Ocorreu um aumento de 60% nos bares e restaurantes que estão tendo prejuízo no Brasil em janeiro, segundo um levantamento da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Os estabelecimentos que estavam nesta situação saíram de 18% em dezembro para 29% no primeiro mês deste ano. As chuvas torrenciais que ocorreram em várias cidades do País também contribuíram para isso, mas existem outros fatores.
O levantamento da Abrasel escutou 2128 empresários do setor e foi realizado entre 19 e 26 de fevereiro último. “Os insumos aumentaram muito. Nos últimos 12 meses, 42% dos estabelecimentos não conseguiram repassar o aumento dos preços, 49% repassaram seus custos, sem lucro e 9% conseguiram repassar com lucro. Também subiu o número de empresas endividadas. O consumidor também mudou o comportamento por causa da alta dos preços. Muita gente saiu da refeição para o lanche”, resume o vice-presidente da Abrasel-PE, André Araújo. A matéria-prima dos restaurantes é uma das vilãs da inflação: os alimentos e bebidas.
A influência do PERSE em bares e restaurantes
O setor também está receoso com a limitação que o governo federal pretende colocar no Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (PERSE), que concedeu, em 2022, 100% de isenção do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS até o ano de 2027 para o setor se recuperar da crise provocada pela pandemia da Covid-19. No final do ano passado, foi publicada a Medida Provisória 1.202/2023, alterando o PERSE. “A gente torce para que o governo federal tenha um pouco de sensibilidade com relação ao setor que foi um dos mais afetados pela pandemia”, argumenta André.
Muitos estabelecimentos do setor retomaram as suas atividades e planejaram a retomada com a isenção concedida pelo PERSE. “Muita gente contou com o programa pra contrair dívidas, financiamentos e até para ter capital de giro”, comenta André. E acrescenta: “o setor não quer partir pra demissão. Mas essa alteração no PERSE está mudando a recuperação do setor que estava ocorrendo”, conclui André.
As alterações no PERSE também vão prejudicar as empresas do setor de turismo, diversão, incluindo a hotelaria, que também é outro setor que emprega muita gente.
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