PE aposta na tecnologia chinesa para conservar R$ 17 bi em estradas

Software da empresa Hikvision está em testes para ajudar na conservação do pavimento de estradas de Pernambuco
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Equipamento está em testes e teve precisão de 90% na captação de falhas do pavimento. Foto: Hikvision/Reprodução

O Governo de Pernambuco está apostando na tecnologia para conservar R$ 17,5 bilhões em ativos de estradas. Uma parceria com a empresa chinesa Hikvision está viabilizando testes que permitem monitorar a condição do pavimento em nove mil quilômetros de rodovias. O objetivo da medida é fazer com que o poder público tenha uma fotografia mais precisa e recente dos pontos mais degradados da malha viária, o que vai embasar decisões mais assertivas no investimento de recursos.

Conforme o Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o projeto funciona com uma câmera panorâmica acoplada a um veículo, que trafega a até 100 km/h para que sejam captadas imagens das falhas do pavimento. “Já fizemos os primeiros testes e a equipe está muito animada, porque a precisão desse equipamento foi de 90%. Então, pretendemos passar essa ferramenta por todas as rodovias do estado e usar esse material para subsidiar decisões”, disse o presidente do DER, Rivaldo Melo, em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

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Ainda segundo o executivo, a tecnologia vai ajudar o órgão a priorizar a realização de obras a partir de outros fatores que também precisam ser considerados, como a importância econômica de uma rodovia para determinada região. “Com os dados que receberemos, onde tivermos o pior pavimento, vamos considerar também variáveis como volume de tráfego, importância econômica, contexto social e, a partir disso, construir uma matriz de priorização para o governo tomar decisões. Temos R$ 1 bilhão para investir em rodovias, está na LOA [Lei Orçamentária Anual], mas temos que otimizar esse recurso”, completou.

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Uso da tecnologia permite que o poder público tome decisões mais assertivas sobre onde investir recursos públicos. Foto: Hikvision/Reprodução

Pernambuco tem rodovias entre as piores do Brasil

A conservação de rodovias não é um ponto forte de Pernambuco, estado que vem tendo lugar cativo em levantamentos sobre as piores estradas brasileiras. Na edição de 2023 da Pesquisa CNT Rodovias, da Confederação Nacional dos Transportes, a PE-096 e a PE-126, ambas na Mata Sul, apareceram na lista, repetindo uma má performance que já havia sido registrada no levantamento de 2022. Na ocasião, a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco informou que as duas rodovias haviam passado por manutenção e eram objeto de análise para uma restauração completa do pavimento.

Durante a audiência pública, o presidente do DER avaliou que os investimentos nas rodovias estaduais de Pernambuco foram, em média, de R$ 260 milhões por ano na última década, o que, segundo ele, é “muito pouco” e contribuiu para que “houvesse uma degradação muito rápida da malha viária”. “O patrimônio estimado do DER em estradas é de R$ 17,5 bilhões. É um desafio gigante, por conta do tamanho desse patrimônio, fazer com que ele tenha uma trafegabilidade razoável”, declarou.

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Além disso, como o portal Movimento Econômico mostrou em abril, a demora para tirar do papel obras estruturadoras tem afetado polos econômicos, a exemplo do gargalo existente na BR-101, em Abreu e Lima, que trava o escoamento da produção do Polo Automotivo de Goiana. O trecho é operado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e foi alvo da promessa de que seria desafogado com a implantação do Miniarco pelo Governo de Pernambuco, solução nunca concretizada. Já o Arco Metropolitano, depois de dez anos de espera, teve a licitação do eixo sul, o primeiro trecho das obras, anunciada ainda para o primeiro semestre de 2024.

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PE-265, em Sertânia, é uma das rodovias estaduais com obras da gestão estadual. Foto: Governo de Pernambuco/Arquivo

Estradas: Governo diz que há 734 quilômetros em obras

Com soluções como o monitoramento móvel da conservação do pavimento e os cofres cheios, o Governo de Pernambuco diz que essa realidade tem mudado para melhor. Em 2023, a gestão estadual aportou R$ 600 milhões em estradas, fruto da captação de recursos em operações de crédito autorizadas pela Alepe. Há 32 obras em andamento, o que inclui rodovias estaduais como a PE-15, entre Olinda e Abreu e Lima, e PE-17, em Jaboatão dos Guararapes, ambas na Região Metropolitana do Recife, além da PE-45, entre Escada e Vitória de Santo Antão, na Mata Sul, e a PE-265, em Sertânia, no Sertão.

Rodovias federais com trechos delegados à gestão estadual também estão nessa lista, como a BR-232, que conta com R$ 40 milhões apenas em conservação e já apresenta melhora no pavimento entre Jaboatão dos Guararapes e Vitória de Santo Antão e também em Gravatá, no sentido Recife-Caruaru. Também há obras na BR-104, no Agreste. Todas as intervenções contemplam 734 quilômetros de rodovias, além de 370 quilômetros que receberão serviços de restauração nos próximos meses.

Segundo o Governo do Estado, o índice médio do PCI – da sigla Pavement Condition Index – das rodovias pernambucanas subiu de 46 para 57 de 2023 para cá, o que indica que as intervenções realizadas já começam a surtir efeito nas condições de trafegabilidade. “Assumimos o compromisso de destravar obras emblemáticas. É um desafio porque são nove mil quilômetros de rodovias pavimentadas em Pernambuco, 6,6 mil apenas do DER, e estamos buscando trabalhar aquelas que atendem os arranjos produtivos e que são fundamentais para os deslocamentos de grandes massas populacionais”, destacou o secretário executivo de Monitoramento, Planejamento e Gestão da Semobi, Roberto Salomão.

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