A luta pela democracia em Pernambuco e no Brasil ganhou mais um registro. O jornalista Ennio Benning lança os dois primeiros volumes do livro de sua autoria intitulado Jarbas Vasconcelos, uma biografia no Foyer do JCPM Trade Center na quinta-feira (31), às 18 horas. Jarbas é o político pernambucano que mais venceu eleições majoritárias em Pernambuco.
“O livro relembra os episódios da nossa história que precisam ser contados de um político que tem a vida dedicada à democracia”, resume Ennio, que passou pelas redações da primeira Folha de Pernambuco, Gazeta Mercantil, Diário de Pernambuco e Jornal do Commercio, acompanhando principalmente economia e política. Ele também atuou por 10 anos como assessor parlamentar de Jarbas Vasconcelos.
Os dois primeiros volumes narram a história de Jarbas do nascimento até a posse dele como prefeito do Recife em 1986. O primeiro vai da data de nascimento, em 1942, até 1978; e o o segundo começa em 1979 e termina em 1986. Juntos, têm mais de 900 páginas. “Foi um período muito rico politicamente com enfrentamento à ditadura, a volta dos exilados, o restabelecimento das eleições diretas para prefeitos, entre outros fatos. A gente contextualiza a história de cada um desses momentos que contam uma parte da história de Pernambuco e do Brasil”, comenta Ennio.
Entrevistas para a biografia
Para escrever a biografia, Ennio fez entrevistas com o senador, familiares, amigos, adversários políticos e ex-auxiliares, além de pesquisar livros, trabalhos acadêmicos e uma extensa bibliografia que cobriu o período retratado. O prefácio do livro é do cientista político Antonio Lavareda e do professor e imortal Joaquim Falcão. Os dois volumes foram editados pela gráfica pernambucana FacForm.
Como advogado e político, uma das principais bandeiras de Jarbas foi a defesa dos direitos humanos e dos presos políticos, na época da ditadura, como o jornalista Carlos Garcia e o ex-deputado federal Marcos Cunha. No País, Jarbas foi um dos primeiros a defender a Assembleia Constituinte para escrever uma nova Constituição depois da ditadura. E foi o único político do MDB que não votou no Colégio Eleitoral em 1985, porque defendia que as eleições deveriam ser livres. Na época, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves, fato que marcou o fim da ditadura no País com a eleição indireta de um presidente civil, que não chegou a assumir, mas aí já é outra história….
De militante para o Legislativo
A primeira eleição de Jarbas foi em 1970 como deputado estadual. Depois, foi eleito duas vezes prefeito do Recife, duas vezes governador, duas vezes para o Senado e três vezes para deputado federal em 1974, 1982 e 2014. Entre as histórias registradas pelo jornalista estão os bastidores políticos da decisão que levou Jarbas a disputar o Senado contra Nilo Coelho e Cid Sampaio, em 78, quando não era a primeira alternativa do MDB. Jarbas foi o mais votado que os dois líderes da Arena, mas perdeu por causa do artifício da sublegenda, criado pelo regime militar justamente para dificultar o crescimento da oposição. Outro parte importante foi a disputa interna no então PMDB que levou, em 85, a Jarbas ingressar no PSB, numa das eleições mais acirradas da história da capital pernambucana.
Conhecido como o governador que não se atrasava para os eventos, Jarbas – como chefe do executivo – começava as cerimônias exatamente no horário marcado e, geralmente, apresentava discursos breves nestas solenidades. Ainda ocupando o cargo de governador, fez a duplicação da BR-232, privatizou a Celpe e também realizou a primeira edição da Fenearte, que se transformou numa política de valorização do artesanato pernambucano. Portanto, serão muitas as curiosidades e fatos que marcaram a história recente de Pernambuco que fazem parte desta biografia.
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