A solenidade de assinatura para início das obras do trecho 5 do canal do Sertão aconteceu na tarde desta quinta-feira (9), em São José da Tapera, Sertão de Alagoas, em meio a reunião de opositores políticos no mesmo palanque e de declarações contra polarização na ajuda aos afetados pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.
O presidente Lula chegou ao canteiro de obras onde ocorreu a solenidade acompanhado do governador de Alagoas Paulo Dantas, do senador Renan Calheiros, dos ministros dos Transportes, Renan Filho, e Casa Civil, Rui Costa, e do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira.
As obras do trecho 5, no valor de R$ 565 milhões, fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. O trecho irá se estender do km 123,4 ao km 150, abastecendo as famílias residentes nos municípios de São José da Tapera, Monteirópolis e Olho D’Água das Flores. Quando estiver totalmente concluído, o canal terá 250 km de extensão, ligando Delmiro Gouveia a Arapiraca, beneficiando mais de 280 mil alagoanos.
Importância do Canal do Sertão
Durante a solenidade, o presidente Lula destacou a importância da obra para famílias e agricultores da região que precisam de água para sobreviver. “Quando eu desci do helicóptero e vi o canal, a imagem que veio à cabeça foi quando eu tinha 7 anos, e minha mãe saiu de Garanhuns com 8 filhos no pau de arara para não morrer de fome. Então, essa imagem é muito forte explicar por que eu não nego água a quem tem sede”, disse Lula.
O governador Paulo Dantas destacou a importância da obra para melhorar a vida das pessoas que vivem no Sertão e necessitam de água para produzir e manter o consumo de suas residências.
“As pessoas que estão aqui vão ter a oportunidade de preparar seu currículo e conseguir um emprego, e a roda da economia vai movimentar, o que vai gerar outros tantos empregos indiretos. É o Brasil crescendo de um lado e Alagoas crescendo e dando orgulho do outro”, afirmou.
Solidariedade ao RS longe de polarização política
Um dos temas que entrou no discurso de boa parte dos gestores ao longo da solenidade foi o apoio às vítimas do Rio Grande do Sul e a necessidade de afastar questões políticas em um momento tão delicado para todo o estado.
Durante seu discurso, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, falou que está empenhado, junto aos presidentes do Senado e Tribunal de Contas, em auxiliar o Governo Federal nas ações de resgate e reconstrução das cidades severamente atingidas pelas chuvas.
“Começamos uma semana deixando a polarização em suspenso quando o senhor [presidente Lula] convidou o presidente da Câmara, do Senado e do TCU para todos juntos irmos ao Rio Grande do Sul cuidar das vítimas que sofrem com o desastre ambiental. E a polarização no país deu uma trégua sob seu comando para que todos os poderes, independente de eleições passadas e futuras, pudessem se unir para ajudar nossos irmãos do Sul. Hoje estamos aqui no Sertão de Alagoas para dar ordem de serviço ao quinto trecho de uma obra que tem o maior desafio que é dar dignidade e vida ao pequeno produtor, ao sertanejo, à dona de casa que precisa produzir e plantar para dar subsistência a sua família”, disse.
O ministro dos Transportes, Renan Filho também falou do poder de reação do presidente Lula em prestar socorro ao estado afetado e falou da solidariedade do povo nordestino em se mobilizar em tragédias em outras regiões do país.
Já o presidente Lula falou que não medirá esforços para mobilizar o Governo Federal para prestar a ajuda necessária ao estado e municípios afetados. “A dois dias, eu estava no Rio Grande do Sul chorando o maior desastre climático que temos conhecimento. São quase 400 cidades inundadas. Fui para lá para mostrar que nossas divergências na época de eleição não valem nada. A gente tem que cuidar do povo desse país e mostrar solidariedade”, afirmou.
Rivalidades políticas deixadas de lado
A vinda do presidente Lula também deixou claro que ele não mede esforços em aglutinar campos políticos opostos. Isso ficou evidente com a junção do grupo político do senador Renan Calheiros e do deputado Arthur Lira no mesmo evento.
Em seu discurso, Lula destacou que Lira tem sido um grande aliado e foi peça fundamental durante o período de transição de governo. Ele também destacou seu apoio na defesa das pautas governistas na Câmara dos Deputados.
Em contrapartida, o presidente não economizou elogios ao governador de Alagoas, ao senador Renan e os ministros Rui Costa e Renan Filho, além de criticar duramente a polarização política no Brasil.
“Quando eu fui eleito, me disseram que eu ia ter dificuldade em governar porque o Arthur Lira tinha sido eleito presidente da Câmara. No meu primeiro mandato tive um alagoano [Renan Calheiros] que me ajudou muito no Senado. E quis Deus que eu tivesse outro alagoano agora na Câmara para me ajudar. Foi ele que coordenou junto com o Rui Costa e o Haddad a PEC da transição, que permitiu que a gente tivesse dinheiro para governar em 2023 e anunciar o PAC no ano passado. Agradeço ao Lira e ao Pacheco, porque até hoje não fizemos um projeto de interesse do governo que fosse derrotado na Câmara. Mostra que nossas diferenças ideológicas não são levadas em contas com interesses maiores”, destacou Lula.
Arthur Lira começou seu discurso em meio a vaias do público, mas deixou claro que não esconde seus posicionamentos políticos e citou que a Câmara aprovou, sob sua presidência, projetos importantes do governo. Ele aproveitou ainda para falar da expectativa de inaugurar um perímetro de irrigação de 10 mil hectares entre os municípios de São José da Tapera e Senador Rui Palmeira, orçado em R$ 2,3 bilhões. “Estamos terminando os estudos e espero que o senhor tenha a honra de vir dar esse presente aos alagoanos”, disse.
Renan Calheiros criticou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro e afirmou que Lula trouxe de volta o “federalismo e a institucionalidade ao Brasil”. “Alagoas durante os últimos seis anos resistiu firmemente, fez o dever de casa, e durante o tempo que não recebeu um centavo em obras estruturantes do Governo Federal, se transformou no estado que mais investiu recursos próprios do Brasil. Sua volta é a certeza que os investimentos vão continuar e a vida do povo vai melhorar”, disse o senador.
A agenda do presidente em Alagoas segue nesta sexta-feira (10) com a entrega de um residencial do Minha Casa, Minha Vida na Orla Lagunar, em Maceió.
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