Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

Sua fonte de informação sobre os negócios do Nordeste

E se Fortaleza falhar? Governo quer espalhar os cabos submarinos do Brasil

Ministério das Comunicações propõe política para diversificar rotas de cabos submarinos e ampliar a conectividade em outras regiões do país
cabos submarinos Ministério das Telecomunicações Fortaleza
O Brasil conta atualmente com 18 cabos submarinos ativos em operação no seu território. Foto: Ministério das Telecomunicações/Divulgação

O Ministério das Comunicações lançou uma tomada de subsídios na plataforma Participa Mais Brasil para reunir contribuições que auxiliem na formulação de diretrizes para uma Política Nacional de Cabos Submarinos. A iniciativa visa expandir a infraestrutura digital do país, promovendo a diversificação das rotas de cabos submarinos, atualmente concentradas em Fortaleza (CE) e em poucos outros pontos do litoral brasileiro.

Segundo dados da Marinha e do Ministério das Comunicações, o Brasil conta hoje com 18 cabos submarinos ativos. Entre os principais hubs de conectividade, destacam-se Fortaleza (CE), Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ) e Santos (SP). A capital cearense, na região Nordeste, é o segundo maior hub do mundo, atrás apenas de Shima, no Japão.

Fortaleza é responsável por cerca de 90% do tráfego internacional de dados que entra e sai do país, concentrando os sistemas ópticos submarinos com capacidade agregada de centenas de terabits por segundo. A Praia do Futuro representa o segundo maior hub mundial de cabos ópticos, com 10 redes internacionais. Agregado a esses sistemas, vem a implantação de data centers, o que gera trabalho e renda para o município.

Mais cabos submarinos para as regiões Norte e Sul

A Política Nacional de Cabos Submarinos terá impacto nas regiões Norte e Sul do Brasil, principalmente por incentivar a expansão e diversificação dos pontos de ancoragem, hoje concentrados majoritariamente no Nordeste e Sudeste. O ministro das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho, afirmou que a criação da política pretende ampliar a presença desses cabos em áreas fora do eixo tradicional.

“Essa política será fundamental para o avanço da economia digital no Brasil e para posicionar o País como um dos protagonistas no cenário global das telecomunicações. O presidente Lula me pediu para continuarmos com o fortalecimento das telecomunicações e combater as desigualdades regionais. Para isso, precisamos ter mais pontos pelo País recebendo os cabos submarinos”, declarou.

- Publicidade -

A região Norte é considerada a mais crítica em termos de infraestrutura de conectividade, pois atualmente não possui pontos de aterrissagem para cabos internacionais. Essa ausência limita o acesso digital, compromete a qualidade da internet e restringe oportunidades econômicas e sociais. A nova política apoiará iniciativas como o programa “Norte Conectado”, que prevê a instalação de cabos de fibra ótica submarinos e subaquáticos nos rios da Amazônia, ligando cidades como Macapá, Santarém e Manaus.

A proposta também incluirá incentivos fiscais e regulatórios para atrair investimentos em infraestrutura digital no Norte, reduzindo a exclusão digital e promovendo o desenvolvimento regional. Além disso, a descentralização da conectividade contribuirá para a soberania digital e a segurança nacional.

Na Região Sul, que também não possui pontos de aterrissagem de cabos submarinos, a situação é semelhante. Atualmente, os estados do Sul dependem das rotas estabelecidas no Sudeste e Nordeste, o que representa um risco de apagões digitais em caso de falhas.

Cabos submarinos Brasil
Há preocupação crescente na manutenção das redes de cabos submarinos para evitar apagão tecnológico no Brasil. Foto: Data Cable/Divulgação

Comitê Brasileiro de Proteção

De forma mais ampla, a política abrirá espaço para a criação de incentivos fiscais, regulatórios e técnicos para instalação de novas rotas em regiões desatendidas. A proposta prevê também a criação de um Comitê Brasileiro de Proteção de Cabos Submarinos, com a participação de órgãos como a Marinha, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com o objetivo de coordenar ações de proteção, fiscalização e resposta a incidentes ao longo de todo o litoral do país.

Além disso, está em tramitação um projeto de lei que institui a Política Nacional de Infraestruturas de Cabos Subaquáticos, com foco na soberania digital, segurança nacional e proteção ambiental. De acordo com relatório da consultoria Analysys Mason, o setor de cabos submarinos deve movimentar mais de R$ 56 bilhões nos próximos cinco anos, refletindo a crescente demanda global por conectividade.

Projeto Waterworth da Meta

Em nível global, existem atualmente 447 cabos submarinos em operação, totalizando 545.018 milhas náuticas — cerca de 1.009.370 quilômetros — de fibras submersas que conectam os continentes sob os oceanos. As maiores malhas de conexão estão localizadas em países como Angola, China, Itália, México, Portugal e Uruguai.

Fortaleza se mantém como centro de projetos estratégicos, como o Projeto Waterworth, da Meta, que conectará Brasil, Estados Unidos, Índia e África do Sul com uma estrutura de 50 mil quilômetros. A capital cearense é a principal candidata para receber esse novo cabo, devido à sua infraestrutura consolidada e à localização privilegiada entre América, Europa e África.

A chegada do Waterworth deve melhorar a conectividade nacional, com impacto direto em áreas de alta performance digital, como inteligência artificial, computação em nuvem, automação e aplicações em tempo real.

História dos cabos submarinos no Brasil

O Brasil tem uma longa trajetória no setor, iniciada em 1857 com a instalação do primeiro cabo submarino ligando a Praia da Saúde, no Rio de Janeiro, a Petrópolis, com 15 quilômetros de extensão submersa. Em 1874, houve a interligação de cidades como Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Belém, e em 1875 foi estabelecida a primeira conexão telegráfica com Portugal.

A evolução tecnológica se intensificou com a instalação do primeiro cabo óptico entre EUA e Inglaterra, em 1988. No Brasil, os primeiros cabos de fibra ótica começaram a ser implantados na década de 1990.

A partir dos anos 2000, houve a expansão dos cabos submarinos com maior capacidade de transmissão de dados, alcançando a primeira onda de cabos com até 2 Tbps em 2000/2001 e a segunda onda, iniciada em 2014, com cabos que operam atualmente com até 138 Tbps.

*Com informações da Agência Gov

Leia mais: Fortaleza desponta como base brasileira para projeto bilionário da Meta

- Publicidade -
- Publicidade -

Mais Notícias

- Publicidade -