A EY inaugurou nesta segunda-feira (1º), no Porto Digital, no Recife, seu novo centro tecnológico voltado a serviços de consultoria em tecnologia e transformação digital. A unidade é o terceiro Service Delivery Center (SDC) da ex-Ernst & Young na América Latina, juntando-se aos centros já existentes na Colômbia e na Costa Rica. Com o novo espaço, a capital pernambucana passa a abrigar duas operações da empresa: o tradicional escritório regional e o novo centro de entrega, com 350 empregos diretos e indiretos. A escolha por Recife foi estratégica, motivada pela maturidade do ecossistema local de inovação, que integra setor privado, universidades e governo em um modelo colaborativo voltado à formação e retenção de talentos.
De acordo com o líder de Consultoria da EY Brasil e Deputy Latam, Victor Guelman, o novo centro amplia a capacidade da companhia de oferecer soluções em plataformas como SAP e ServiceNow, desenvolvimento de software, automação de processos, testes e cibersegurança. Já no início da operação, o espaço contará com cerca de 170 estações de trabalho, com potencial de crescimento para até 300 profissionais em modelo híbrido. A expectativa é dobrar essa capacidade em até três anos.
Centro da EY visa atender Brasil e América Latina
O SDC de Recife foi estruturado para atender empresas de todo o Brasil e, futuramente, integrar-se à rede global de centros de entrega da EY. O objetivo é prestar serviços remotos com qualidade padronizada, alinhando-se às metodologias utilizadas globalmente pela organização, que reúne mais de 80 mil profissionais em seus Global Delivery Services (GDS).
Aurélio Rodrigues, sócio de Managed Services na EY e responsável pela liderança da nova unidade, destaca que a decisão por Recife se baseou na força do ecossistema local. “Nossa presença no Porto Digital contribui para o desenvolvimento econômico e tecnológico da região, alinhando-se com as tendências de transformação digital que moldam o futuro dos negócios”, afirmou.
O centro foi desenhado para operar com recursos globais de metodologia e ferramentas tecnológicas da EY. A expectativa é que, com o amadurecimento da equipe local, a unidade também preste serviços para clientes fora do país, reforçando a integração com as estruturas da América Latina e com a rede global da firma.
Porto Digital é diferencial estratégico
A escolha do Porto Digital como sede do centro foi motivada pela força de um parque tecnológico que conta atualmente com mais de 21 mil profissionais e 475 empresas, sendo responsável por um faturamento anual de R$ 6,2 bilhões.
De acordo com os executivos da EY, o Porto Digital se diferencia de outros polos de tecnologia do país por apresentar uma cultura de cooperação entre empresas concorrentes e foco na formação de talentos. Um exemplo citado foi a criação conjunta de uma academia de desenvolvimento em SAP com outras três companhias que, fora desse ambiente, seriam competidoras no mercado.
Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, ressaltou que a chegada da EY reforça a posição estratégica de Recife no mapa global da inovação. “A presença de uma companhia deste porte acelera a geração de empregos qualificados e fortalece a conexão entre empresas, universidades e talentos locais”, disse.
Expansão no Nordeste
A unidade de Recife integra uma rede de operações da EY no Nordeste, que inclui praças em Salvador e Fortaleza. Segundo Guelman, Salvador se destaca por sua maturidade em serviços de auditoria, enquanto Fortaleza tem ampliado expressivamente sua atuação em consultoria. Recife, por sua vez, apresenta forte presença em serviços tributários e de auditoria, agora expandindo também a área de tecnologia com a nova unidade.
A estrutura híbrida presencial/remota foi pensada não apenas para aumentar a eficiência dos serviços prestados, mas também para permitir o desenvolvimento mais estruturado dos talentos locais. Após o período de trabalho remoto imposto pela pandemia, a empresa concluiu que a atuação presencial favorece o aculturamento e a formação contínua das equipes, reduzindo dispersões e ampliando o suporte aos profissionais.
Integração regional e diferenciais econômicos
Os executivos também ressaltaram que, embora existam pequenas variações salariais entre Recife e centros como São Paulo, o grande diferencial da capital pernambucana não está no custo, mas na qualidade da formação técnica e no ecossistema favorável à inovação. “O que foi criado aqui é um modelo que realmente funciona. Ele não está no papel, ele é vivido no dia a dia das empresas”, comentou Guelman.
No cenário regional, Pernambuco se destaca como polo emergente de tecnologia no Nordeste. Segundo dados da Softex e do Porto Digital, o estado responde por mais de 35% da produção de software da região, com foco crescente em soluções empresariais, segurança cibernética e automação.
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