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Com Bahia à frente, NE terá disputa por centro de pesquisa da GAC Motor

Além da fábrica em Catalão (GO), GAC Motor instalará centro de P&D no Nordeste. A Bahia lidera as negociações, mas Pernambuco e Ceará também disputam o projeto
GAC Motor Salvador montadora chinesa centro de pesquisa Nordeste NE
O modelo Aion Y, um SUV 100% elétrico e com autonomia superior a 300 km, foi o primeiro veículo da GAC Motor apresentado ao público baiano. Foto: GAC Motor/Divulgação

A montadora chinesa GAC Motor confirmou nesta segunda-feira (12), durante encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Pequim, um investimento de R$ 7,35 bilhões (US$ 1,3 bilhão) no Brasil ao longo dos próximos cinco anos. O plano inclui a instalação de uma unidade de produção em Catalão (GO) e a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no Nordeste, voltado à fabricação de veículos elétricos, híbridos e híbridos flex.

O anúncio foi feito após reunião com o presidente da GAC International, Wei Haigang. A empresa, que atua em 19 países da América Latina, escolheu o Brasil como base estratégica para expansão na região, em razão da dimensão do mercado interno e do potencial de crescimento da indústria automotiva sustentável. Segundo o presidente Lula, o projeto representa um marco para o avanço da industrialização verde no país, com geração de empregos qualificados e incentivo à inovação tecnológica.

A primeira remessa de veículos da GAC chegou ao país em janeiro, com 200 unidades dos modelos elétricos Aion V, GS4 e Aion Y. Outros dois modelos, ES e Hyptec, serão apresentados no evento oficial de lançamento da marca no Brasil, marcado para o dia 23 de maio, em São Paulo.

A GAC Group é a quinta maior fabricante de automóveis da China. O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, estabelecido na província de Guangzhou, é o instituto de pesquisa automotiva mais abrangente da China, com mais de US$ 5 bilhões investidos e 5 mil especialistas de 39 países e regiões.

Anúncio de investimento da montadora GAC Motor no Brasil Lula governador da Bahia Jerônimo Rodrigues
Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (à esquerda), participou de encontro na China entre os representantes da GAC Motor e o presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Nordeste na disputa por novo centro de P&D

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), participou da reunião em Pequim e manifestou interesse em atrair o centro de pesquisa para o estado. Salvador sai com a vantagem por ter sido escolhida por abrigar, desde o mês de março, a primeira concessionária da GAC no Brasil, representada pelo Grupo Dinastia. A montadora chinesa pretende ter pelo menos 30 pontos de venda exclusivos na sua chegada ao Brasil.

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Além da Bahia, Pernambuco e Ceará também se colocam como candidatos, com estruturas industriais em expansão e políticas estaduais de incentivo à neoindustrialização. A decisão sobre a localização da nova unidade técnica levará em conta a infraestrutura existente, a presença de fornecedores automotivos e os programas de estímulo à mobilidade sustentável.

O parque automotivo do Nordeste vem se consolidando com importantes projetos em três estados. Em Pernambuco, o Polo Automotivo da Stellantis, em Goiana, inaugurado em 2015, é hoje um dos maiores complexos industriais da região. A planta tem capacidade instalada de 250 mil veículos por ano e já ultrapassou a marca de 1,5 milhão de SUVs produzidos, com índice de nacionalização superior a 70%. O parque de fornecedores local atende atualmente 40% da demanda da montadora, com meta de alcançar 70%.

Na Bahia, a montadora chinesa BYD está em processo de implantação de sua fábrica em Camaçari, nas antigas instalações da Ford. A previsão é que a unidade inicie suas operações até o fim de 2026, com foco na produção de veículos elétricos e híbridos a etanol. A chegada da BYD deve impulsionar a formação de uma nova cadeia regional de fornecedores e atrair mão de obra qualificada.

Já no Ceará, o Complexo Industrial Multimarcas será instalado em Horizonte, no espaço anteriormente ocupado pela fábrica da Troller. O projeto prevê capacidade de produção de até 80 mil veículos por ano a partir de 2025. Duas montadoras chinesas já confirmaram interesse na operação, que contará com incentivos fiscais e estrutura logística integrada ao Porto do Pecém.

Inovação e cooperação acadêmica

A GAC Motor firmou parcerias com universidades brasileiras — UFSC, UFSM e Unicamp — para pesquisa em tecnologias automotivas de baixa emissão. O investimento inicial de R$ 120 milhões será direcionado ao desenvolvimento de motores híbrido-flex, sistemas de recarga e soluções sustentáveis.

As ações incluem intercâmbio de pesquisadores e estágio técnico entre Brasil e China, além de negociações com o Inmetro para padronização de normas de recarga elétrica. A empresa também demonstrou interesse em fornecer veículos elétricos para uso oficial durante a COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).

Desafios e oportunidades

A consolidação do parque automotivo nordestino depende da ampliação da cadeia de fornecedores, especialmente para tecnologias voltadas a veículos elétricos e híbridos. A escala de produção também é determinante, pois permite diluir custos, atrair fornecedores especializados e estimular a nacionalização de componentes.

Nesse cenário, dois programas federais são considerados estratégicos: o Rota 2030 e o Mover (Mobilidade Verde e Inovação). O Rota 2030 – Mobilidade e Logística, criado em 2018, tem como objetivo fortalecer a cadeia automotiva nacional por meio de metas de eficiência energética e segurança veicular, incentivos fiscais para empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento, e exigências progressivas de conteúdo nacional e tecnológico.

O Mover, lançado em 2024 como uma ampliação do Rota 2030, incorpora metas ambientais mais rigorosas, com foco na descarbonização da frota nacional. O programa incentiva a produção de veículos com baixa emissão de gases de efeito estufa, incluindo elétricos, híbridos, movidos a etanol e a hidrogênio, e introduz o mecanismo de créditos de descarbonização, que poderão ser comercializados entre montadoras.

A estimativa é de que até R$ 19 bilhões em créditos fiscais sejam concedidos a empresas que comprovarem investimentos em inovação até 2028. A adesão a esses programas será essencial para garantir a viabilidade técnica e econômica de novos empreendimentos no país, em especial no Nordeste, que se posiciona como novo polo da mobilidade sustentável.

Leia mais: Stellantis supera desafios e em 10 anos produz em Goiana 1,3 milhão de SUVs

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