Inteligência artificial aponta falhas no asfalto e poupa recursos no Recife

Com ajuda da inteligência artificial, projeto SuperVisão tem a prefeitura como sócia e foi selecionado em ciclo de inovação focado em problemas urbanos
Inteligência artificial tem ajudado na tomada de decisões sobre locais de obras dos programas Rua Tinindo e Novo Asfalto, que, juntos, têm mais de R$ 200 milhões de orçamento. Foto: Edson Holanda/Prefeitura do Recife

No Recife, a inteligência artificial está sendo usada para agilizar o mapeamento de ruas e avenidas com pavimento danificado. A solução integra o projeto SuperVisão, selecionado no 1º Ciclo de Inovação Aberta da cidade, e do qual a prefeitura participa como sócia. Com as informações coletadas, a gestão municipal economiza recursos ao tomar decisões mais assertivas sobre onde é mais urgente fazer correções, recapeamento asfáltico e outras obras que melhorem a circulação viária, serviços que são abrangidos por dois programas municipais e que contam, em 2024, com mais de R$ 200 milhões de orçamento.

O projeto funciona a partir de sensores instalados na barra de direção e nos amortecedores de oito veículos associados ao aplicativo de transporte Uber. Ao se deslocarem por diferentes regiões da cidade, os carros alimentam o banco de dados da iniciativa, que conta com fotografias em tempo real sobre buracos no asfalto, tampas de bueiros danificadas e entulhos em via pública. Com esses problemas identificados ainda em fase inicial, é possível saná-los antes que se agravem. Segundo a prefeitura, cerca de R$ 3 milhões foram economizados, em 2023, a partir dessa estratégia de prevenir em vez de remediar.

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“Esses sensores têm inteligência artificial aplicada e a gente foi condicionando ela para captar coisas estritamente técnicas e que antes a câmera não pegava, como problemas em bueiros, lixo na via, objetos atrapalhando a calçada e fissuras no asfalto. Esses veículos percorrem a cidade toda basicamente em 30 ou 40 dias e a gente tem uma atualização da qualidade e dos problemas do pavimento”, explicou o prefeito do Recife, João Campos, durante palestra online, na semana passada, sobre inovações tecnológicas nas gestões municipais para pré-candidatos a prefeituras e câmaras municipais de todo o país.

Ferramenta identifica falhas no pavimento com ajuda da inteligência artificial. Foto: Reprodução/internet

Inteligência artificial para a aplicação assertiva de recursos

O maior ganho, segundo o prefeito, é na assertividade da aplicação dos recursos públicos. A cidade conta com um sistema tradicional de gerenciamento de pavimentos, mas passou a aliar as informações do projeto SuperVisão à tomada de decisões. Esses dados têm direcionado entregas de programas como o Novo Asfalto – voltado ao recapeamento asfáltico de grandes avenidas, com R$ 70 milhões de orçamento – e o Rua Tinindo – com R$ 150 milhões em intervenções que incluem serviços de pavimentação e drenagem concentrados em ruas periféricas.

“Quando vou definir um plano de investimento, a gente tem muito mais informações. Não é no achismo ou porque alguém disse que está muito ruim. A gente pega onde está mais danificado e onde passa mais gente e toma a decisão de investir. Estou falando de R$ 70 milhões de investimentos em recapeamento asfáltico que têm validação por dados dessa tecnologia. Isso dá muito mais segurança ao gestor de que está colocando os recursos onde mais são necessários”, afirmou Campos.

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João Campos: “São R$ 70 milhões validados pelas informações repassadas por essa solução tecnológica. Dá mais segurança de que estamos aplicando onde é mais necessário”. Foto: Rodolfo Loepert/Prefeitura do Recife

Inovação na pauta das gestões públicas

O projeto SuperVisão, da empresa GeoVista, foi um dos vencedores do 1º Ciclo de Inovação Aberta do Recife, promovido pela Empresa Municipal de Informática (Emprel) em 2022. O evento propôs desafios em áreas como saúde, infraestrutura, esportes e meio ambiente, o que incluiu desde estratégias para diminuir a fome da população em vulnerabilidade social até a necessidade de reduzir o número de pacientes que faltam às consultas marcadas em unidades públicas de saúde. As startups que apresentaram as melhores soluções ganharam um prêmio de R$ 40 mil e um contrato de até R$ 16 milhões.

Segundo o prefeito do Recife, esse modelo de inovação na gestão pública gerou desconfianças iniciais sobre como seria possível uma prefeitura se tornar sócia de soluções contratadas junto à iniciativa privada. A capital pernambucana foi a primeira cidade do país a assinar contratos públicos para soluções inovadoras. Contudo, de acordo com João Campos, os bons resultados já atraem os olhares de outros gestores públicos e do próprio Tribunal de Contas da União (TCU).

Além disso, por ser sócia de soluções vencedoras desses ciclos de inovação, como no caso do SuperVisão, a Prefeitura do Recife tem a possibilidade de receber royalties se essas ferramentas forem contratadas e colocadas em prática em outras partes do Brasil. “Quando a gente tem um governo que toma uma decisão com base em dados, a gente vai criando uma marca de uma gestão eficiente, e o que as pessoas querem é que as coisas funcionem e que os gestores públicos consigam, com pouco, fazer muito. Os dados fornecidos por essas soluções tecnológicas têm nos ajudado muito”, completou Campos.

Leia também: Nordeste à frente em inovação no país 

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