O Z.ro Bank, plataforma de transferências bancárias fundada em Pernambuco em 2019, aguarda a regulamentação do mercado das bets, empresas que promovem apostas online, para dar um novo salto no faturamento. Da mesma forma, espera que as novas funcionalidades do Pix zerem o jogo no mercado de pagamentos
Zerar esse jogo significa dizer que as empresas que atuam com meios de pagamentos digitais passam a competir com a mesma força num ambiente dominado por adquirentes (maquininhas) e operadoras de cartões de crédito
“A chegada das versões parcelada, automática e offline do Pix irá zerar o jogo e vai tomar toda a agenda dos cartões de crédito, com mais benefícios, porque haverá menos intermediários”, sustenta Edísio Pereira Neto, fundador do Z.ro Bank.
O Pix já vem substituindo o boleto e o débito. Nesta semana, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) divulgou que em 2023 os brasileiros realizaram quase 42 bilhões de transações por Pix, o que representa um crescimento de 75%, em relação ao ano anterior. E em breve estarão disponíveis o Pix parcelado, o automático e o offline.
“O mercado de pagamentos estava nas mãos das adquirentes e das bandeiras de cartões”, diz Edísio, referindo-se a uma mudança de cenário que já está em curso.
Regulamentação das bets
As bets aguardam apenas regulamentação, depois da sanção do presidente Lula, e já vêm provocando um impacto muito positivo para a Z.ro, que transaciona os pagamentos de apostas via Pix.
O PL 3.626/2023, que regulamenta essas empresas de apostas, impõe que, para atuar no mercado, as empresas obtenham autorização do Ministério da Fazenda.
A autorização só será expedida após o exame da documentação e a avaliação da capacidade técnica e financeira da empresa e da reputação e conhecimento de seus controladores e administradores. Cumpridos todos os requisitos legais e regulamentares, a empresa terá que pagar ainda o valor fixo de R$ 30 milhões pela autorização.
O Z.ro Bank, que atua também com câmbio e criptomoeda, espera um grande volume de transações com Pix a partir da regulamentação.
“O que vai acontecer é que temos cerca de três mil bets no Brasil e poucas terão condições de comprar uma licença que custa R$ 30 milhões. O mercado vai encolher, mas teremos um volume muito maior de transações entre as empresas que estiverem no jogo”, estima Edísio. Dessas três mil empresas, apenas 134 se inscreveram para tirar a licença.
Volumetria no Pix
O banco digital de Edísio Neto atende não apenas as bets, mas a clientes com alta volumetria em Pix, como shopping center, estacionamento, marketplace, aplicativos, entre outros. Mas foi justamente com o advento das bets que o empresário viu o faturamento do seu negócio crescer 1.200% em 2023.
Atualmente, o Z.ro Bank atende a cinco de dez maiores empresas de bets do Brasil e, com a regulamentação do mercado, a empresa espera outro salto em 2024.
Drex no radar
O Z.ro também aguarda boas expectativas com o Drex, a moeda digital desenvolvida pelo Banco Central. Edísio Neto, que também é presidente da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto), entende que o Drex vai mudar a dinâmica dos serviços do Brasil.
“O Drex não vai substituir o Pix ou real, porque é um sistema onde será possível fazer alguns tipos de aquisições, como um carro. Quando você compra um carro sempre tem o dilema: quem faz a primeira ação, eu que tenho que pagar ou o vendedor que vai emitir o documento de venda? O Drex é um sistema de transferência inteligente que permitirá às duas partes programarem as operações para que ocorram de forma simultânea. Ele é complementar e não vai ser uma moeda alternativa ao real, aliás usará o real como moeda”, explica.
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