Natura faz programa de renda digna para os seus colaboradores

A empresa implantou indicadores, traçou metas para acabar com as "diferenças inexplicáveis", ser mais inclusiva, e diminuir a desigualdade
Diretora da Natura, a cearense Gleycia Leite, defende que o empoderamento econômico é um dos pilares do desenvolvimento e está à frente da iniciativa que implantou o renda digna entre os colaboradores da empresa. Foto: Divulgação

Imagine uma empresa que não paga mais um salário mínimo a nenhum dos seus funcionários em toda a América Latina. A multinacional de cosméticos Natura já vive esta realidade como consequência do programa renda digna adotado pela companhia. “O mínimo nem sempre é digno”, diz a diretora de Compensação, Organização e Gestão da companhia, Gleycia Leite.

Sem citar valores exatos por causa da LGPD, ela diz que o renda digna em vigor varia de acordo com a região e local, mas que no geral, isso resulta numa renda que é praticamente o dobro do salário mínimo em vigor, que é R$ 1.412, 00 a partir deste janeiro no Brasil. O renda digna inclui a possibilidade de acesso à alimentação, água, habitação, educação, saúde, transporte, vestuário e outras necessidades essenciais, além de provisão para situações inesperadas. “O empoderamento econômico é a porta de entrada para um direito básico do indivíduo e é um dos pilares do desenvolvimento do negócio. Não dá para falar de negócios, se a pessoa que está trabalhando não tem o direito básico”, comenta Gleycia.

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Depois de estudos, a empresa decidiu adotar a referência de salário digno fornecida pela Wage Indicator Foundation, calculada de acordo com o custo de vida, que varia entre as regiões do Brasil e os países da América Hispânica.

A renda digna faz parte de Visão 2030 da Natura, intitulada Compromisso com a Vida, lançada em 2020 e atualizada em setembro de 2023. Lá estão elencadas diretrizes na área de direitos humanos que a empresa adotou e espera ver implementados até 2030. Segundo Gleycia, isso inclui várias ações para sermos mais humanos e também iniciativas para diminuir a desigualdade. “Eliminar a desigualdade conversa com esta agenda que tem compromisso com a valorização da dignidade humana”, conta Gleycia.

E baseada nesses pilares foram estabelecidos práticas e processos dentro da empresa, levando em consideração a prosperidade, o pertencimento e o propósito. “Quando eu prospero, a família e o meu entorno passam a acessar coisas, as pessoas se movem e geram impacto (no seu entorno)”, argumenta.

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Ela diz também que para implantar tanto o renda digna como a política de equidade salarial de gênero foram necessários planejamento, o uso de métricas e avaliações. A cada três meses é feita uma atualização de algumas dessas diretrizes. “Não queremos gerar mais desigualdade no futuro. Por isso, é importante o monitoramento”, afirma.

No ano passado, a empresa também zerou as diferenças “inexplicáveis” de salários entre homens e mulheres que ocupavam o mesmo tipo de função, mas tinham salários díspares. “Estabelecemos 15 variáveis para fazer essa comparação que vai olhar a pessoa, a experiência, o tempo que está naquela posição, a geografia, entre outras. O nosso compromisso é zerar as diferenças inexplicáveis”, cita. Por exemplo, se um homem e uma mulher apresentam resultados parecidos nas 15 variáveis, não tem porque o homem ganhar mais do que a mulher.

“Também queremos zerar as desigualdades históricas”, comenta, citando como exemplo que uma profissional que saiu do Nordeste e é transferida pela empresa para passar a trabalhar no Sudeste, onde o custo de vida é muito mais alto. Zerar as desigualdades históricas seria equiparar o salário desta profissional aos profissionais do Sudeste que ocupam posição similar.

Os subrepresentados

“No Brasil, os negros formam um grupo subrepresentado. Então, uma das nossas metas é aumentar a representatividade, trabalhar a inclusão”, afirma Gleycia. A meta da empresa é ter 25% de negros nas posições de gerência até 2025 e alcançar um percentual de 30% em 2030. Atualmente, as pessoas negras ocupam 11,51% dos cargos de gerência. “Não é só recrutar. É desenvolver, dar repertório, entender que o País tem este público que também é consumidor e profissional”, diz.

E se as metas não forem cumpridas ? “Se não atingir as metas, não vamos desistir. Temos uma rede de talento mobilizada para fazer este desafio se transformar em realidade”, comenta. Atualmente, as mulheres ocupam 52% dos cargos de liderança da empresa.

A Natura atua em 18 países, tem 907 lojas próprias e de franquias, cinco fábricas, 20 centros de distribuição, mais de 16 mil colaboradores e 4,1 milhões de consultoras e representantes. A Natura &Co é um grupo global que tem as marcas Avon, Natura e The Body Shop e registrou receita líquida de R$ 36,3 bilhões em 2022.

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