa dos lançamentos e oferecer um catálogo mais variado, sem dar preferência aos best-sellers. Com uma base local, a entrega na região passa a ser estimada para uma semana.

Companhia das Letras: aposta em navios

É a aposta na cabotagem – transporte de cargas que levam as mercadorias da origem até o porto, e do porto até o destino final – que faz o grupo prever um crescimento de vendas no Nordeste de até 20% nos próximos dois anos.

As caixas de livros vão percorrer de caminhão 110 km do depósito de Guarulhos até o Porto de Santos, cruzar de navio 2.332 km até o porto de Suape, e seguir mais 50 km de caminhão até o Centro de Distribuição em Jaboatão dos Guararapes. Uma viagem de, em média, 20 dias.

Se o percurso total demora até uma semana a mais do que se fosse feito totalmente pelo modal rodoviário, o ganho maior é no baixo custo e na capacidade de distribuir de forma mais eficaz para os pontos de vendas nos oito estados da região. A Bahia ficou de fora porque o sistema de entregas existente via Guarulhos já é eficiente.

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“Com um custo menor de frete e entrega ágil vamos possibilitar um investimento maior nas obras do nosso catálogo e um aumento na disponibilidade de títulos. A tendência será gerar maior oferta para o leitor, ter mais títulos expostos nas lojas e sites, e, consequentemente incremento nas vendas”, afirma a diretora comercial da Companhia das Letras, Luciana Borges, que esteve no Recife nesta quarta-feira (3) para anunciar a inauguração do Centro de Distribuição nordestino.

Apesar do Nordeste estar quase empatado com a região Sul em número de pontos de vendas de livros, somente agora a maior companhia editora do Brasil fundada em 1986 conseguiu instalar uma base para atender melhor os seus leitores desta parte do país.

O Centro de Distribuição em Pernambuco já começa a funcionar com mais de 1,5 milhão de exemplares distribuídos em cinco mil títulos. O investimento total da nova estrutura não foi revelado, apenas os gastos com grandes equipamentos (como, por exemplo, empilhadeiras): em torno de R$ 1 milhão.

A previsão é que o CD chegue a comportar 24 milhões de exemplares por ano de todos os 22 selos da Companhia das Letras. A editora atua em todos os segmentos do mercado e conta hoje com 8,5 mil títulos em seu catálogo. A sua mais recente aquisição foi a JBC, editora de mangás, histórias em quadrinhos de origem japonesa.

Com atuação mais presente no Nordeste, frete mais baixo e entrega mais rápida, a Companhia das Letras quer mirar também no setor didático, vendendo livros para governos da região. “A gente desconhece o tamanho do mercado do Nordeste”, reconhece Luciana Borges. Segundo ela, o sonho de abrir um CD surgiu antes da pandemia e se trata de “um tiro certeiro no escuro”. “Estando aqui vamos conhecer mais o mercado, que é um mundo de possibilidades”, afirma a diretora comercial da Companhia das Letras.

Toda a operação e logística do Centro de Distribuição está a cargo da Transpo Express, que existe há 31 anos, mas que se especializou em entregas e coletas no mercado editorial há 17.

A CEO da empresa, Mariana Martins, mudou-se para o Recife há um ano para acompanhar a montagem da estrutura que vai atender o Nordeste. Neste período, quatro grandes cargas chegaram de navio para abastecer o CD, trazendo em torno de 300 pallets por viagem. Cada pallet chega a conter mil livros.

Outras 12 cargas estarão a caminho do Nordeste pela nova rota marítima. A escolha de Pernambuco como ponto focal logístico foi motivado pela localização privilegiada do estado: Jaboatão está situado numa área de influência que abrange, num raio de 800 quilômetros, oito capitais nordestinas (incluindo o Recife) e mais de 30 cidades de médio porte da região.

O Centro de Distribuição da Companhia das Letras será quase um “vizinho” do CD da Amazon, que instalou em 2019 sua primeira base logística fora de São Paulo no município pernambucano de Cabo de Santo Agostinho, nas proximidades do Porto de Suape. “Esse movimento vai beneficiar os leitores da região”, disse Ricardo Perez, o country manager book da empresa norte-americana que também tem pressa em distribuir livros no Nordeste.

* Com informações da Companhia das Letras

Leia mais: No Nordeste, cidades pernambucanas lideram na locação de galpões

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